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Mato Grosso

Orlando Perri revela que mais 24h de investigação se chegaria à autoria dos grampos ilegais


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A noite de premiação do “Oscar de Mato Grosso”, o GW 100 Awards, nesta sexta (1º), mandou um forte recado do grupo de formadores de opinião composto por jornalistas, empresários e juristas, ao Palácio Paiaguás. “Somos fortes e não temos medo de ser oposição”, poderia ser a frase formada nas entrelinhas do evento promovido pela conhecida seleção de figurões destaques na sociedade mato-grossense.

P U B L I C I D A D E

Nos bastidores, o grupo dos 100 é composto de oposicionistas, mas também de aliados do governador Pedro Taques. No dia a dia, o debate permeia pelos cenários político e econômico, com opiniões diversas. Foi nessa mesma “dosagem” a escolha dos premiados.

O grande destaque da noite foi Orlando Perri, que recebeu o prêmio de Desembargador Destaque e também de Personalidade do Ano, levantando uma estatueta de 11 quilos. O desembargador do Tribunal de Justiça foi relator do caso conhecido por “Grampolândia Pantaneira”.

O caso veio à tona, em 14 de maio de 2017, quando o promotor de Justiça, Mauro Zaque, também homenageado pelo GW 100 como melhor Promotor de Justiça Destaque, denunciou à Procuradoria-Geral da República uma suposta existência de escutas ilegais promovidas por membros do alto escalão da segurança pública do Estado e que corresponderia a prática conhecida como “barriga de aluguel”.

As interceptações teriam sido praticadas mais de 70 mil vezes entre janeiro de 2014 e julho de 2017, com indícios de participação do governo do Estado, e teria espionado opositores políticos, jornalistas, juristas, empresários. O caso ainda está sob investigação no Superior Tribunal de Justiça e na 11ª Vara Criminal de Cuiabá. Nas fases postulatórias, as investigações sobre a “Grampolândia Pantaneira” estiveram sob a relatoria do desembargador Orlando Perri, que disse ter sofrido pressões políticas (leia-se ameaças), em razão das investigações que estava conduzindo.

Rodinei Crescêncio

orlando perri

Orlando Perri diz ter enfrentado pressões na investigação sobre grampos

Em entrevista ao nesta sexta, durante a solenidade que premiou empresas e personalidades, Perri comentou que o episódio dos grampos foi um dos mais emblemáticos e difíceis de conduzir nestes 34 anos de magistratura. “Todos sabem as dificuldades que tivemos em proceder as investigações. E digo de peito aberto, que se não fosse o destemor dos delegados que estiveram à frente destas investigações, nós não teríamos atingido o nível de informações que chegamos. As pressões foram muitas e de todos os lados. A verdade é que não havia interesse nenhum de se investigar a situação da Grampolândia Pantaneira. Lutamos contra muitas adversidades, entre as quais o fato de que muitos delegados de polícia não aceitaram participar das investigações”, relata Orlando Perri.

O desembargador disse que se os delegados de Polícia tivessem mais 24 horas para investigar a situação dos grampos, chegariam às respostas sobre a autoria e motivações que produziram as interceptações. O trabalho dos delegados em Mato Grosso foi suspenso, quando o ministro do STJ, Mauro Campbell Marques, determinou que os procedimentos investigatórios em curso no TJ/MT fossem remetidos ao Superior Tribunal de Justiça. A medida anunciada em outubro de 2017 atendeu pedido do governador Pedro Taques (PSDB), investigado no caso, e que possui foro por prerrogativa de função.

“Eu confio no trabalho conduzido pelo ministro Mauro Campbell, mas tenho convicção de que o real desejo da sociedade mato-grossense é obter respostas sobre todas as interceptações realizadas no Estado. Nós oficiamos as operadoras de telefonia e verificamos que nos últimos anos foram realizadas aproximadamente 70 mil interceptações telefônicas em Mato Grosso. Eu acredito que algumas dessas interceptações, temos evidências, que são ilegais”. Para o magistrado, “está muito claro que o fato do ministro Mauro Campbell ter avocado o caso para o STJ demonstra que existem indícios da participação do governador Taques”. “Não estou dizendo que houve, mas que esta possibilidade existe”, completa.

Rodinei Crescêncio

premiados gw100

No palco todos os premiados desta 2ª edição do GW100 Awards de 17 categorias, envolvendo quatro segmentos, nesta sexta, em solenidade em Cuiabá

Parlamentar Destaque

Rodinei Crescêncio

wellington fagundes 350

Senador Wellington Fagundes, pré-candidato a governador e “Parlamentar Federal Destaque, é cortejado durante premiação

Em que pese a gravidade dos fatos, ou das evidências que por ora são investigadas, o GW100 assinalou a mensagem dada na noite de premiação, com a concessão de um troféu, na categoria parlamentar federal destaque, ao pré-candidato ao governo, senador Wellington Fagundes (PR).

Quando chamado ao palco, Fagundes foi aplaudido com euforia por grande parte dos participantes do evento. Da boca de alguns era possível escutar a palavra “nosso governador”. No olhar de muitos a aprovação de um nome que não seja o de Taques, que comanda o Estado desde janeiro de 2015.

A mensagem semiótica construída ao estilo maquiavélico não parou por aí. Além de Mauro Zaque ter sido destaque como promotor de Justiça, o GW 100 também homenageou o procurador-geral de Justiça Mauro Curvo, que dentre outras coisas não tem se acovardado quando o assunto é cobrar repasses milionários de duodécimos atrasados ou quando o assunto é investigar fatos que envolvem corrupção em qualquer esfera dos Poderes.

Apesar da aparente vaidade que a premiação do GW100 representa, não restou dúvidas de que o grupo de formadores de opinião não perde tempo em dar mensagens claras ao que se opõem. Vale destacar que não há unicidade entre as vozes que compõem o grupo, da mesma forma, que algumas vozes são mantidas dentro de um decoro institucional, e dentre essas últimas, mesmo que roucas, quando emitidas o barulho é alto.

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