Quando o silêncio me abraça – Por Ricardo Oliveira

Quando o silêncio me abraça, vejo um sonho surgindo a minha frente, e este me leva a contemplar o horizonte como sendo a porta de entrada para as noites intermináveis, de quem apenas deseja viver um pouco de sua própria alma. A alma quando se silencia, é hora de resguardar. Ao se resguardar, tem a poesia desfilando diante do segredo.

E o segredo vem à tona, para noticiar que os versos são invioláveis. Penso em tantas coisas, que é até difícil conceber uma única palavra, mas sim, várias ideias e nelas, percebo surgir crônicas poéticas, dos quais eu nem havia imaginado antes. Sou não só abraçado, como também, beijado pela inspiração silenciosa. Busco qualquer pedaço de papel, na intenção de não perder nada.

O tempo é amigo, me ajudando a construir a beleza do mar e tudo o que ele contém. Um favo de mel aparece em minha memória, a fim de que eu possa adoçar pouco a pouco os traços musicais, composta pela personificação terna. Esta personificação, muitas vezes, rasga meu peito, e faz dele uma morada simples, porém, rica em melodia. Quem é esta forma? Este modelo? Esta literatura? Este texto? Estes lábios?

Nada mais do que a própria arte. Inundei-me pelas águas mansas, pelos quais me embriago de uma batida só: a do coração. Arte de escrever poesias e seus anseios! Não é necessário ter alguém para se sentir feliz. Somos felizes pelas coisas em que amamos praticar. Depois que conheci a poesia, nunca mais fui o mesmo.  Leitores/as, o deixar se tocar pela arte é uma dádiva incontestável e dada com muita benção.

Assim, o silêncio não é o estar sozinho, mas a presença de algo maior do que se pode explicar. A sensação invisível do transbordar de um sentimento a pureza de onde nos perdemos e nos encontramos nesta vida tão complexa. O caminho é tão longo, contudo, uma liberdade quando permitimos não sermos centrais, e sim, serviçais de um propósito harmônico. O que quero na escrita é de alguma forma ousar ser luz.