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MT: Com salários atrasados, médicos anunciam demissão em massa


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Um grupo de médicos que atua nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal São Benedito e do Hospital Municipal de Cuiabá publicou uma carta aberta anunciando um pedido de demissão em massa devido ao atraso dos salários.

P U B L I C I D A D E

No documento os profissionais afirmaram que estavam “indignados e revoltados” com o descaso das empresas que prestam serviços médicos na Capital. Entre as citadas está a Empresa Cuiabana de Saúde Pública e a terceirizada Hipermed. A carta foi divulgada na última quinta-feira (22).

A carta não tem assinatura de nenhum profissional, mas a reportagem apurou que o texto representa a vontade de cerca de 40 médicos.

Os médicos afirmam que estão desde agosto sem receber salário, apesar de atuarem na linha de frente no combate à pandemia, com turnos de plantão dobrados, jornadas exaustivas e, às vezes, sem o material adequado e medicamento necessário para o trabalho.

“Por isso externamos nesta carta, não apenas a nossa indignação, mas também nosso desligamento desses vínculos precários estabelecidos com o serviço público por meio de empresas terceirizadas, em especial a Hipermed”, consta no documento.

Para não causar mais prejuízo à população, os médicos disseram que cumprirão o prazo de aviso prévio conforme legislação do Código de Ética Médica antes de deixarem seus postos nas UTIs da Capital.

Por isso comunicamos que não mais desejamos prestar serviços a essas empresas que não demonstram o mesmo compromisso com que executamos nosso trabalho com zelo e dedicação

Em resposta às acusações dos profissionais, a Hipermed culpou a Empresa Cuiabana, ligada à Prefeitura de Cuiabá, pelos atrasos dos salários. Segundo a Hipermed, a empresa não está fazendo o repasse nas datas adequadas, gerando o prejuízo aos profissionais.

A Hipermed ainda esclareceu que já pagou cerca de 60% dos médicos que estavam com o salário de agosto atrasados. Os 40% restantes vão receber no decorrer desta semana.

Já sobre o pagamento de setembro, que tem vencimento previsto para 30 de outubro, a empresa afirma serão quitados assim que a Empresa Cuiabana fizer os repasses adequados.

Por fim, a empresa informou que antes da carta houve dispensa de profissionais do Hospital São Benedito, em razão de um ofício da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES/MT) que notifica sobre a baixa da pandemia no Estado, a partir do dia 10 de setembro de 2021.

Com isso, foram bloqueados 60 leitos no âmbito da regulação, bem como a suspensão do confinamento estadual.

Reclamação recorrentes

Está já é a segunda vez que a Hipermed e a Empresa Cuiabana são foco de reclamações sobre atrasos salariais dos profissionais da linha de frente.

Em setembro, o grupo de médicos também publicou um documento relatando o atraso de pagamentos dos meses de julho e agosto.

Além das reclamações dos profissionais, a Hipermed também foi alvo de investigações da Operação Curare, deflagrada pela Polícia Federal (PF) no dia 30 de julho.

À época a empresa foi acusada de participar de um esquema de fraude na Secretaria Municipal de Saúde, que consistia na contratação emergencial de prestadoras de serviço em desacordo com a Lei de Licitações.

Segundo a Polícia Federal, a empresa recebeu R$ 11 milhões da Prefeitura de Cuiabá.

Veja a carta na íntegra:

“Nós, médicos no município de Cuiabá, por meio deste documento, externamos profunda indignação e revolta com o descaso demonstrado pelas empresas que prestam serviços médicos nas unidades públicas de saúde da capital, administradas pelo Município e pela Empresa Cuiabana de Saúde Pública e terceirizadas à HIPERMED e empresas ligas a seu grupo.

Enfrentamos uma PANDEMIA sem precedentes que não faz distinção de classe social e atingiu a toda população de forma avassaladora. As consequências sociais desse período serão sentidas pelos brasileiros por vários anos. As sequelas deixadas pela Covid-19 colocam diante do SUS um grande desafio. Será necessária uma política de saúde séria e resolutiva para que os sobreviventes da pandemia possam retomar uma vida saudável e com dignidade.

Nós médicos estamos na linha de frente no combate à pandemia. Muitos com turnos dobrados em jornadas cansativas que também colocam em risco nossa própria saúde. Também por esse motivo, é preciso destacar o óbvio; ainda somos cidadãos e trabalhadores, temos direitos e deveres. Contudo, nossos direitos não têm sido respeitados.

Lamentavelmente, somos obrigados a trabalhar sem condições dignas de trabalho e muitas vezes sem os materiais e medicamentos necessários para prestar o melhor atendimento possível a população. Mas fazemos o melhor com que temos à disposição.

Por outro lado, o atraso nos pagamentos dos médicos é uma característica recorrente no serviço público. Como cumprir com os deveres e pagar as contas de energia, água, aluguel, alimentação com atrasos de três meses nos pagamentos?

Por isso externamos nesta carta, não apenas a nossa indignação, mas também nosso desligamento desses vínculos precários estabelecidos com o serviço público por meio de empresas terceirizadas, em especial HIPERMED e seu grupo empresarial, que não demonstram possuir compromisso com a qualidade dos serviços e com os direitos dos médicos. Não estão cumprindo com o básico que é manter os pagamentos dos médicos em dia que não falharam um dia sequer com seu compromisso de trabalhar na garantia do direito à saúde.

Por isso comunicamos que não mais desejamos prestar serviços a essas empresas que não demonstram o mesmo compromisso com que executamos nosso trabalho com zelo e dedicação.

Para que não haja prejuízo repentino à assistência médica à população cuiabana, cumpriremos o prazo de aviso prévio conforme legislação do Código de Ética Médica e outras legislações vigentes.

Médicos a serviços da HPERMED e grupo empresarial, contratadas pelo Município de Cuiabá e pela Empresa Cuiabana de Saúde Pública.”

Midianews.com.br

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