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Morte de casal de idosos revela paradeiro de quadro “Mulher-Ocre” que vale a cerca de R$ 593 milhões


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Em 29 de novembro de 1985, um guarda do Museu da Universidade do Arizona, em Tucson, abriu as portas da instituição poucos minutos antes das 9h, para deixar um funcionário entrar. Um casal entrou junto e começou a subir as escadas para o segundo andar.

P U B L I C I D A D E

A mulher parou e pediu informações para o guarda sobre um quadro que ficava na escada. O homem continuou sozinho. Alguns minutos depois, ele voltou e os dois saíram apressadamente, entraram em um carro vermelho e nunca mais foram vistos.

No segundo andar, a moldura onde ficava o quadro “Mulher-Ocre”, do artista norte-americano de origem holandesa Willem de Kooning, estava vazia. A obra, hoje avaliada em 160 milhões de dólares (cerca de R$ 593 milhões), foi encontrada somente no ano passado, após a morte de um casal que está sendo considerado suspeito do crime.

Quem eram Jerry e Rita?

Jerry e Rita Alter viviam em uma propriedade rural em Cliff, no estado do Novo México. A pequena cidade, de 293 habitantes, fica em uma área isolada, em uma meseta (região plana que fica sobre uma elevação, como um pequeno planalto).

Eles se mudaram para a região no início dos anos 1980, ambos já na meia-idade. Os vizinhos admitem à imprensa local que não sabem muitos detalhes sobre a vida do casal. Sabe-se que Jerry foi músico profissional e professor em Nova York antes de de aposentar.

Depois de se mudar para o Novo México, ele começou a escrever livros. Na contra-capa de um deles, dizia que tinha visitado mais de 140 países em todos os continentes, incluindo as duas regiões polares.

Rita trabalhou como fonoaudióloga em uma escola local de Cliff durante alguns anos, depois que os dois se mudaram para o Novo México. Antigos colegas de trabalho se lembravam dela como alguém “agradável, mas calada”, alguém que se dava bem com as crianças, mas nunca falava de sua vida.

Pistas do mistério

Jerry morreu em 2012, aos 81 anos. No ano anterior, ele havia publicado um livro de contos, que misturavam “ficção e histórias reais”, segundo o próprio prefácio. Um desses contos, “Os Olhos do Jaguar”, contam a história de um guarda segurança de um museu.

No conto, uma senhora de meia idade e sua neta vão a um museu e o guarda, Lou, conta a história de uma esmeralda que está em exposição. Meses depois, eles voltam ao lugar e saem rapidamente. Lou vê que a esmeralda desapareceu e só tem tempo de ver o carro das duas sumindo na distância, sem deixar pistas.

O conto termina com a esmeralda em uma sala, para “ser vista exclusivamente por dois pares de olhos”. O quadro de de Kooning ficava no quarto do casal Jerry e Rita, em uma posição em que só podia ser visto do lado de dentro e com a porta fechada.

Descoberta por acaso

Rita Alter morreu em julho de 2017, aos 81 anos, assim como o marido. Depois de sua morte, um dos sobrinhos ficou responsável pelo espólio, e colocou à venda todas as obras que estavam em casa.

David Van Auker, dono de um antiquário em Silver City, cidade vizinha a Cliff, se interessou pelo que descreveu como uma “linda tela expressionista” e comprou tudo que estava à venda por 2 mil dólares.

O quadro de de Kooning vale US$ 160 milhões

O quadro de de Kooning vale US$ 160 milhões
Divulgação

Silver City é um reduto de artistas no Novo México e não demorou nada para que alguém identificasse a obra comprada a preço de banana por Van Auker como algo muito mais valioso.

“Acho que não levou uma hora para a primeira pessoa entrar na loja, olhar e dizer ‘acho que é um de Kooning legítimo'”, disse Van Auker em entrevista a uma emissora local. Ele diz que não deu ouvidos de início, mas diversos clientes, um após o outro, disseram a mesma coisa.

Quando percebeu o que tinha nas mãos, Van Auker escondeu a tela no banheiro. Foi só então que fez uma busca na internet e descobriu a história do “Mulher – Ocre”. E ligou para o museu. No dia seguinte, uma comitiva foi à casa dele buscar a tela.

Fotos e vídeos

Desde então, o quadro de de Kooning, um dos principais representantes do expressionismo abstrato norte-americano, voltou ao seu lugar no museu. E algumas pistas descobertas sobre os Alters parecem comprovar a autoria do roubo.

Em algumas fotos e vídeos do casal, aparece um carro avermelhado semelhante ao que foi usado pelo casal que roubou a tela em 1985. Uma outra foto mostra Jerry e Rita jantando na véspera do crime, 28 de novembro de 1985, Dia de Ação de Graças, em um restaurante em Tulsa.

Um diário do casal, encontrado no espólio, mostra que durante todo o ano de 1985, eles anotaram diariamente tudo o que comeram, onde foram e os remédios que tomaram. O Dia de Ação de Graças era o único dia em branco.

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