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Convulsão: o que é, tipos, causas, risco de morte e tratamentos


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Presenciar uma crise convulsiva deixa muita gente confusa sobre como agir. Para quem tem as crises, o desafio é ainda maior. Crônica na maior parte dos casos, a doença exige dedicação e tratamento contínuo. A boa notícia é que, com o devido cuidado, ela é controlável para a maioria dos casos. Saiba tudo sobre convulsão a seguir.

O que é convulsão?

P U B L I C I D A D E

A neurologista Cristine Cukiert, da Associação Paulista de Neurologia (APAN), explica que convulsão é um tipo de crise epiléptica gerada por um estado de hiperexcitabilidade cerebral.

Convulsão e epilepsia: qual é a diferença?

Quase toda convulsão – ou crise convulsiva – é causada pela doença epilepsia. Todavia, existem outras causas, embora menos frequentes.

Para que a crise convulsiva seja considerada manifestação de epilepsia, é preciso que ocorram duas crises epilépticas convulsivas ou não com espaço de 24 horas entre elas.

Vale lembrar, ainda, que há outros tipos de crise epiléptica.

Tipos de convulsão

As convulsões são divididas em dois grandes grupos: as focais, que são restritas a uma área específica do cérebro, e as generalizadas, que acometem os dois hemisférios cerebrais.

Focal

As focais, também chamadas de parciais, não necessariamente incidem em perda de consciência e variam de acordo com o sistema atingido do cérebro.

Motor: espasmo e rigidez muscular.

Sensorial: alteração em um ou mais sentidos.

Autonômico: alteração de funções vitais do organismo que se manifestam, por exemplo, por incontinência fecal ou urinária, bem como mudança na frequência cardíaca.

Psicológico: sensação de déjà vu, ansiedade ou excitação exagerada.

Generalizada

É o que popularmente se conhece como convulsão.

Nesse tipo, a pessoa pode ter olhar vago e não responder por alguns segundos, assim como pode perder a consciência e endurecer ou tremer músculos.

Causas de convulsão

Além da epilepsia, a convulsão pode fruto de uma crise sintomática aguda que também desencadeia aumento da excitabilidade dos neurônios, como se o cérebro ficasse mais “sensível” e gerasse respostas exageradas. Entre os causadores estão:

  • Febre alta
  • Consumo de álcool
  • Hipoglicemia
  • AVC
  • Traumatismo craniano
  • Tumor
  • Infecções
  • Medicações (cloridrato de ciprofloxacino)

Uma convulsão febril pode evoluir para epilepsia crônica se for muito longa, pois gera dano no cérebro que dá margem para o aparecimento da doença. Nos casos de traumatismo craniano acontece algo parecido: a lesão por acidente de carro, por exemplo, deixa uma “cicatriz” no cérebro que se torna, em alguns casos, epilepsia.

Fatores de risco e desencadeadores de crise

As chances de ter uma crise convulsiva são maiores em pessoas previamente epilépticas, principalmente se expostas a algumas situações, como:

  • Privação de sono
  • Luz estroboscópica (pulsante)
  • Luz de videogame, televisão e celular
  • Estresse
  • Período menstrual
  • Alteração hormonal
  • Álcool

Como se manifesta?

Os sintomas de convulsão incluem queda e abalos musculares característicos. Pode haver ainda salivação e vômito, liberação esfincteriana e baixa oxigenação.

Após o fim da crise, a pessoa pode ficar confusa e demorar um pouco para entender o que houve.

O que fazer durante uma convulsão?

Os primeiros socorros para convulsão começam deitando a pessoa acometida em uma superfície plana e segurando sua cabeça para evitar que bata no chão. Não se deve segurar outras partes do corpo porque isso gerará mais dor no dia seguinte. Também não é recomendado abrir os dentes ou colocar qualquer coisa na boca.

O indicado é virar a cabeça do indivíduo para o lado para que a língua não caia para trás, o que é necessário para e evitar a obstrução da via respiratória. Além disso, deve-se afastar objetos que possam ferir o acometido.

Após a convulsão, é indicado conversar com a pessoa até que ela se recupere totalmente, oferecer atendimento médico ou chamar parentes e responsáveis, assim como impedi-la de operar máquinas ou veículos.

Duração da crise

As crises convulsivas, em geral, duram até dois minutos. Contudo, há o estado de mal epiléptico, uma crise prolongada de 5 a 10 minutos que pode gerar danos irreversíveis.

Se a convulsão durar mais de 5 minutos ou se houver uma crise atrás da outra, é preciso procurar atendimento médico imediatamente.

Diagnóstico

Se o paciente é sabidamente epiléptico e a convulsão tem curta duração, não é necessário buscar ajuda imediata, mas é importante avaliar junto ao médico responsável o que desencadeou a crise e tomar medidas para que ela não aconteça novamente.

Caso a pessoa não seja sabidamente epiléptica, é preciso encaminhá-la a um pronto-socorro para fazer os devidos exames. A investigação básica sempre inclui exames de imagem, como ressonância ou tomografia, para avaliar malformação ou tumor, e eletroencefalograma, que investiga a atividade elétrica cerebral.

Qual médico procurar?

Os especialistas que podem tratar convulsão são neurologista e clínicos geral.

Convulsão tem cura?

Não existe cura para a convulsão, mas evitar a crise não é tão difícil: 70% a 80% das epilepsias são de fácil controle e somente de 20% a 30% dos acometidos têm crises mesmo com medicação.

Tratamentos

Remédio para convulsão

Podem ser indicadas medicações antiepilépticas para evitar cada tipo de crise, tais como Carbital, Gardenal, Hidantal, Oxcarbrazepina e Rivotril.

Cirurgia

Nos pacientes em que a doença não responder a dois tratamentos com medicações bem indicadas para o quadro, pode ser indicada cirurgia.

Entre os procedimentos possíveis, estão a retirada de tumor – se for o caso – e reparo de malformações.

Há ainda operações em que é rompida a ponte entre os dois hemisférios (estrutura chamada corpo caloso), a hemisferectomia.

Essas cirurgias não causam danos cognitivos ou funcionais grandes, porque já existe um prejuízo prévio. Tudo é pensado para que não haja prejuízos maiores que benefícios.

Dieta cetogênica

A dieta cetogênica, que elimina carboidratos e exagera no consumo de proteínas e gorduras, gera um estado de cetose no corpo que pode estar relacionado a uma maior estabilidade dos neurônios.

O método tem que ser indicado pelo médico, avaliando quesitos como colesterol e estado do fígado – já que se trata de uma alimentação gordurosa –, além de gosto pessoal e tolerabilidade.

Prognóstico

A maior parte das pessoas com convulsão consegue controlar as crises com o tratamento adequado, levando uma vida normal.

Complicações

A principal complicação da convulsão é cair e bater a cabeça. Além dela, crises muito prolongadas podem gerar morte neuronal, que deixa sequelas cognitivas, como problemas de memória e atenção.

As medicações também podem gerar efeitos colaterais. O topiramato, por exemplo, pode causar alterações de memória, e crianças e adolescentes que tomam gardenal podem ter dificuldade escolar.

Em casos de epilepsia refratária (cujas crises persistem mesmo com tratamento), pode haver prejuízo emocional, social e insegurança, já que não é possível prever quando haverá uma crise. O desgaste psicológico pode ser grave e levar até à depressão.

Pode matar?

O termo em inglês “sudden unexpected death in epilepsy” ou “morte súbita inesperada na epilepsia” tornou-se conhecido pela sigla Sudep. A morte súbita acontece principalmente nas crises convulsivas durante o sono.

Ela é mais comum na epilepsia refratária e ainda é estudado seu mecanismo e a ligação com o funcionamento cardíaco.

Prevenção

Prevenir crises convulsivas é possível nos casos de pessoas já sabidamente com epilepsia. É necessário seguir o tratamento à risca e evitar fatores desencadeantes, como álcool, estresse e privação de sono.

Fontes

Neurologista Cristine Cukiert, da Associação Paulista de Neurologia (APAN), CRM 72.653.

Ministério da Saúde. Convulsão. Disponível em: /bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2050-convulsao

National Institute of Neurological Disorders and Stroke. The epilepsies and seizures: Hope through research. Disponível em: ninds.nih.gov/Disorders/Patient-Caregiver-Education/Hope-Through-Research/Epilepsies-and-Seizures-Hope-Through

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