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Botelho defende democracia e diz que combaterá discurso de ódio


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Presidente reeleito para mais um mandato diz que rechaça qualquer ato antidemocrático

O deputado estadual Eduardo Botelho (União) tomou posse como presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) nesta quarta-feira (1º) defendendo a democracia e repudiando atos de vandalismo, como o que aconteceu em Brasília em janeiro deste ano.

P U B L I C I D A D E

As invasões nos prédios do Congresso Nacional, no dia 8 de janeiro, uma semana após a posse do presidente eleito Lula (PT), resultaram em cenas de depredação e destruição do patrimônio público.

Durante seu discurso, o parlamentar afirmou que além das necessidades básicas da população mato-grossense, vai lutar para a reconstrução da democracia e optar pelo diálogo pacífico, respeitando as divergências de pensamento.

“Afirmo que sou contra e rechaço qualquer ato antidemocrático. Serei combatente fiel da nossa democracia e da Constituição Federal e que o diálogo pacífico seja nossa principal ferramenta para lutar por dias melhores”, disse o deputado, que momentos antes havia sido eleito com 23 dos 24 votos possíveis.

Botelho ainda defendeu a punição de discursos de ódio e propagação de fake news. Segundo o parlamentar, ele atuará para que temas como esses sejam tratados dentro da Lei.

“Menciono também que atuaremos para que discursos de ódio e, principalmente, propagação de fake news sejam atos punidos de acordo com a lei. Esta é a Casa do Povo, por isso o Parlamento tem por obrigação pacificar e unir nossa gente novamente. Que este Parlamento rejeite sempre a visão de que o oponente político de hoje é o inimigo a ser aniquilado”, asseverou.

Por fim, o deputado estadual reeleito garantiu que trabalhará para que a Casa de Leis seja um espaço democrático e que integre tanto os deputados quanto a população.

“Interiorizando, levando o Parlamento onde for preciso estar, da forma que for possível ser feito, mas sempre com o mesmo compromisso que é o de integrar ainda mais a Assembleia no cotidiano de todos os mato-grossenses. Vamos dialogar com a urgência da geração de inclusão de nossa gente no mundo da prosperidade”, concluiu.

Leia o discurso completo:
“Ao iniciar minhas palavras, dirijo-me a cada colega parlamentar com assento nesta Casa de Leis para agradecer a confiança que considero unanimidade depositada em mim. Sei da grande responsabilidade e sou grato de coração pela honrosa oportunidade de conduzir, ao lado dos demais integrantes da Mesa Diretora, o Legislativo Mato-grossense por mais um biênio. A minha saudação e o meu muito obrigado, portanto, a todos os pares NESTA QUE É A 20° LEGISLATURA.

Quero também manifestar o meu agradecimento aos nossos dedicados servidores, que não medem esforços para o bom funcionamento da Casa e que são os nossos grandes parceiros no trabalho de modernização e fortalecimento da Assembleia Legislativa.

Com muita humildade, assumo um novo mandato como Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso e o faço reafirmando a marca da nossa gestão: a independência deste Poder. Independência com responsabilidade e harmonia com os demais poderes. Independência para divergir, mas também para convergir em torno dos interesses maiores deste Estado.

Aqui temos histórias e construímos histórias, pois não faltamos ao nosso dever diante da mais terrível crise deste século, que foi a pandemia, além de diversos outros problemas. Cumprimos o nosso papel e demos a nossa contribuição. Modernizamos a casa, cortamos gastos, fizemos economia e votamos corajosamente medidas amargas, mas necessárias à superação de obstáculos, sobretudo do ponto de vista fiscal. E graças a este esforço podemos afirmar que Mato Grosso hoje se encontra mais próspero em meio a tantos problemas vividos por muitos estados coirmãos e até no mundo.

Posso afirmar que nesta estrada de aprendizados e ensinamentos, eu acumulo conhecimentos na vida enquanto roceiro, feirante, vendedor ambulante, estudante, professor, empregado de empresas privadas, funcionário público, patrão, empresário e agora político.

Senhora deputada, senhores deputados, convidados, parentes, amigos e público que estão aqui e os que nos assistem através dos veículos de imprensa ou das diversas mídias: TV Assembleia e Rádio Assembleia; se somos a soma de todas as nossas experiências, nessa matemática da vida tive muito mais adições que subtrações.  E é por isso que vou cumprir essa tarefa mais uma vez com muito orgulho e dedicação como fizeram os meus conterrâneos Papa Banana nascidos em Nossa Senhora do Livramento, que assim igual a mim, tiveram a oportunidade de estarem aqui ou mesmo de gerir esta Casa, a quem eu quero lembrar e homenagear.

Licínio Monteiro da Silva, o primeiro Papa Banana a presidir esta Casa de Leis. Foi Deputado Estadual por quatro legislaturas, sendo a 1°, 2°, 4° e 5°, e só não esteve na terceira porque foi, neste intervalo, Prefeito de Várzea Grande. Auxiliou na construção da primeira Constituição Estadual à época, ocupou os mais importantes cargos aqui no legislativo. Presidiu a Assembleia Legislativa de junho de 1962 a junho de 1963. Em um pronunciamento registrado em Ata, o Deputado Licínio Monteiro da Silva disse: “acima das injunções partidárias, zelarei pela dignidade do nosso Poder Legislativo mato-grossense e da Democracia Brasileira”.

Cito também os demais Papas Bananas, tais como: o médico José Monteiro de Figueiredo, mais conhecido como Dr. Zelito, que atuou em todas as áreas que existia em Mato Grosso. Trabalhando pelo bem de todos, foi da área médica, ao esporte, de vereador de Cuiabá a deputado na 2° legislatura (1951 a 1955), vice-governador do Estado (1971 a 1975) e por vezes governador substituto. Em uma de suas falas declarou: “Além dos compromissos familiares, duas foram minhas preocupações permanentes: o pleno exercício da profissão médica e o meu trabalho na Santa Casa de Cuiabá”.

Outro Livramentense, João Bosco da Silva, deputado nas legislaturas 9°, 10° e 11° (1979 a 1991) atuou pela redemocratização do país e pelos direitos das minorias neste Estado. Está registrado uma de suas falas nos anais desta Casa: “nós nos preocupamos com o meio ambiente, com o povo, com o trabalhador, aquele que planta, aquele que dá de comer ao povo, o Brasil. É essa a nossa preocupação”.

Neste mesmo período tivemos outro ilustre Papa Banana, Antônio Francisco Monteiro da Silva, um dos mais brilhantes nomes da história e da cultura mato-grossense, ocupou assento na 10° e 11° legislatura, de 1983 a 1991. Chico Monteiro, como é conhecido, temos o prazer de contar com ele nos auxiliando, aconselhando, pois é um grande e eterno professor e Advogado de alto conhecimento.  Em um de seus pronunciamentos, em 1983, Chico Monteiro falou: “como professor, nós que viemos para este parlamento saindo de uma simples sala de aula, estamos deveras preocupados com a situação em que se encontra a estrutura do ensino do estado de Mato Grosso”.

Na 12° legislatura, de 1991 a 1995, ainda tivemos outro grande Papa Banana, Nereu Botelho de Campos, que tanto honrou nossa gente.  Citando um poema de Manoel de Barros: “O pantaneiro é muito imaginoso, porque vive num lugar distante, sozinho, onde a ausência das coisas é muito maior do que a presença”. Quero reafirmar meu compromisso com as preocupações destes ilustres Cidadãos Livramentenses.

O zelo com esta Casa manifestado por Licínio Monteiro, a saúde de nossa gente, motivo de preocupação de Dr. Zelito, o meio ambiente, o trabalhador, a democracia, a agricultura familiar, tão defendida pelo Deputado João Bosco, a Educação defendida pelo Amigo Francisco Monteiro e a boa relação com todos, independente de cor partidária ou ideologia, praticado pelo querido Nereu Botelho, será bandeira e prática deste Papa Banana aqui. Serei incansável para honrá-los.

Partindo do princípio, como afirmou Aristóteles: “A democracia é uma constituição agradável, anárquica e variada, distribuidora de igualdade indiferentemente a iguais e a desiguais”.

Em um momento em que a presença da justiça social fará toda a diferença para a sobrevivência de nossos irmãos mato-grossenses e brasileiros, reafirmo meu compromisso de trabalhar em defesa da plena democracia. Como afirmou o Papa Francisco: “não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade”.

Esta gestão continuará a fazer deste Parlamento em que não há vencidos nem vencedores. Aqui há debates duros, defesa firme de posições, conversas, convencimento e necessidade de votos.

Vamos trabalhar para que este Legislativo nunca feche seus olhos aos direitos e ao respeito às mulheres, as populações quilombolas, aos negros, aos agricultores familiares, as populações indígenas e a todos aqueles que mais necessitam. Que neste parlamento nenhum debate seja interditado, nenhuma voz seja calada, mas sim respeitada. Que nossas diferentes matrizes produtivas encontrem espaço equânime na agenda política de Mato Grosso.

Além destas e outra necessidades básicas, temos que enfrentar esta divisão da nossa sociedade, divisão conflituosa e muitas vezes odiosa que cresceu nos últimos anos e piorou com o último pleito eleitoral, culminando com aquele horror em Brasília no dia 8 de janeiro.

Afirmo que sou contra e rechaço qualquer ato antidemocrático. Serei combatente fiel da nossa democracia e da Constituição Federal e que o diálogo pacífico seja nossa principal ferramenta para lutar por dias melhores, respeitando sempre as divergências de pensamento. Menciono também que atuaremos para que discursos de ódio e principalmente, propagação de Fake News sejam atos punidos de acordo com a lei. Esta é a Casa do Povo, por isso o parlamento tem por obrigação pacificar e unir nossa gente novamente. Que este parlamento rejeite sempre a visão de que o oponente político de hoje é o inimigo a ser aniquilado.

Concluo minha fala afirmando que: será com este mesmo princípio que iremos construir as condições necessárias para trabalharmos sem nos afastarmos das pessoas, interiorizando, levando o Parlamento onde for preciso estar, da forma que for possível ser feito, mas sempre com o mesmo compromisso que é o de integrar ainda mais a Assembleia no cotidiano de todos os mato-grossenses. Vamos dialogar com a urgência da geração de inclusão de nossa gente no mundo da prosperidade.

Para fechar, cito o poema de Cora Coralina:

Sou feito de retalhos.

Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma.

Nem sempre bonitos, nem sempre felizes, mas me acrescentam e me fazem ser quem eu sou.

Em cada encontro, em cada contato, vou ficando maior…

Em cada retalho, uma vida, uma lição, um carinho, uma saudade…

Que me tornam mais pessoa, mais humana, mais completa.

E penso que é assim mesmo que a vida se faz: de pedaços de outras gentes que vão se tornando parte da gente também.

E a melhor parte é que nunca estaremos prontos, finalizados…

Haverá sempre um retalho novo para adicionar a alma.

Portanto, obrigado a cada um de vocês, que fazem parte da minha vida e que me permitem engrandecer minha história com os retalhos deixados em mim. Que eu também possa deixar pedacinhos de mim pelos caminhos e que eles possam ser parte das suas histórias.

E que assim, de retalho em retalho, possamos nos tornar, um dia, um imenso bordado de “nós”.

Reafirmo que a Democracia é inegociável e pedindo proteção a Deus e ao Nosso Senhor Bom Jesus de Cuiabá para que nos dê discernimento, inteligência, capacidade e coragem para fazer o bem para nossa gente.

MUITO OBRIGADO!”

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