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Agro chega à “janela de ouro” do Brasil e terá transição pós-reformas mais rápida


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Em conversa com um empresário, Marcel Motta, diretor-geral da Euromonitor ouviu: “Concentrar 90% de um negócio no Brasil é uma irresponsabilidade”. Lida ao contrário, entende-se que as empresas com alto nível de internacionalização, ou até com participação menor mas significativa a ponto de ajudar a mitigar seu pé no mercado interno, têm  mais chances de irem melhor. Não é difícil colocar nesse bolo parte relevante do agronegócio tanto do setor primário quanto do terciário.

P U B L I C I D A D E

E não se fala apenas em “chances”, muitas vão melhor mesmo, e até por isso conseguem driblar o risco Brasil mais do que a maioria. Para ficarmos em alguns exemplos, tome-se os resultados dos frigoríficos Minerva, Marfrig, JBS e BRF no segundo trimestre, todos muito melhores. E são grupos onde o share do mercado interno, recessivo, é igualmente importante.

“O agronegócio em geral vai bem porque tem vantagens comparativas” (diversificação, volume, tecnologia, preço e qualidade) e inserido em um mundo demandante mesmo que o eixo esteja se deslocando e se concentrando na Ásia, “os horizontes vão se expandir”, analisa o economista da multinacional de análises e estudos de mercados.

Em linha com a visão de Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, expressada ao Money Times (12/8), Marcel Motta pensa que a “janela de ouro” que o Brasil atravessa vai impactar mais ainda os resultados das empresas que já contam com receita mais expressiva de economias melhores. Apesar de que no limite a dependência externa também implica entrar no jogo da guerra comercial Estados Unidos-China e outras crises que ameaçam a economia global, acentuando a volatilidade cambial, para se dizer o mínimo.

Regra é clara

O diretor-geral da Euromonitor Brasil logicamente se refere às reformas previdenciária e tributária – a primeira praticamente liquidada e a segunda na expectativa – na torcida para que avancem, sem que se dispensem outros ajustes em simultâneo.

A regra é clara, parafraseando o ex-juiz e comentarista Arnaldo Cezar Coelho: além de deixarem de exportar o desequilíbrio fiscal e a alta carga tributária, que somam custos nas suas operações, vão ganhar mais consumo interno passado o “período de transição até que as empresas se reorganizem” na medida em que o menor risco fiscal e tributário vão surtindo efeito.

Também não é difícil perceber que essa transição vai ser mais longa para parte significativa dos setores de serviços e indústrias mais deslocadas do agronegócio. Tamanho o desinvestimento pelo qual passaram nos últimos anos. Ou, melhor, a falta deles.

“Os investimentos atualmente estão na ordem de 15%, mas para economias com renda como a nossa precisariam ser no mínimo de 25%”, diz Motta.

Agenda econômica encaminhada, a tal “janela de ouro”, agora é aguardar. Mas como qualquer analista, o economista tem que traçar cenários. Questionado sobre qualquer risco político que possa advir da linha política do governo, afeito a criar confrontos desnecessários e “barulhos vindos de todas as direções”, o líder no Brasil da Euromonitor é bastante claro.

“O presidente Jair Bolsonaro tem que sinalizar alguma coisa para as bases que o elegeu (radicais de direita, bancadas evangélicas e da bala, além dos ruralistas etc), mas isso não tem tração diante dos problemas sérios brasileiros, onde a agenda econômica positiva domina o ambiente”, afirma, acentuando o papel do Ministério da Economia e a boa vontade de  Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados.

Por sinal, completa Marcel Motta: “O mérito do governo foi montar a equipe econômica”.

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