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Tudo o que você precisa saber sobre inseminação artificial


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Dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam mais de 36 mil nascimentos anuais por meio de tratamentos de fertilização. Somente no Brasil foram feitas cerca de 40 mil fertilizações in vitro em 2017. Segundo o IBGE, mais de 10 mil crianças são geradas por tratamento de reprodução assistida por ano, no país. Hoje, há cerca de 166 serviços de reprodução assistida cadastrados na Anvisa, que fazem o trabalho de coleta de óvulos, inseminação do espermatozoide no óvulo e transferência do embrião para o útero.
A inseminação artificial, ou inseminação intrauterina (IIU), teve seu primeiro ciclo descrito em meados de 1790 e, segundo relatos, esse procedimento era indicado para casais impossibilitados de realizar o coito, por disfunção masculina ou feminina. O método evoluiu e, atualmente, ele consiste na introdução de espermatozoides, processados e selecionados, diretamente na cavidade uterina da mulher, no momento da ovulação, que pode ocorrer após estímulo ovariano prévio ou em ciclo natural.
Segundo a Dra. Karina Tafner, ginecologista e obstetra; especialista em endocrinologia ginecológica e reprodução humana pela Santa Casa; e especialista em reprodução assistida pela FEBRASGO, a IIU faz parte do chamado tratamento de baixa complexidade, que engloba também o coito programado. “São assim denominados pois a fecundação (formação do embrião pelo encontro do óvulo e do espermatozoide) acontece dentro do organismo feminino. No tratamento de alta complexidade (fertilização in vitro), a fecundação ocorre no laboratório de reprodução assistida”, explica Karina.
Primeiro passo
O passo inicial no tratamento de IIU é o estímulo ovariano. O tratamento, como já citado, também pode ser realizado em ciclo não estimulado, ou seja, acompanhando o desenvolvimento folicular natural da mulher. “No entanto, os ciclos realizados com estimulação ovariana têm maior taxa de gestação, pois levam ao desenvolvimento de múltiplos óvulos nas pacientes com ovulação normal. Além disso, a estimulação ovariana promove a ovulação em pacientes com alterações da mesma e nos permite uma melhor adequação no momento da inseminação”, ressalta a ginecologista.
Medicação
As medicações podem ser administradas via oral ou subcutânea, e a escolha da mesma, pelo médico, varia de caso a caso. As medicações para o estímulo ovariano se iniciam no segundo ou terceiro dia da menstruação e o tempo de utilização varia, em média, de 8 a 12 dias. “Durante esse período, a paciente deve realizar ultrassons transvaginais seriados para acompanhar e avaliar o tamanho dos folículos em crescimento. Quando os folículos atingem o tamanho ideal, é administrada nova medicação que leva à ruptura folicular e consequente ovulação”, orienta a Dra. Karina Tafner.
Procedimento
Cerca de 36 a 40 horas após a administração da medicação para a ovulação, o sêmen (que é coletado e processado nesse mesmo dia) é depositado dentro do útero da mulher. Segundo Karina, a colocação do sêmen dentro do útero é um processo simples. A paciente é colocada em posição ginecológica, um espéculo vaginal é introduzido e o sêmen é depositado dentro do útero da paciente através de um catéter que é introduzido pelo colo uterino.
Indicações
As indicações mais frequentes para realização de IIU, em casais inférteis, são alterações menos severas de causas de infertilidade, que não necessitem de tratamento mais complexo, que é a fertilização in vitro (FIV):
– Anovulação (ausência de ovulação) e oligovulação (dificuldade de ovular)
– Infertilidade sem causa aparente
– Casais sorodiscordantes (quando somente um dos parceiros tem alguma doença infectocontagiosa que pode ser transmitida por via sexual, impedindo a reprodução por vias naturais, sem que haja risco de contaminação pelo parceiro não infectado. As doenças mais frequentes são hepatite B, hepatite C e HIV)
– Anormalidades ejaculatórias e de ereção
Contraindicações
Segundo a Dra. Karina Tafner, dentre as contraindicações da IIU temos:
– Alteração tubária grave (contribui para 25 a 35% dos casos de infertilidade feminina. A hidrossalpinge é a doença mais grave no que diz respeito à função das trompas de transportar o embrião até o útero. Ela se caracteriza pela dilatação da trompa, causada principalmente por algum processo infeccioso, geralmente devido a uma bactéria transmitida sexualmente, como a clamídia ou o gonococo)
– Fator masculino grave (sêmen com menos de 5 milhões de espermatozoides por ml. Neste caso, não ocorre a fecundação devido ao número muito reduzido de espermatozoides)
– Falha da IIU após 3 ou 4 tentativas (estudos mostraram que a taxa de gestação cai consideravelmente nas tentativas posteriores. Sendo assim, a indicação é a fertilização in vitro)
Taxas de sucesso
As taxas de sucesso variam, principalmente com a idade da mulher (quanto maior a idade, mais “velhos“ são seus óvulos e, por consequência, menores as taxas de gestação). De acordo com Karina, a variação das taxas de sucesso é a seguinte:
– 20% aos 20 anos
– 14% entre 26 e 30 anos
– 12% entre 31 e 35 anos
– 11% entre 36 e 39 anos
– Menor do que 4% após os 40 anos
“Essas taxas são as mesmas em todo o mundo, desde que a indicação do procedimento seja correta, o laboratório de processamento do sêmen tenha tecnologia adequada e seja realizada por um profissional experiente. Se algum desses fatores não estiverem corretos, as taxas diminuem. O tempo de infertilidade também influencia nas taxas de gravidez. Quanto maior o tempo de infertilidade, menor as taxas de gestação”, diz a ginecologista.
“Mesmo com menores taxas de gestação do que a FIV, a IIU tem seu lugar estabelecido dentro da reprodução assistida por ser um tratamento simples de ser realizado, não requer internação ou sedação, pode ser feito no consultório médico, praticamente ausente de riscos (os maiores seriam as gestações múltiplas) e seus custos são muito inferiores ao da FIV (em torno de 4 mil reais). Sendo assim, é uma escolha mais simples e acessível, desde que tenha indicação de ser realizado”, conclui a Dra. Karina Tafner.
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