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Medicina

Radioterapia pode propiciar mais de 90% de controle do câncer de pele não melanoma


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Para os tumores de pele do tipo não melanoma, a principal abordagem é a cirurgia, mas em casos selecionados, a radioterapia oferece resultados comparáveis, com mais de 90% de chance de cura. A radioterapia também pode ser indicada para pacientes com melanoma localizado ou metastático

P U B L I C I D A D E

A radioterapia tem sido uma ferramenta importante no tratamento de melanomas e de tumores cutâneos do tipo não melanoma. O melanoma é o tipo mais agressivo e letal de câncer de pele por conta de sua capacidade de disseminação para outros órgãos. Ele se origina nos melanócitos, as células produtoras do pigmento que dá cor à pele (melanina). Os tumores do tipo não melanoma – mais comumente o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular — tendem a crescer de forma mais localizada, raramente se espalhando para outras partes do corpo. “São pouco letais, mas sem tratamento adequado podem invadir e causar danos aos tecidos vizinhos”, afirma o médico radio-oncologista Eronides Batalha Filho, da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) e titular do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês na unidade Brasília.

A utilização da radioterapia como tratamento dos tumores de pele está se expandindo e configura um campo dinâmico de estudo e prática médica. “O conhecimento das diferentes abordagens terapêuticas disponíveis associado à identificação das características específicas de cada tipo de câncer de pele têm garantido tratamento eficaz e personalizado a um número crescente de pacientes que desenvolvem a doença”, afirma Eronides Batalha Filho.

Nos casos dos tumores de pele não melanoma, a principal abordagem é a cirurgia, mas em casos selecionados, a radioterapia oferece resultados comparáveis, com mais de 90% de controle da doença em cinco anos. “No entanto, preocupa o fato de que muitos casos de tumores de pele não melanoma ainda são removidos com outros recursos sem terem sido devidamente diagnosticados como câncer, elevando a chance de uma recidiva da doença”, alerta o médico.

Segundo o especialista, isso ocorre porque alguns profissionais da saúde podem tratar lesões de pele sem identificá-los corretamente e sem perceber que estão lidando com um câncer. “Acredita-se que a incidência da doença seja ainda maior devido a essa falta de diagnóstico”, afirma Batalha. Segundo o radio-oncologista, também é muito comum que os pacientes com melanoma sejam diagnosticados quando o tumor já se espalhou para outros órgãos, como fígado ou pulmão. “Nesses casos, não é prioridade somente operar a lesão na pele. É necessário um tratamento sistêmico, como quimioterapia, imunoterapia ou terapias alvo”, explica o especialista. Neste cenário, segundo o especialista, a radioterapia é uma importante abordagem para eliminar lesões metastáticas restantes após o uso desses medicamentos.

Como o tratamento pode ser feito por meio de diversas técnicas, a abordagem mais adequada deve ser discutida e decidida por uma equipe médica composta por cirurgiões oncológicos, dermatologistas, patologistas, oncologistas clínicos e radio-oncologistas, além de outras especialidades envolvidas no cuidado multidisciplinar ao paciente. “Chamamos isso de tumor board. Conjuntamente, os especialistas avaliarão as melhores opções para cada caso específico”, diz Eronides Batalha. A indicação do tratamento com radioterapia é feita pelo médico radio-oncologista. “É muito importante disseminar o conceito de que o tratamento do câncer deve ser estabelecido de forma conjunta por uma equipe, para que o paciente seja beneficiado pelos avanços mais recentes de cada área”.

“Sendo o primeiro a avaliar o paciente, o médico cirurgião ou dermatologista retira a lesão, que é analisada por um médico patologista. Com diagnóstico preciso em mãos, então caso é discutido com toda a equipe de oncologia para determinar o plano de ação”, descreve o médico.

As opções da radioterapia

Radioterapia com Modulação de Intensidade do Feixe (IMRT na sigla em inglês): permite a entrega precisa de radiação ao tumor, reduzindo a exposição dos tecidos saudáveis ao redor. Isso é especialmente benéfico em casos de lesões mais profundas em que é fundamental a preservação do tecido circundante.

Radioterapia Estereotáxica Corporal (SBRT na sigla em inglês): entrega doses muito altas de radiação em um número limitado de sessões. Permite que o tratamento das metástases do melanoma em diversos locais como cérebro, pulmão, fígado e ossos seja feito em menos tempo e de forma mais intensa.

Radioterapia Guiada por Imagem (IGRT na sigla em inglês): envolve o uso de imagens em tempo real durante as sessões de radioterapia para garantir que o feixe de radiação seja direcionado com precisão ao tumor, reduzindo a influência do movimento do paciente.

Radioterapia Adjuvante: pode ser usada em alguns casos após a cirurgia para melanomas ou tumores não melanomas em estágio avançado, visando prevenir recorrências locais.

Imunoradioterapia: A combinação dos recursos da radioterapia com os medicamentos imunoterápicos é uma área de pesquisa muito promissora. Os pesquisadores avaliam se os efeitos da radioterapia sobre as células cancerígenas podem melhorar os resultados do tratamento, aumentando o efeito das drogas imunoterápicas. “Estamos muito empolgados com os resultados da imunoterapia no tratamento do câncer de pele de todos os tipos”, diz o médico. O recurso vem sendo usado quando as lesões são localmente avançadas ou disseminadas.

Há ainda situações em que o uso combinado da radioterapia com uma cirurgia de menor porte é o caminho escolhido pelos profissionais para prevenir resultados estéticos ruins. “Isso ocorre quando as lesões estão localizadas em regiões muito próximas aos olhos ou ao nariz, por exemplo”, diz o médico Batalha.

Dificuldades culturais e de acesso 

Os bons resultados oferecidos pela radioterapia no controle dos tumores cutâneos do tipo não melanoma têm sido um recurso para diminuir a sobrecarga sobre o sistema de saúde e as equipes cirúrgicas da rede pública. No entanto, dificuldades de acesso impedem que o seu impacto seja mais significativo e alcance mais pacientes. “Há casos em que não há serviços de referência no estado em que o paciente vive, e ele precisa se descolocar para outras regiões para obter atendimento. Isso precisa ser revisto”, diz o médico.

O radio-oncologista critica também a demora na aprovação da incorporação de recursos como a radioterapia IMRT no SUS. “A IMRT, que é uma modalidade que existe há cerca de duas décadas, ainda não teve um parecer favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC)”, diz o médico. Ele destaca que a técnica é feita com o mesmo equipamento utilizado pelas demais técnicas de radioterapia, o acelerador linear. Porém, exige hardware e software específicos e treinamento das equipes nas fases de simulação e planejamento. “Sólidas evidências apontam que há uma significativa melhora no controle da doença em diversos tipos de tumores, com custo-efetividade favorável”, afirma o médico Batalha.

O acesso aos tratamentos baseados em imunoterapia permanece circunscrito à rede privada. “Os medicamentos imunoterápicos para tratamento do câncer de pele estão disponíveis apenas em alguns hospitais públicos brasileiros através da pesquisa clínica e é uma das principais razões da judicialização no país.

O profissional comenta que ainda existe alguma resistência da população em trocar a cirurgia pela radioterapia. “Parece ser uma questão cultural no país. O senso comum decidiu que se você tem câncer, precisa ser operado. Mas o avanço dos tratamentos e os estudos mostram que os resultados com a radioterapia não são inferiores. Precisamos explicar isso aos pacientes. Ainda segundo o especialista, um estudo com acompanhamento de uma série de mais de mil casos de câncer de pele tratados no hospital de Câncer de Barretos (SP) indicou algo em torno de 95% de controle da doença. Pouquíssimos estudos tiveram tamanho número de pacientes, indicando a grande qualidade e experiência do nosso país nesse tipo de tratamento”, diz o médico.

Sobre a Sociedade Brasileira de Radioterapia

A Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), fundada em 1998, é uma associação civil, brasileira, associativa e científica de direito privado, sem fins lucrativos, que reúne e representa os médicos radio-oncologistas, legalmente registrados no Brasil. Mais informações: https://sbradioterapia.com.br/

 

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FONTE: PRESS MANAGER

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