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Mato Grosso

Pesquisa sobre a presença do negro na produção literária de MT é lançada no Dia da Consciência Negra


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Nesta quinta-feira, 20 de novembro, em que se comemora o Dia da Consciência Negra, por ser o dia da morte do líder e símbolo da resistência negra, Zumbi dos Palmares, a Unemat traz os resultados da pesquisa intitulada Cartografia e imagem de Mato Grosso: A presença do negro na produção literária dos séculos XX e XXI.

P U B L I C I D A D E

De acordo com a pesquisa, na literatura mato-grossense o lugar ocupado pelo negro a partir do século XXI começa mudar o rumo a fim de ultrapassar o estereótipo marginal e a colocar-se como sujeito do seu discurso.

A pesquisa foi coordenada pela professora Marinei Almeida, que é doutora em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa e contou com financiamento da Fundação de Amparo a Pesquisa de Mato Grosso (Fapemat). A professora Marinei explica que se interessou em estudar esse tema depois de lecionar por alguns semestres a disciplina de Literatura Mato-grossense, no curso de Letras da Unemat em Pontes e Lacerda.

“Eu já estudava e pesquisava as literaturas dos países africanos de Língua Portuguesa, portanto o meu tema já englobava o negro. Percebi, tanto na historiografia quanto em alguns poucos livros de crítica sobre a literatura produzida em Mato Grosso que não havia praticamente nenhum estudo que se debruçasse sobre o negro nessa produção”, conta.

A partir desse interesse, a pesquisadora começou a levantar questionamentos.

A pesquisa confirmou que há sim a representação do negro nessas produções, mas se diferenciam em momentos distintos.

“Por exemplo, nos anos 30, 40, 50 do século passado, com exceção da produção poética do Lobivar Matos, onde temos a representação da opressão do negro em uma sociedade desigual, por meio de uma poesia ácida em que este poeta aponta para uma denúncia do racismo e desigualdade social do negro. Lobivar não dá palavra ao negro, no entanto pela voz poética aponta para a necessidade de uma consciência crítica sobre a situação do negro, suas tradições, alegrias e força, ao contrário de outras obras contemporâneas a dele, como já citamos o romance e alguns contos e até alguns poemas, nos quais apresentam a confirmação dos estereótipos e visão preconceituosa do negro em uma sociedade que demonstra claramente a separação da divisão social, com um racismo ora velado, ora camuflado”, explica.

No século XXI, a pesquisa mostra que a representação do negro já muda o rumo à uma ultrapassagem do estereótipo e a ascenção do negro como sujeito do seu discurso.

“Há também obras que apontam para a aceitação da identidade do negro em meio a uma sociedade ainda repleta de preconceitos, a que se acostumou relegar o negro à marginalidade”, resume.

A coordenadora da pesquisa lembra, no entanto, que os pesquisadores ainda darão continuidade aos trabalhos, uma vez que foram coletados muitos materiais que ainda serão analisados.

A pesquisadora lembra que em Mato Grosso, como em todo o Brasil, a partir da lei que incluiu obrigatoriamente na rede de ensino disciplinas que tratam da História e Cultura da África e Afro-Brasileira e Indígena, houve um considerável avanço no que diz respeito ao tratamento do negro, não somente na produção de livros literários e disciplinas que tratam dessa temática.

Segundo Marinei, a partir dessa legislação também aumentaram as ações que preconizam o respeito à diferença de uma sociedade multicultural e pluriétnica.

“Acredito que essas ações precisam se intensificar não somente em Mato Grosso e no Brasil, como no mundo inteiro, sobretudo neste momento em que forças contrárias tentam ofuscar todo esse esforço e luta contra desigualdade social, o racismo, a segregação, na grande maioria por “um defeito de cor”, que há séculos vem sendo engendrados”, afirma.

Sobre os resultados dos estudos e levantamentos sobre o papel que o negro ocupa na literatura de Mato Grosso está sendo organizada, por Marinei Almeida e pelo professor Epaminondas a publicação de um livro, que a princípio deve ter o mesmo nome do projeto de pesquisa.

O livro terá entre três e quatro capítulos, sendo um deles uma espécie de Dossiê sobre o poeta Lobivar Matos e outro abordando sobre a cultura afrodescendente em Vila Bela da Santíssima Trindade.

G1

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