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Laqueadura: Quando a reversão é possível


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Segundo o Ministério da Saúde, em 2017, foram realizadas 67.525 laqueaduras, e, em 2018, 67.056 procedimentos. Pelas regras do Ministério da Saúde, a cirurgia pode ser feita de graça em qualquer hospital público que tenha serviço de obstetrícia e ginecologia. Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foram feitas mais de 67 mil laqueaduras em 2018.
Segundo a Dra. Karina Tafner, ginecologista e obstetra, especialista em Endocrinologia Ginecológica e Reprodução Humana pela Santa Casa, e especialista em Reprodução Assistida pela FEBRASGO, a laqueadura tubária, ou de ligadura de trompas, é a cirurgia para a esterilização definitiva da mulher, em que as trompas são obstruídas ou cortadas, interrompendo o trajeto de ambas e impedindo a gestação.
De acordo com a especialista, as tubas uterinas recebem os óvulos e os espermatozoides para formar o embrião. Com a laqueadura, esse encontro é impedido, não havendo fecundação. “A técnica é considerada um método contraceptivo permanente e sua taxa de sucesso está ao redor de 98%”, confirma Karina.
A ginecologista afirma ainda que o procedimento é seguro. “Todas as técnicas necessitam de internação e anestesia geral ou local. Podem variar desde a colocação de grampos e anéis elásticos, até a remoção de parte ou de toda a trompa. A via de acesso pode ser laparoscópica, laparotômica ou histeroscópia”.
E se eu me arrepender?
No Brasil, a esterilização cirúrgica está regulamentada por meio da Lei nº 9.263/96, que trata do planejamento familiar e estabelece, no seu artigo 10, os critérios e as condições obrigatórias para a sua execução. De acordo com a lei, a esterilização voluntária é permitida somente nas seguintes situações:
I – Em homens ou mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce;
II – Risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório e assinado por dois médicos.
A legislação impõe que a paciente expresse sua vontade em documento escrito e firmado, após receber informações a respeito de riscos da cirurgia, efeitos colaterais, dificuldades de reversão, índice de falha e opções de contracepção reversíveis existentes.
“As exigências expressas pela lei existem porque a taxa de arrependimento pós-cirúrgico está ao redor de 10% e a reversão da laqueadura é muito difícil.
Dentre as mulheres que se arrependem da realização da mesma, 60% desejam a reversão, pois mudaram de parceiro e, dentre outros motivos, estão a perda de filhos ou mudança nas condições financeiras”, explica Karina Tafner.
Reversão e taxas de sucesso
A laqueadura é reversível em aproximadamente 70% dos casos, atingindo quase 100% quando feita por anéis. “A chance de sucesso varia de acordo com a técnica utilizada na laqueadura e a habilidade do cirurgião responsável pela reversão, estando ao redor de 70-80% de chance de conseguir alcançar a permeabilidade tubária e de 60% de taxa de gravidez cumulativa”, pontua a ginecologista. Segundo ela, os resultados não diferem entre as diversas técnicas cirúrgicas existentes de reversão, geralmente realizada por via laparoscópica.
Os principais fatores que influenciam o sucesso da reversão da laqueadura são: a porção da tuba restante (é importante que a fímbria – a porção da tuba que capta o óvulo – esteja presente e em bom estado) e a técnica utilizada na laqueadura (se a trompa foi removida, a reversão é impossível). Karina ressalta que o sucesso da laqueadura pode ser observado seis meses a um ano após o procedimento. “Após esse período, quando não há gestação, o especialista deve ser procurado para avaliar se há chance ainda de gestação natural”.
Fertilização in Vitro: alternativa mais adequada
Além da remoção da trompa, a reversão da laqueadura não deve ser tentada caso a mulher tenha mais de 36 anos, possua baixa reserva ovariana ou se o parceiro tiver alguma alteração seminal. “Nestes casos, a melhor opção é a Fertilização in Vitro (FIV), pois gera melhores resultados. Por meio da FIV, a trompa não é necessária para a fecundação, pois a formação do embrião ocorre no laboratório de reprodução assistida, fora do organismo feminino”, justifica Karina.

De acordo com a especialista, as taxas de gestação da FIV variam principalmente com a idade da mulher e podem chegar a quase 60%, caindo com o avançar da idade materna. Na gestação natural, as taxas estão ao redor de 20% ao mês e também diminuem com a idade da mulher. “A escolha do melhor método para alcançar a gestação após a laqueadura tubária deve ser avaliada individualmente, considerando-se todos os prós e contras de cada tratamento”, finaliza Karina Tafner.

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