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Agronegócios

Indonésia abre suas portas a mais 11 frigoríficos do Brasil


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A Indonésia autorizou as importações de carne bovina de 11 novas plantas frigoríficas do Brasil, disseram duas fontes ao Valor. Com as liberações, chegará a dez o número de empresas brasileiras – algumas delas têm mais de uma unidade autorizada – com acesso a um mercado que, mesmo ainda sendo coadjuvante no comércio internacional do produto, já importa cerca de US$ 1 bilhão por ano. O montante é superior às compras anuais de carne do Brasil feitas pelos Estados Unidos – os EUA são o segundo maior importador da proteína brasileira.

P U B L I C I D A D E

A Indonésia é também um dos mercados de maior potencial de crescimento no mundo, avaliam integrantes da indústria. No ano passado, em seu relatório mais recente sobre as perspectivas para o mercado global de alimentos, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) disseram que, até 2031, o consumo per capita de carne bovina deverá cair em quase todas as regiões do mundo. A exceção será o Sudeste Asiático, segundo o relatório – e a Indonésia, ao lado de Coreia do Sul e Filipinas, puxará esse avanço.

O consumo no país ainda é baixo: segundo FAO e OCDE, cada indonésio ingere, em média, 2,4 quilos de carne por ano. O consumo per capita anual é de 6 quilos no mundo e de 25 no Brasil, onde há grande oferta. Por outro lado, com 290 milhões de habitantes, a Indonésia é um dos países mais populosos do planeta, tem uma classe média em expansão e é, além disso, a maior nação islâmica do planeta, o que oferece oportunidades para o mercado de produtos halal, feitos de acordo com os preceitos da religião muçulmana.

Procurado pelo Valor, o Ministério da Agricultura não confirmou a informação sobre o aval indonésio a frigoríficos do Brasil. A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), por sua vez, informou não ter recebido comunicado oficial da Pasta.

Entraram na lista de habilitações as unidades da Marfrig em Promissão (SP), Chupinguaia (RO) e Tangará da Serra (MT) e a da Minerva em Janaúba (MG). A Indonésia também liberou as importações de carne bovina das plantas do Barra Mansa, de Sertãozinho (SP), da Vale Grande, de Matupá (MT), da Frigol, de Água Azul do Norte (PA), da Mercúrio Alimentos, em Xinguara (PA), da Frigon, de Jaru (RO), da Maxi Beef, em Carlos Chagas (MG), e do Frigorífico Astra, de Cruzeiro do Oeste (PR).

Em 2019, o país do sudeste asiático já havia habilitado dez plantas frigoríficas brasileiras, pertencentes a JBS, Marfrig e Minerva, as três maiores companhias de carne bovina do país. Com as novas liberações, o número de empresas chegou a dez.

As importações de carne bovina começaram a ganhar tração na Indonésia em 2017, segundo um estudo do Ministério da Agricultura. Naquele ano, as compras do país cresceram quase 10% em relação a 2016 e alcançaram 160,2 mil toneladas. Os embarques dobraram nos três anos seguintes, chegando a 324 mil toneladas em 2020.

Para Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, o fato de o Brasil já ser o maior exportador de frango halal do mundo dá credibilidade à indústria. Ele acredita que a Indonésia deve continuar importando de 250 mil a 300 mil toneladas de carne bovina neste ano. “Não é suficiente para mudar os rumos da bovinocultura brasileira, mas também não é um volume desprezível”, avalia.

Historicamente, o maior fornecedor de carne bovina ao mercado indonésio é a Austrália, mas a contração do rebanho diminuiu a oferta australiana nos últimos anos. No ano passado, a Indonésia enfrentou um surto de febre aftosa, o que pode ter afetado a produção local – e, com isso, ampliado as importações. Antes do problema sanitário, o gado em pé dominava as importações indonésias.

No ano passado, o Brasil exportou 20,5 mil toneladas de carne bovina para a Indonésia, o que representou um aumento de 23,5% em relação a 2021. Entre os 20 países que mais importam carne do Brasil, seis têm população majoritariamente islâmica: Egito, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Indonésia, Jordânia e Malásia.

Fonte: Valor Econômico.

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