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Em nota, Cruzeiro cita abandono de Vitor Roque em ida ao Athletico-PR e faz críticas a André Cury e Alexandre Mattos


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Após a ida de Vitor Roque ao Athletico-PR, o Cruzeiro publicou nota oficial criticando a forma como a negociação foi conduzida pelo agende do jogador, André Cury, e Alexandre Mattos, CEO de Negócios de Futebol e Áreas Nacional e Internacional do Furacão. No comunicado, o clube celeste cita “atitude repugnantes” das partes e suposta violação de contrato por Vitor Roque. André Cury respondeu com declarações fortes, e Mattos diz que o jogador foi oferecido por Ronaldo, pedindo R$ 40 milhões.

P U B L I C I D A D E

O garoto de 17 anos estreou no profissional no ano passado, com Vanderlei Luxemburgo. Este ano, com Paulo Pezzolano, ganhou ainda mais espaço, tornando-se titular da equipe. Em meio ao crescimento, o Cruzeiro buscou renovar o contrato de Roque, visando aumentar o salário e também a multa rescisória.

Na nota divulgada, o Cruzeiro alega que mantinha conversas com o staff de Vitor Roque desde o início do mês de março para que os moldes contratuais fossem alterados. De acordo com o clube, com a negociação próxima de ser finalizada, a postura por parte dos agentes do atleta mudou. As conversas estavam sendo feitas com André Cury e Francisco Rocha.

– Ao longo de todo o mês de março, a diretoria de futebol estabeleceu diversas conversas e negociações com os agentes André Cury e Francisco Rocha, caminhando para a formalização do novo vínculo com o ajuste salarial pretendido por eles para a renovação do Contrato de Trabalho do atacante. Entretanto, em vias de finalizar o negócio, as respostas obtidas começaram a se tornar esparsas e evasivas.

Diante dessa situação de ausência de respostas definitivas, o Cruzeiro alegou que Vitor Roque, no domingo, disse que não aceitaria a renovação e que deixaria o clube por meio do pagamento da multa rescisória. Nesta terça-feira, a rescisão foi publicada no BID da CBF por meio de liminar judicial. A ação movida em nome do atleta está correndo em segredo de justiça, na 14ª Vara do Trabalho em Belo Horizonte.

– Porém, na noite de domingo (10/4), o atleta se negou a renovar o Contrato Especial de Trabalho Desportivo com o clube, informando expressamente sua intenção de rescindir unilateralmente, supostamente por meio da realização do pagamento da cláusula indenizatória contratual prevista no art. 28, § 1º, I da Lei Pelé. Nesta terça-feira (12/4), através de liminar na Justiça do Trabalho foi registrada a rescisão no sistema da CBF.

“(…) Lamentamos que o atleta, extremamente mal assessorado, tenha embarcado para o Paraná optando por violar seu contrato de trabalho ainda vigente e abandonado sem autorização seu ofício. Aproveitamos para tornar público o nosso repúdio pelas práticas amadoras adotadas por André Cury.”

O Cruzeiro também fez críticas a André Cury, um dos agentes mais influentes no futebol brasileiro, e disse que formalizou a proposta de renovação do contrato na Federação Mineira de Futebol, fazendo jus ao direito de prioridade na renovação do primeiro contrato profissional.

– O Cruzeiro, verificando a obscena e já conhecida falta de ética de André Cury, mas determinado em contar com o atleta, e no exercício do seu direito de renovação do primeiro contrato de trabalho previsto pela Lei Pelé, foi diligente e formalizou sua proposta com protocolo do documento na Federação Mineira de Futebol.

No Athletico-PR, a negociação foi conduzida por Alexandre Mattos. O dirigente estava como diretor de futebol do Cruzeiro até meados de dezembro do ano passado. Uma passagem relâmpago, inferior a um mês, que foi interrompida em função da chegada da equipe de Ronaldo. Na nota, o clube alega que Mattos conhecia as condições do contrato com Roque, aproveitando-se da situação em favor do Athletico-PR.

– Não nos assusta o fato de tal processo ter sido articulado por André Cury e Alexandre Mattos, ex-diretor de futebol do Cruzeiro – que hoje exerce cargo similar no Athletico Paranaense. É notório que ele faz uso das informações contratuais que carregou do Cruzeiro em benefício de seu novo empregador.

Na nota, o Cruzeiro alega que ainda não recebeu o pagamento da multa rescisória. O clube afirma que a quantia divulgada da multa, que seria de R$ 24 milhões, se for depositado, estará abaixo do preço correto previsto em Lei.

– Em se confirmando tal pagamento – ainda não disponibilizado ao clube – tratará de um equívoco técnico do atleta, de seu staff e do clube por trás da contratação. O Club Athletico Paranaense terá depositado em juízo quantia menor do que o previsto no § 11 do Art. 29 da Lei Pelé, que toma por base os salários ofertados pelo Cruzeiro Esporte Clube ao atleta.

Alexandre Mattos e Mario Celso Petraglia em coletiva de imprensa do Athletico — Foto: Raphaela Potter/ge

Alexandre Mattos e Mario Celso Petraglia em coletiva de imprensa do Athletico — Foto: Raphaela Potter/ge

Por fim, o Cruzeiro promete tomar judiciais para ter garantido os seus direitos.

“De qualquer forma, o Cruzeiro Esporte Clube, com tranquilidade e conhecedor de seus direitos, não hesitará em adotar todas as medidas necessárias para preservá-los.”

 

Posicionamento de Mattos

 

Em entrevista à Rádio 98FM, Alexandre Mattos disse que a nota do Cruzeiro não é verdadeira em relação ao que diz sobre ele. Segundo o dirigente, ele chegou a falar com Ronaldo sobre Vitor Roque, no fim de março, em um café com o ex-atacante e Paulo André, em Madrid. Posteriormente, só falaram novamente sobre o assunto no último domingo, quando Fenômeno teria oferecido o garoto por R$ 40 milhões mais o empréstimo do atacante Jajá.

– Falamos sobre o Cruzeiro, a votação (da SAF) e, em algum momento, falamos sobre o Vitor Roque, a semelhança com o Ronaldo, e eu disse: ‘Esse menino vale ouro’. Perguntei se vendia o jogador. Ele disse: ‘Vendo por tantos milhões, mas não agora’. Tudo bem, passou, não nos falamos mais. Foi uma conversa informal, assim como me pediram jogadores. No domingo, dia 10, foi a única vez que falei com Ronaldo e Paulo André. Recebi uma ligação, eles estavam tentando fazer uma contratação de um jogador nosso, que é o Jajá. (…) Neste momento, o Ronaldo e o Paulo André, no dia 10, por volta das 10 e meia da manhã, perguntaram: ‘Alexandre, você quer o Vitor Roque? Disse que gosta muito dele’. Eu disse que queria, mas que não tinha condições, porque ele queria milhões de euros.

Segundo Mattos, naquele momento Ronaldo fez a proposta de receber R$ 40 milhões mais os empréstimos de Jajá e Zé Ivaldo em troca de Vitor Roque.

“Ele disse: ‘Vamos fazer o seguinte: me paga 40 milhões de reais e me empresta o Jajá e o Zé Ivaldo.” Ronaldo me falou isso no domingo, dia 10, às 10 e meia da manhã. Eu disse que achava acima do meu orçamento, achava um valor até acessível a outros clubes, mas disse que conversaria com o Petraglia. ‘Quem sabe eu te faço uma contraproposta, e a gente faz o negócio’’. Ele disse: ‘Parcelo esses R$ 40 milhões, alguma coisa assim'”

 

Após conversar com Petraglia e ouvir do mandatário do Athletico que o valor era inacessível ao clube, ele ligou para André Cury, agente do jogador. O empresário, então, teria dito a Mattos sobre a multa de R$ 24 milhões e o interesse de outros clubes. Segundo apurou o ge, Bragantino e Internacional, de fato, estavam dispostos a pagar a multa para contar com o atleta.

– A resposta do André Cury: ‘Alexandre, o menino vai sair amanhã’. Ele me falou dois clubes, um de São Paulo e um do Rio Grande do Sul, que iriam pagar a multa. Perguntei: ‘Como vão pagar a multa?’ A multa é R$ 24 milhões. Eu disse: ‘Então, eu quero.’ Eu fui no Petraglia e falei, ele falou na mesma hora que era para ligar para o Ronaldo e dizer que não poderia pagar mais do que a multa.

A partir dessa informação, Alexandre diz que entrou em contato com Paulo André. Posteriormente, Ronaldo teria oferecido formas de acordo, como uma fatia maior da multa nas mãos do Cruzeiro, o pagamentos dos salários de Zé Ivaldo e Jajá por parte do Athletico, entre outras situações.

“Liguei para o Paulo André e falei: ‘A multa é R$ 24 milhões’. Se é ou não é, não sei, mas o empresário me disse. Ali o Ronaldo disse que pensaria alguma coisa, depois me ligaram para fazer um acordo de deixar R$ 16 milhões com o Cruzeiro, fazer um acordo com América, pagar salário do Zé Ivaldo, do Jajá, deixar 10% de vitrine…”

 

– O Ronaldo ligou para o Petraglia, estávamos Paulo André e eu na mesma ligação. O Petraglia disse: ‘Não posso pagar mais do que os 24 milhões, porque está a multa, como vou justificar internamente?’ Ficou um silêncio, não nos falamos mais.

No domingo, segundo Mattos, André Cury comunicou que havia informado ao Cruzeiro, por meio de e-mail, que procuraria a rescisão unilateral do contrato de trabalho. Assim, o Athletico-PR teria condições de contar com o jogador. Mattos garante que ainda conversou com Ronaldo nessa segunda-feira, na tentativa de pagar o valor da multa

– Por volta de nove, dez horas da noite, veio a informação do empresário do jogador que comunicou ao Cruzeiro por e-mail que faria a rescisão unilateral. Ali eu disse: ‘Então, eu quero’. Tive que conversar o André, o Ehler e o Sandro, empresários dele, de que o melhor caminho era o Athletico Paranaense. Ali fizemos o acordo. Na segunda de manhã, tentamos fazer acordo com o Ronaldo: ‘Vamos pagar a multa que está no contrato, não tem nada ilegal nisso’. Ele disse: ‘A gente acha que não é 24’.

Segundo o dirigente do Furacão, o Cruzeiro entrou com o documento da renovação com Roque somente depois da rescisão. Segundo apurou o ge, o clube fez esse trâmite no domingo.

– Posteriormente, eles entraram com um direito de preferência. Via me desculpar… dei horários, nomes, telefonemas. Quando se fala na nota que usei de saber do contrato do jogador, é uma falta de verdade.

Ge.globo.com

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