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Delegado passa em concurso após os 50 anos e trava batalha judicial para continuar no cargo no AC


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Começar uma faculdade aos 45 anos e decidir aos 50 correr atrás de um sonho, mudando de carreira e mergulhando no universo de concurso, apostando alto em se tornar delegado de Polícia Civil. Esse é um resumo da vida do delegado Judson Barros, atualmente, com 56 anos e empossado na Polícia Civil do Acre há um ano.

P U B L I C I D A D E

Atualmente, mesmo empossado, Barros trava uma batalha judicial contra o governo do Acre. Isso porque o Estado alega que ele é velho demais para o cargo. É que no Acre, a idade máxima para assumir qualquer cargo na Polícia Civil é de até 50 anos até a data da inscrição e Judson passou no concurso com 51.

O delegado tomou posse no ano passado, quando houve o chamamento dos aprovados no concurso. Segundo ele, ainda na academia – uma das últimas fases do concurso – precisou recorrer à Justiça para se manter no cargo.

“Entrei na Justiça para terminar o concurso e tomar posse, porque na época da posse, me ligaram um dia antes e avisaram que eu não seria empossado. Sem documento, nem nada, só me ligaram. A advogada entrou com ação e o juiz decidiu que eu tinha que tomar posse”, conta.

O processo ainda segue na Justiça sem uma decisão definitiva. O G1 pediu um posicionamento do governo através da porta-voz, Mirla Miranda, e aguarda resposta.

Barros conta ainda que mandou cartas tanto ao governador Gladson Cameli como ao presidente Jair Bolsonaro explicando a situação em que se encontra e pedindo que o processo fosse extinto.

“Na lei do Acre tem um limite de 50 anos para exercício dentro da Polícia Civil, independente do cargo. Mas, a situação é que há uma jurisprudência já consolidada no sentido de que o cargo do delegado de polícia é um cargo de natureza jurídica e não tem por que limitar a idade. O Acre e o Piauí são os únicos que ainda mantêm essa determinação de idade”, destaca.

Processo corre na Justiça do Acre para que delegado não perca o cargo  — Foto: Arquivo pessoal

Processo corre na Justiça do Acre para que delegado não perca o cargo — Foto: Arquivo pessoal

Faculdade aos 45

Nascido em Carolina (MA), o delegado morou em Uruçuí (PI) e depois em Teresina (PI). Além de direito, ele também é formado em educação física. No campo jurídico ainda é mestre em direito ambiental e políticas públicas. Antes de ser delegado, ele exerceu cargos de bancário, analista do Ministério Público do Amapá, onde foi também professor de direito ambiental da universidade do estado e analista também da Defensoria Pública da União.

‘Na prorrogação’

No último dia 19, o delegado lançou o livro “Depois dos 45, na prorrogação”, onde conta toda sua trajetória. Filho de pais humildes do Nordeste do Brasil, Barros conta que sempre viu nos estudos a saída para mudar de vida.

A narrativa do livro segue como se fosse um jogo da vida real e o título faz referência à idade em que decidiu fazer direito e mudar de ramo.

Em um trecho do livro ele destaca: “Resolvi o jogo depois dos 45, na prorrogação. Me formei em direito e entrei no campo do concurso, altamente competitivo. Aos 55 anos, estava aprovado em dois concursos para delegado de Polícia Civil do Piauí e do Acre, onde atualmente exerço o cargo. Os dois estados tentaram de todas as formas me eliminar do concurso alegando que eu já era velho, mas o Judiciário decidiu favorável ao meu direito,” lembra.

O delegado destaca que o livro não traz fórmula mágica de como passar no concurso, mas conta a história dele, filho de lavrador, que viu na Educação uma forma de mudar o rumo da vida mesmo aos 45 anos, quando enfrentou uma faculdade.

“O livro é uma narrativa de alguém que disse aos 52 anos que ia correr atrás do sonho, porque eu acho que é possível e porque eu sou capaz. O livro é isso, não é um auto-ajuda, não tem dizendo nada de como faz. No meu livro eu conto uma história de alguém que teve que mudar de comportamento para mudar de vida, entrar numa faculdade aos 45 anos no momento em que acreditam que você não é mais capaz de fazer muita coisa”, destaca.

Casado e pai de três filhos, ele esmiúça como foi sua trajetória e como tem sido a batalha judicial para se manter no cargo que é seu por direito.

G1.globo.com
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