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Direto de Brasília

CPI da Covid: as omissões e irregularidades do governo Bolsonaro investigadas e o que já veio à tona


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A CPI da Covid do Senado busca apurar ações e omissões do governo federal e eventuais desvios de verbas federais enviadas aos estados para o enfrentamento da pandemia.

VACINAS

P U B L I C I D A D E

O governo Bolsonaro não respondeu a uma oferta de vacinas da Pfizer, que teve início em agosto e garantiria ao país 1,5 milhão de doses já em 2020 (e mais 18,5 milhões até março de 2021). Em um mês, a farmacêutica chegou a enviar 10 e-mails com tentativas de acordo, mas nenhum teve resposta.

A negociação com o Butantan, que produz a CoronaVac, também levou seis meses para ser acordada (até maio, quase 80% das doses aplicadas no país eram deste imunizante). De acordo com o relator da CPI, senador Renan Calheiros, o presidente do Butantan, Dimas Covas, enviou ofício ao Senado afirmando que após “contraordem” de Bolsonaro, em outubro, “houve uma completa paralisação do processo de negociação”. Em depoimento, Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, disse que Bolsonaro nunca impediu que o contrato com Butantan fosse fechado.

Além disso, o governo optou por uma cota de 10% – e não de 50% – num consórcio internacional para compra de vacinas, o Covax Facility, mas sem apresentar “fundamentos técnicos” para essa decisão, segundo Calheiros.

A vacinação no Brasil só começou em 17 de janeiro, com os imunizantes do Instituto Butantan e do laboratório AstraZeneca. A vacinação com o produto da Pfizer só começou em maio deste ano.

O ritmo da vacinação no Brasil é considerado lento por especialistas, o que prolonga os efeitos da pandemia e ainda gera risco de o país continuar sendo assolado por novos picos na curva de infecções. Além disso, o Brasil já registrou interrupção da vacinação em diversas capitais por falta de doses.

Fora a demora em iniciar a vacinação, atritos com a China podem ter contribuído para o atraso de envio de insumos ao Brasil. Em seu depoimento, Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, disse que nunca teve atrito com a China, ao responder se a postura do governo brasileiro tem prejudicado a obtenção de vacinas e insumos. A negativa de Araújo foi contestada pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz, que acusou o ex-ministro de mentir em depoimento. Ele lembrou um artigo em que o ex-ministro chamou o coronavírus de “comunavírus”.

TRATAMENTO INEFICAZ

Uma minuta de decreto para incluir a Covid na bula da cloroquina chegou a ser discutida no Palácio do Planalto numa reunião com médicos. Estudos comprovaram que o remédio não tem nenhuma eficácia contra a Covid — e seu uso indiscriminado pode colocar o paciente em risco.

E o Ministério da Saúde disponibilizou um aplicativo, chamado TrateCov, para promover o uso do medicamento. A plataforma entrou em operação em 20 de janeiro e saiu do ar no no dia seguinte. Pazuello afirmou à CPI que um hacker roubou o aplicativo do governo e jogou uma versão incompleta na rede. Aziz ironizou a versão do ex-ministro. Ele disse que o hacker deveria ser muito bom, já que o aplicativo foi noticiado pela TV Brasil, que pertence ao governo .

O governo insistiu na cloroquina, mesmo com recomendações contrárias da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em depoimento, Pazuello disse: “eu não fomentei o uso da hidroxicloroquina”. Em maio de 2020, quando estava como interino na pasta, o Ministério da Saúde divulgou um protocolo que liberava no SUS o uso do medicamento até para casos leves de Covid.

Segundo Calheiros, Pazuello quis convencer a CPI com declaração “absolutamente inverossímil” de que ele não sofreu qualquer pressão, orientação ou determinações de Bolsonaro para fomentar a cloroquina.

CRISE NO AMAZONAS

O governo foi informado com antecedência do risco de desabastecimento de oxigênio no Amazonas. E, numa reunião de ministros da qual Bolsonaro participou, a decisão foi de não intervir no sistema de saúde do estado.

Pazuello disse que foi alertado da iminente falta de oxigênio em Manaus na noite de 10 de janeiro. Aziz apresentou um dado diferente: o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo, disse em depoimento à Polícia Federal que avisou Pazuello sobre a falta de oxigênio três dias antes do que afirmou o ex-ministro, em 7 de janeiro.

Em janeiro, por falta de oxigênio hospitalar, dezenas de pessoas foram enviadas para outros estados. Naquele, mês, 3.556 pessoas morreram no estado.

Pazuello também afirmou que o governo chegou a discutir uma intervenção no Amazonas, mas desistiu após ouvir o governador Wilson Miranda Lima. A declaração foi negada pelo governo do estado, que afirmou em nota que o estado nunca recusou qualquer tipo de ajuda relacionada ao enfrentamento à Covid-19.

G1.globo.com

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