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Agronegócios

Como aumentar a produtividade com práticas que melhorem a saúde de vaca


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Por Evandro Paulo Schonell, Consultor Técnico Regional de Bovinos de Leite da Cargill

P U B L I C I D A D E

 

Você pode estar se perguntando qual a relação de saúde e produtividade ou se é mesmo importante melhorar a saúde de nossas vacas? a resposta é clara, não existe alta produtividade/rentabilidade sem vacas saudáveis. A presença de qualquer fator agressor impede a máxima produção, aumenta a exigência de manutenção e compromete o bem-estar dos animais.

Tais afirmações podem ser compreendidas pelos diversos estudos que tem sido publicado, principalmente envolvendo nutrição, fisiologia e saúde e como elas podem se correlacionar. Já é conhecido que a vaca através do leite, nos mostra muitos sinais acerca de seu status sanitário, tais como a contagem de células somáticas, sinalizando uma possível infecção por exemplo.

Além da composição do leite, que é fundamental ser avaliada, alguns trabalhos têm focado em entender como comporta-se um agente agressor no organismo do animal e buscar soluções para resolver o problema. Para isso um termo antigo, mas muito discutido atualmente tem sido amplamente utilizado, trata-se do LPS (Lipopolissacarídeos), uma endotoxina bacteriana da parede celular de bactérias gram-negativas, presentes no rúmen do animal, que é liberada em maior taxa no trato digestivo após um fator estressante, tal como acidose e estresse por calor por exemplo (Figura 1). A presença dessa endotoxina em níveis acima dos normais é capaz de desencadear no organismo do animal processos de defesa imunológica, onde a glicose é amplamente utilizada.

Figura 1. Aumento de LPS ruminal em vacas com acidose ruminal (Adaptado de Stefanska et al., 2017. JDS)

Recentemente Stoakes et al. (2015) realizaram um desafio de LPS, onde o objetivo era mensurar a quantidade de glicose utilizada para ativação do sistema imune. Os resultados foram impactantes, a necessidade de glicose durante este desafio com endotoxina é muito alta, aproximadamente 2,14 kg de glicose/dia. A título de comparação, caso essa glicose fosse utilizada para produção de leite, teríamos energia suficiente para produzir aproximadamente 57 litros/dia.

É claro que em uma situação de acidose ou estresse por calor por exemplo, a produção não é zerada, o que acontece é que o organismo da vaca particiona menos energia para suas funções, tais como produção, reprodução, gestação e crescimento, desta forma comprometendo o seu desempenho e o resultado da fazenda.

Construir um programa de alimentação focado em saúde de vaca é algo extremamente complexo, afinal são várias variáveis que estão em jogo. De maneira geral temos trabalhado primeiramente em identificar quais os gargalos da fazenda, pontos que merecem atenção e que podem estar influenciando negativamente no resultado produtivo e financeiro. Por exemplo, ao longo de todos esses anos tenho visto produtores com anseio em aumentar média de produção diária, muitas vezes a um custo alto, agindo somente nas vacas em lactação, deixando de lado por exemplo a prática de uma boa criação de bezerras, recria, período seco e pré-parto. Estudos tem mostrado que o simples fato de resfriar as vacas no período seco/pré-parto e com isso favorecer consumo de matéria é responsável por aumentar de 3-5 litros de leite/dia comparados a vacas não resfriadas, isso sem contar no impacto futuro de produção da bezerra que está nascendo (Tao et al., 2011; Tao and Dahl, 2013; Monteiro et al., 2016).

Tendo em vista a importância deste tema e sabendo uma das formas como o organismo reage frente à um agente agressor e o impacto disso em leite, fica claro que precisamos de alternativas para ajudar a reduzir o custo da resposta imunológica. Buscar alternativas a prevenção de desordens, tais como acidose ruminal, estresse por calor, cetose por exemplo, ainda é uma das melhores soluções. Dessa forma a energia (glicose) poderá ser liberada para outros propósitos, tal como a produção de leite.

Importante ressaltar que toda a forma de prevenção passa primeiramente pelo básico bem-feito. Dispor um ambiente confortável, espaçoso e fresco para os animais, água à vontade e uma dieta equilibrada em termos de energia, proteína, minerais, vitaminas e fibra é fundamental para buscarmos saúde e produtividade.

Entendemos anteriormente sobre o papel do LPS como um dos principais agentes pro-inflamatórios do organismo, o qual tem grande relação com nutrição e manejo, utilizar aditivos como forma de prevenção e que tenham capacidade de evitar aumentos em sua concentração no trato digestivo, pode ser uma excelente estratégia na construção de um plano de saúde do rebanho e no melhor uso da energia disponível para o animal.

Dentre os aditivos disponíveis no mercado, um dos que mais se tem estudos neste sentido, são os produtos da fermentação de leveduras, também chamados de metabólitos bioativos, encontrados no Nutritek® produzido pela Diamond V, amplamente utilizados em rebanhos da América do Norte e nos últimos anos aqui no Brasil, trago pela Cargill Nutrição Animal.

Este produto atua diretamente na saúde do animal, dentre os inúmeros benefícios, temos diminuição da incidência de acidose ruminal, através do aumento da população de bactérias que consomem ácido lático, principal ácido presente no rúmen responsável pela acidose ruminal, com isso temos diminuição na concentração de LPS frente à quadros de acidose na ordem de 38% (figura 2). Com um ambiente ruminal estável temos melhora significativa na digestão de fibra, contribuindo positivamente para a saúde ruminal, sólidos no leite e produção. Outros benefícios voltados a saúde por exemplo é o aumento na resistência e diminuição da permeabilidade intestinal, evitando a absorção de patógenos para o organismo.

Reflexo disso é menos exposição do organismo do animal a agentes inflamatórios e menor gasto de energia para ativação do sistema imune. Temos tido excelentes resultados de desempenho e saúde acerca do uso deste aditivo em rebanhos tratados aqui no Brasil. Na prática, vacas com dietas ajustadas para exigência do lote tem apresentado consumo de matéria seca estável (mesmo em estresse calórico), manutenção de médias de produções altas (comparando verão com inverno) e sólidos no leite dentro dos padrões estabelecidos, o que mostra ser um excelente aditivo para fazer parte de um programa de saúde e nutrição do rebanho. Dados de meta análise, publicação que reúne diversos estudos, mostram aumento de produção de leite na faixa de 1,4 kg/dia e comportamentos esperados conforme já mostrado acima (Poppy et al. 2012).

Figura 2. Efeito de Produtos de fermentação de leveduras (Tecnologia Diamond V) na diminuição da concentração de LPS Ruminal frente a uma acidose subaguda ruminal (SARA). Adaptado de Li et al. (2016)

Existem muitos fatores, produtos e soluções que podem ser empregados em planos de Nutrição com foco em saúde de rebanho. A Cargill Nutrição Animal tem trabalhado fortemente para levar tudo isso para os produtores do mundo inteiro, pois acredita que não há alta produtividade/rentabilidade sem rebanho saudável e bem cuidado. Conte com nosso corpo técnico para construir este programa de Nutrição, adaptado aos seus objetivos e a realidade de sua fazenda.

Referências

Stoakes, S.K; Nolan, E.A; Abuajamieh, M; Sanz Fernandez, M.V and L.H. Baumgard. 2015. Estimating glucose requirements of an activated immune system in growing pigs. J. Anim. Sci. 93(E-Suppl. S3):634. (Abstr.)

Stefanska, B; Cz?apa, E; Pruszynska-Oszma?ek, D; Szczepankiewicz, V; Fievez, J; Komisarekand and others. Subacute ruminal acidosis affects fermentation and endotoxin concentration in the rumen and relative expression of the CD14/TLR4/MD2 genes involved in lipopolysaccharide systemic immune response in dairy cows. Journal of Dairy ScienceVol. 101Issue 2p1297–1310 Published online: November 15, 2017

Tao, S., J. W. Bubolz, B. C. do Amaral, I. M. Thompson, M. J. Hayen, S. E. Johnson, and G. E. Dahl. 2011. Effect of heat stress during the dry period on mammary gland development. J. Dairy Sci. 94:5976–5986. https://doi.org/10.3168/jds.2011-4329.

Tao, S., and G. E. Dahl. 2013. Invited review: Heat stress effects during late gestation on dry cows and their calves. J. Dairy Sci. 96:4079–4093. https://doi.org/10.3168/jds.2012-6278.

Monteiro, A; Guo, A; Weng, X; Ahmed, B; Hayen, M; Dahl, G; Bernard, J and S. Tao. Effect of maternal heat stress during the dry period on growth and metabolism of calves. Journal of Dairy Science Vol. 99 No. 5, 2016.

Poppy, G. D., A. R. Rabiee, I. J. Lean, W. K. Sanchez, K. L. Dorton, and P. S. Morley. 2012. A meta-analysis of the effects of feeding yeast culture produced by anaerobic fermentation of Saccharomyces cerevisiae on milk production of lactating dairy cows. J. Dairy Sci. 95:6027–6041.

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