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Casal brasileiro sequestrado por policiais no Paraguai relata negociação: ‘Maior medo era ficar mais um dia com eles’, diz jovem


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Desespero e medo foram os sentimentos descritos por Matheus Mangiocca, de 22 anos, sobre ter sido sequestrado, junto com a namorada Júlia Venancio, de 21 anos, por policias paraguaios na colônia Torín, no Paraguai.

P U B L I C I D A D E

O casal foi resgatado pelo Comando Tripartite após a jovem tentar sacar o dinheiro exigido pelos suspeitos, R$ 25 mil, em um banco de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, cidade que faz fronteira com o país.

De acordo com o governo do Paraguai, o caso está sendo investigado pela Polícia Nacional e pelo Ministério Público do país. Quatro policiais suspeitos por sequestro e extorsão foram identificados pelas vítimas. Eles e o chefe do destacamento foram afastados dos cargos e presos nesta terça-feira (19).

“Eu estava com medo da gente fazer o pagamento pra eles e, mesmo assim, eles darem um jeito de indiciar a gente e de prender a gente. A gente estava desesperado porque sabíamos que a Júlia não ia conseguir sacar os R$ 25 mil. O meu maior medo era a gente ter que ficar mais um dia com eles para ir de novo, no dia seguinte, para Foz do Iguaçu, sacar mais dinheiro e continuar aquele terror”, contou Matheus.

Conforme o jovem, eles não foram agredidos fisicamente pelos suspeitos, mas sofreram violência psicológica. O casal agora passa bem e informou que chegou em casa, em São Paulo e Mogi das Cruzes (SP), na noite de quarta-feira (20).

O Ministério do Interior do Paraguai informou ao G1 que os envolvidos serão penalizados pela Justiça. Segundo o ministro, Euclides Acevedo Candia, o caso é “vergonhoso”.

Casal viajava de carro pelo Paraguai desde o dia 6 de janeiro e diz ter sido sequestrado na terça-feira (18), em Torín — Foto: Arquivo pessoal

Casal viajava de carro pelo Paraguai desde o dia 6 de janeiro e diz ter sido sequestrado na terça-feira (18), em Torín — Foto: Arquivo pessoal

Férias no Paraguai

 

Os jovens viajavam de férias pelo Paraguai desde o dia 6 de janeiro.

Conforme o rapaz, de Cidade do Leste eles foram até Assunção, capital do país, e retornavam para Foz do Iguaçu com toda documentação necessária. Na colônia de Torín, foram abordados pelos agentes.

De acordo com Matheus, a princípio, o caso se tratava de uma extorsão, pois os policiais suspeitos exigiram R$ 50 mil para liberar o casal.

Os agentes alegaram que o documento apresentado pela vítima para viajar de carro não podia ser aceito pois estava no formato digital.

“Primeiro eles tentaram extorquir a gente. Quando a gente disse que não tinha dinheiro para pagar no momento, para a gente conseguir sair de lá, eles disseram que a gente ia ficar com eles, sobre a guarda deles, pois para gente conseguir sair, só mediante o pagamento. Então eles sequestraram a gente.”

 

Sem o dinheiro disponível no momento, o casal relatou ter pedido a quantia para os familiares por WhatsApp.

Em seguida, conforme os jovens, os celulares deles e o carro foram tomados, e eles tiveram que dormir em uma casa no Paraguai sob a guarda dos policiais.

“Eles estavam exigindo R$ 50 mil para liberar a gente e nós dissemos que não tínhamos esse dinheiro, que a gente não ia conseguir esse dinheiro. Eles continuaram com a aquela tortura psicológica de que a gente ia ser preso, que eu ia ser indiciado como tráfico, pois eles implantaram e fizeram a gente tirar foto segurando maconha que eles tinham lá. Aí a gente fechou em R$ 20 mil para conseguir sair. Começamos a ligar para os parentes para conseguir esse dinheiro. Eles pediram mais R$ 5 mil, no total, a gente fechou em R$ 25 mil para conseguir sair de toda essa situação.”

 

Polícia Nacional do Paraguai investiga caso suspeito de sequestro e extorsão com brasileiros — Foto: RPC/Reprodução

Polícia Nacional do Paraguai investiga caso suspeito de sequestro e extorsão com brasileiros — Foto: RPC/Reprodução

O resgate

 

Na terça-feira (19), o casal foi resgatado pela polícia após a jovem ser levada até o banco, em Foz do Iguaçu, em um táxi. Enquanto isso, o rapaz era mantido refém em um carro com os policiais, do outro lado da Ponte Internacional da Amizade, em Cidade do Leste, no Paraguai.

Depois da ligação do banco para o investigador Wanderson Petrini, da Polícia Civil de Foz do Iguaçu, o Comando Tripartite entrou no caso e realizou o resgate.

“No momento que o banco estava fechado, porque eu precisava de dinheiro, ele que me deu o primeiro apoio. Ele que tentou me ajudar. Então eu sou muito grata a ele”, contou Júlia.

A Polícia Civil de Foz do Iguaçu acompanhou os jovens durante os procedimentos cabíveis na delegacia paraguaia.

“O pessoal de segurança do banco acabou percebendo o desespero dessa vítima e fez contato conosco. A partir da atitude e boa percepção do pessoal de segurança, do banco Santander de Foz do Iguaçu, foi possível dar esse desfecho também”, disse o investigador.

 

Casal registrou boletim de ocorrência sobre o caso no Paraguai — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Casal registrou boletim de ocorrência sobre o caso no Paraguai — Foto: Polícia Civil/Divulgação

Conforme a vítima, ao saber do ocorrido pelo Comando Tripartite, as autoridades paraguaias começaram a investigar o caso e ouvir o casal.

“O que eles fizeram por nós é que tentaram tranquilizar a gente. Explicaram que não é toda polícia de lá que é corrupta e que faz o que aconteceu com a gente”, contou Matheus.

Entre as lembranças, o jovem disse ainda que ficou preocupado com as famílias deles, que estavam sem receber notícias dos dois.

“Eu estava aflito pela nossa família, porque as notícias que eles tinham nossas eram terríveis. Os policiais estavam com o nosso celular, eles ficaram com o nosso celular o momento todo, desde o momento que a gente foi abordado, às 16h de terça-feira, até o momento que que a gente foi resgatado, que eles me deixaram no carro, eles estavam com o nosso celular. Eles tinham o controle do que a gente falava, eles mandavam a gente dizer o que eles queriam e me fizeram dizer que eu estava com que eu estava com droga para minha mãe, que eu tinha sido parado pela polícia.”

G1

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