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Após contaminação de açaí no AC, produtores alegam queda nas vendas e exigem criação de selo


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Após a Secretaria de Saúde de Rio Branco convocar a população que comprou e tomou açaí dos fornecedores do Mercado Elias Mansour , para que façam o exame de diagnóstico para doença de chagas, produtores e vendedores lamentam queda na venda do produto na capital.

P U B L I C I D A D E

Com o temor de ver o negócio parado, um grupo se reuniu, na manhã desta quarta-feira (6), com os vereadores de Rio Branco para pedir que haja uma legislação municipal que garanta segurança à população e então voltem a comercializar o produto.

Outra reclamação dos vendedores é o preço que têm que desembolsar para fazer as análises necessárias para comprovar que o açaí está livre da presença da doença.

Comerciante há pelo menos 35 anos, Genivaldo Rebouças, de 58 anos, chora ao relatar que desde o dia 1º, quando foi feito o chamado pela secretaria de saúde do município, passa o dia sentado sem vender nada.

“Paguei em 1 quilo, R$ 232 para fazer a análise e não fiz todas. Ainda tem que mandar para Brasília para fazer outra parte e vai custar entre R$ 2 mil a R$ 3 mil para fazer. Mandei os colonos pararem com a produção. Não adianta comprar se não estou vendendo”, lamenta.

São cerca de 40 produtores que fornecem o açaí para Rebouças. Ele diz que e as vendas caíram em torno de 90%. Antes,como relata, era difícil dar conta da demanda.

“Não posso discutir com ninguém até provar para as pessoas que estou certo. Vou tentar provar isso e se não der certo vou ter que ir embora”, conta.

Marcos Alves é produtor e diz que a distribuição do produto parou. E a preocupação, além das vendas paradas, é em conseguir se adequar as normas para continuar trabalhando.

“A gente quer uma facilidade para comercializar na legalidade. Nós podemos fornecer com qualidade, só é necessário garantir às pessoas que elas vão ter um produto de qualidade”, disse.

Selo de qualidade

O vereador Artêmio Costa pediu uma audiência pública para a próxima semana, quando vai ser discutida a proposta de criação de um selo de qualidade com uma legislação municipal que trate sobre o assunto.

O selo seria uma espécie de pacto, no qual, desde o preparo do alimento até sua venda ter a certificação de qualidade nessa cadeia produtiva, porque vai respeitar as normas técnicas com cuidado em seu preparo.

Esse processo envolve desde o branqueamento, ao choque térmico, para que o possível protozoário presente no produto morra. Assim como no processo de conservação, para garantir ao consumidor que o produto passou por um processo de minucioso e não trará riscos à saúde.

“Não podemos deixar de tomar açaí, mas também não podemos ser contaminados pela doença de chagas. Então, a gente quer chegar a um denominador comum e talvez propor, nesse audiência, uma lei municipal para que haja uma cadeia de produção e ter um selo de qualidade para que o consumidor, quando for naquele local, saber que é de uma procedência boa”, diz Artêmio Costa.

A preocupação, segundo o vereador, é garantir a segurança quanto a saúde da população e também o funcionamento do comércio que garante o sustento de várias famílias.

Para o vereador que também é médico, Eduardo Farias, há dois aspectos importantes quanto a criação do selo de qualidade de origem: a econômica e da saúde.

“Do ponto de vista econômico, é preciso compreender que uma queda na venda do açaí, você quebra toda uma cadeia produtiva que vai desde o extrativista que está lá dentro da floresta, ao pequeno produtor que tem um plantio que para porque não tem para quem vender”, diz.

Já do ponto de vista da saúde, Farias diz que não é possível expor a população a qualquer risco de tomar uma bebida, comum e cultural no estado, e estar correndo o risco de contrair uma doença que pode levá-lo à morte ou ter uma complicação de saúde para o resto da vida.

“Às vezes a pessoa pode passar de 10 a 20 anos sem ter sintoma nenhum. Daí o sintoma aparece. Há caso em que existe complicação no esôfago, no intestino ou o próprio coração levando a insuficiência cardíaca. Essas são algumas das complicações, mas nesse caso só 30% chegam a fase crônica”, explica.

Entenda o caso

Na última sexta-feira (1), a Secretaria Municipal de Saúde divulgou uma análise apontando a contaminação do açaí vendido no Mercado Elias Mansour, em Rio Branco, pelo protozoário que causa a doença de chagas.

A prefeitura de Rio Branco, através Vigilância Sanitária, fez inspeção, no final do ano passado nos mercados Elias Mansour, do Quinze, Ceasa e pontos de comércio popular do Manoel Julião. Nestes pontos foram levantadas as amostras do açaí e foi identificado qual a procedência do processamento.

As amostras foram satisfatórias na maioria dos estabelecimento, com exceção dos pontos de vendas do mercado Elias Mansour, que fica na área central da cidade. Então, quem tomou açaí desse local entre novembro do ano passado a janeiro desse ano, deve fazer os exames.

A diretora de Departamento de Assistência, Jesuíta Arruda, diz que os exames devem ser feitos apenas nas pessoas que consumiram açaí vendido no Mercado Elias Mansour. Segundo ela, nenhum caso da doença de chagas foi confirmado até esta segunda-feira (4).

“Quando a pessoa for a um comércio comprar algum alimento, verifique se tem o alvará sanitário, tendo esse alvará, está liberado. A Vigilância Sanitária faz um monitoramento permanente dos serviços. Queremos frisar que não foi identificado a doença de chagas em ninguém. Esse é um trabalho preventivo”, afirmou a diretora.

Quem for fazer o exame no Lacen deve levar o cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) e um documento de identidade com foto.

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