Especialista do CEJAM destaca baixa adesão dos homens à prevenção e chama atenção para doenças silenciosas, saúde mental e a importância do autocuidado contínuo
São Paulo, novembro de 2025 – A campanha Novembro Azul volta os holofotes para a saúde de quem tem próstata, mas os números mostram que o desafio vai muito além de uma simples mobilização simbólica. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deverá registrar cerca de 71 mil novos casos de câncer de próstata em 2025, o que o coloca como o tipo mais frequente entre homens no país, excluindo os casos de pele não-melanoma.
Em paralelo, estimativas globais apontam que, em 2022, o Brasil registrou mais de cem mil novos casos da doença e aproximadamente 20 mil mortes. Apesar desses números, o engajamento masculino em exames preventivos e consultas regulares permanece baixo.
Especialistas defendem que esse cenário não se reduz apenas ao câncer de próstata: a campanha Novembro Azul se torna importante para ampliar o olhar para a saúde integral , incluindo saúde mental, obesidade, doenças cardiovasculares e disfunção sexual.
Segundo Dr. Felippe Scorsioni, médico preventivo com atuação em oncologia do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, a prevenção ainda esbarra em barreiras culturais profundas. “Ainda há uma cultura baseada no medo e preconceito de qualquer procedimento em saúde, principalmente quando se fala neste assunto. No câncer de próstata, temos o toque retal como um tabu, quando na prática é um exame rápido, seguro e que pode salvar a vida.” Para ele, a desinformação, a baixa adesão ao cuidado preventivo e a falsa sensação de invulnerabilidade masculina contribuem para o quadro persistente.
A boa notícia é que, nos últimos anos, os métodos de rastreamento e tratamento evoluíram. Atualmente, um dos principais exames utilizados é o PSA, sigla para antígeno prostático específico, proteína produzida pela próstata que pode identificar inflamações, hiperplasia benigna ou câncer.
Scorsioni explica que a análise desse marcador ficou mais sofisticada: o PSA passou a ser interpretado considerando variáveis como PSA livre, velocidade e densidade. Ele também destaca que a ressonância multiparamétrica revolucionou a investigação e reduziu biópsias desnecessárias.
As biópsias guiadas por ultrassom tornaram o diagnóstico mais preciso, e cirurgias minimamente invasivas e radioterapia de última geração ampliaram as possibilidades terapêuticas. “Todos os exames disponíveis miram um diagnóstico precoce com maiores chances de cura”, afirma.
Para equilibrar prevenção e excesso de exames, o médico reforça que a decisão deve ser sempre individual. “Consideram-se aspectos como idade, histórico familiar, raça, comorbidades e expectativa de vida, sempre com foco inicialmente na prevenção ou diagnóstico precoce da doença.” Mesmo assim, muitas pessoas só chegam ao consultório quando os sinais já são evidentes. Entre os que exigem atenção imediata, ele cita perda de peso sem explicação, dor óssea persistente, dificuldade para urinar, sangue na urina, dor abdominal intensa, febre recorrente, fadiga incapacitante e alterações súbitas na função sexual.
A campanha vem também para reforçar a atenção para doenças silenciosas, porém muito comuns na população. Entre elas, a hipertensão descontrolada, diabetes, obesidade, disfunção erétil e dislipidemias aparecem com frequência no consultório, todas fortemente associadas a hábitos de vida inadequados. A saúde mental completa esse cenário: quadros psicológicos e altos níveis de tensão têm se tornado mais frequentes e impactam diretamente o organismo, afetando desde o sono e a imunidade até o coração, o intestino e a libido. “Tem aumentado muito a presença de doenças psicológicas, assim como o estresse, com resultados no gatilho e descontrole de muitas doenças metabólicas, como sono, imunidade, intestino, coração e libido”, afirma.
Para aqueles que ainda associam prevenção à fragilidade, Dr. Felippe busca reverter essa ideia e reforça que o autocuidado precisa fazer parte da rotina, não apenas de um mês específico. A campanha Novembro Azul vai além da próstata ao mostrar que o cuidado deve ser contínuo e acompanhar todas as fases da vida, não uma ação isolada “Fraqueza é fingir que nada está acontecendo enquanto a saúde pede ajuda. Força é encarar a realidade, se cuidar e viver mais. Prevenção não é evento anual, é um hábito de vida, como atividade física e dieta adequada”.
Além dos homens cisgêneros, a campanha também inclui mulheres trans e pessoas não binárias com próstata, que podem igualmente desenvolver o câncer e enfrentam desafios específicos no acesso a cuidados de saúde adequados e livres de preconceito. Para especialistas, incluir essa população nas ações de prevenção é essencial para garantir uma atenção verdadeiramente integral e equitativa.
“Quando falamos de saúde, falamos de pessoas. Falar de quem tem próstata, independentemente da sua identidade de gênero, é falar de cuidado, de prevenção e de vida”, finaliza Scorsioni.
Sobre o CEJAM
O CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos. Fundada em 1991, a Instituição atua em parceria com o poder público no gerenciamento de serviços e programas de saúde em São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Campinas, Carapicuíba, Barueri, Franco da Rocha, Guarulhos, Santos, São Roque, Ribeirão Preto, Lins, Assis, Ferraz de Vasconcelos, Pariquera-Açu, Itapevi, Peruíbe e São José dos Campos.
A organização faz parte do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (IBROSS), e tem a missão de ser instrumento transformador da vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde.
O CEJAM é considerado uma Instituição de excelência no apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS), tendo conquistado, em 2025, a certificação Great Place to Work. O seu nome é uma homenagem ao Dr. João Amorim, médico obstetra e um dos fundadores da Instituição.
No ano de 2025, a organização lança a campanha "365 novos dias de saúde, inovação e solidariedade", reforçando seu compromisso com os princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança).
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