Em Ji-Paraná, projeto do IDOMED FAMEJIPA busca conscientizar famílias e escolas sobre os efeitos da tecnologia no comportamento e na saúde infantil 

A rotina cada vez mais digital tem transformado o modo como crianças se relacionam com o mundo e também como se desenvolvem. O aumento do tempo diante de telas vem preocupando especialistas, que apontam efeitos diretos sobre a concentração, o sono, a socialização e até o desenvolvimento cerebral. 

Diante dessa realidade, o IDOMED FAMEJIPA iniciou neste mês de outubro, em Ji-Paraná, Rondônia, um projeto de extensão voltado à conscientização sobre os impactos da exposição prolongada a dispositivos digitais na infância e adolescência. A iniciativa, conduzida por acadêmicos do curso de Medicina, transforma o mês das crianças em um convite à reflexão sobre hábitos digitais e desenvolvimento saudável. 

O professor Jeferson Salvi, docente do curso de Medicina do IDOMED FAMEJIPA e responsável pela coordenação da iniciativa, destaca a importância de aproximar a ciência do cotidiano das pessoas, transformando o conhecimento acadêmico em diálogo acessível. A proposta, segundo ele, é ampliar a compreensão sobre os efeitos do uso excessivo de telas na infância e oferecer às famílias orientações claras e preventivas. 

“Nosso objetivo é conscientizar famílias, educadores e profissionais de saúde sobre os riscos do uso excessivo de telas e sobre estratégias práticas para promover um uso saudável e consciente. Queremos alcançar crianças e adolescentes como protagonistas do autocuidado digital, mas também envolver pais e professores, que são fundamentais na criação de hábitos equilibrados”, explica. 

 Por todo o restante deste ano, o projeto irá realizar gratuitamente palestras interativas, oficinas educativas, rodas de conversa e distribuição de materiais informativos em escolas e unidades de saúde de Ji-Paraná e região. 

Saúde mental na infância- A escolha do mês de outubro para o lançamento do projeto não foi por acaso. Além de celebrar o Dia das Crianças (12 de outubro), o período marca diversas ações voltadas à saúde mental e à proteção da infância. 

“Outubro é um mês muito simbólico. Nosso propósito é transformar essa data comemorativa em uma oportunidade educativa, levando informação e reflexão para fortalecer o desenvolvimento saudável das crianças”, destaca Jeferson. 

O professor observa que, embora o acesso à tecnologia traga benefícios inegáveis para a aprendizagem e a comunicação, a falta de limites claros e de mediação adulta tem ampliado os impactos negativos na rotina das crianças, afetando o equilíbrio entre o tempo online e as experiências reais. Essa percepção, segundo ele, foi um dos principais motivadores para a criação do projeto, que busca traduzir o conhecimento científico em ações práticas de educação e prevenção. 

“Percebemos um aumento expressivo no tempo de exposição de crianças a telas, especialmente após a pandemia. Muitos pais, professores e profissionais de saúde têm relatado dificuldades de concentração, distúrbios do sono e alterações comportamentais em crianças. Diante desse cenário, vimos a necessidade de uma ação educativa e preventiva, que levasse informação científica acessível à comunidade e promovesse reflexão sobre o uso equilibrado da tecnologia na infância”, complementa. 

O que dizem os estudos - O uso excessivo de dispositivos digitais já é apontado por pesquisadores como um dos grandes desafios da infância moderna. Estudos recentes revelam que a exposição prolongada está associada a alterações neurobiológicas, déficit de atenção, ansiedade, distúrbios do sono e atrasos no desenvolvimento cognitivo e social. 

Pesquisas internacionais, como as publicadas na revista Trends in Psychiatry and Psychotherapy, também relacionam a dependência de smartphones ao agravamento de quadros de depressão, estresse e isolamento social. 

Mais do que alertar sobre os riscos, o projeto pretende estimular uma mudança cultural em torno da tecnologia, promovendo o uso responsável e intencional das telas. A ação reforça o papel do IDOMED FAMEJIPA na promoção da educação em saúde, unindo ensino, pesquisa e extensão em benefício da comunidade. 

“Os primeiros anos de vida e a adolescência são fases fundamentais para o desenvolvimento cognitivo e emocional. Por isso, é essencial que famílias e escolas compreendam os riscos do uso excessivo e adotem práticas de mediação e acompanhamento digital”, reforça o professor Jeferson.


Raphaela Aguiar, Jornalista e Analista pela Agência EKO