
O Brasil tem mudado de forma significativa o perfil de seus fornecedores de diesel em 2025, aumentando a dependência de fatores externos. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e do Ministério do Desenvolvimento mostram que, entre janeiro e junho, a Rússia respondeu por 53% das importações, enquanto os Estados Unidos representaram 19,5%.
Em julho, porém, o cenário se inverteu: os EUA passaram a ser responsáveis por 45% do volume importado, contra 35% da Rússia, segundo levantamento da ANP e análises da consultoria Datamar. A mudança reforça a vulnerabilidade brasileira diante de decisões políticas e econômicas internacionais.
Entrada de diesel americano ganha força
A Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) aponta que a participação dos Estados Unidos tem crescido, impulsionada pelo inverno no Hemisfério Norte e pela atratividade de preços e logística. A expectativa é que, entre agosto e setembro, as cargas americanas superem as russas, conforme indicações do Preço de Paridade de Importação (PPI) divulgado em agosto.
Especialistas alertam para riscos geopolíticos
Para o especialista em combustíveis Vitor Sabag, da Gasola — empresa de tecnologia voltada à gestão de consumo de combustíveis —, o revezamento de fornecedores deve ser analisado sob a ótica de risco.
“Ao buscar mais contratos com fornecedores americanos, o Brasil reduz a dependência russa no curto prazo; por outro lado, aumenta sua sensibilidade a decisões políticas e comerciais dos Estados Unidos, que podem alterar rapidamente o custo de importação e a previsibilidade de preços”, destaca Sabag.
Essa preocupação não é apenas teórica. Em agosto de 2025, os Estados Unidos dobraram tarifas de importação sobre a Índia como represália às compras de petróleo russo, evidenciando como ajustes diplomáticos podem ter impacto imediato no mercado global.
Possíveis efeitos para a economia brasileira
Analistas avaliam que medidas semelhantes poderiam afetar países que intensificaram compras de diesel e fertilizantes russos desde 2022, como o Brasil. Nesse cenário, eventuais sanções ou tarifas adicionais poderiam impactar diretamente o consumidor final, encarecendo custos logísticos, transporte de cargas e preços de mercadorias básicas.
Apesar da Petrobras manter o preço interno do diesel estável há quatro meses, o mercado segue sujeito às oscilações externas. A cotação internacional do combustível e a variação cambial continuam influenciando os custos de importação.
Perspectivas para os próximos meses
Segundo Sabag, a trajetória do mercado dependerá da oferta global e do cenário político internacional.
“Se a normalização das refinarias russas se confirmar até o fim de 2025 e não houver novas barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos, a tendência é de algum alívio. Mas qualquer mudança regulatória ou tarifária pode reverter esse quadro rapidamente”, explica.
O especialista reforça que o diesel é essencial para a economia brasileira, movimentando desde o agronegócio até o transporte rodoviário, e que oscilações na oferta ou no preço atingem diretamente a população.
Fonte: Portal do Agronegócio
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