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Medicina

Urologistas se reúnem em evento científico em São Paulo


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Mais de 180 especialistas se encontraram para discutir os principais problemas do trato urinário inferior, a jornada de quem sofre com a doença e a importância de uma relação sólida entre médico e paciente

P U B L I C I D A D E

São Paulo sediou, pela primeira vez, o LUTS Fórum – evento científico voltado para médicos que contou com a presença de 183 urologistas de todo o Brasil. Em sua 4ª edição, o encontro foi realizado pela farmacêutica japonesa Astellas Farma Brasil, recentemente, no Theatro Net São Paulo.

A companhia de teatro, Teatrês, abriu o encontro por meio de um esquete que retratou a jornada do paciente que sofre com LUTS (sigla em inglês para Sintomas do Trato Urinário Inferior). O evento foi focado em duas condições associadas com LUTS: a hiperplasia prostática benigna e a bexiga hiperativa. “De forma lúdica, os atores mostraram situações corriqueiras que afetam a qualidade de vida daqueles que sofrem com LUTS. O impacto social de quem convive com essas condições é muito grande”, explicou o chefe de departamento de hiperplasia prostática benigna da Sociedade Brasileira de Urologia, Dr. Ricardo Vita.

Além de aulas técnicas sobre o tema, o evento também contou com a apresentação dos resultados do Brasil LUTS, o primeiro estudo epidemiológico sobre a prevalência dos sintomas urinários feito no Brasil. O Dr. Vita foi o responsável pela apresentação da pesquisa no evento. O estudo, conduzido pela Astellas Farma Brasil, com o apoio de três investigadores externos, contou com a participação de mais de 5 mil pessoas, entre homens e mulheres com 40 anos ou mais, representantes de todas as regiões do país. Entre outros dados, o levantamento revelou que cerca de 65% da população brasileira nesta faixa etária apresenta algum sintoma urinário. Outro ponto relevante é que a taxa de busca por tratamento entre indivíduos com sintomas urinários, foi considerada baixa no Brasil: apenas 40% das mulheres e menos de 30% dos homens procuram tratamento, apesar de reconhecerem os sintomas. Além disso, cerca de 70% dos homens e 80% das mulheres relataram pelo menos um sintoma urinário. “Esse tipo de evento científico é uma grande oportunidade para promover uma troca de experiência e educação médica de nível elevado. A bexiga hiperativa, doença caracterizada pela associação de urgência urinária, com ou sem incontinência associada, atinge cerca de 25% dos homens e das mulheres”, ressaltou Dr. Machado Moura, diretor médico da Astellas.

O urologista responsável pelo serviço Hospital São Camilo Santana, Dr. Caio Cesar Cintra, também participou do LUTS Fórum e ressaltou a importância de avaliar o paciente de uma forma mais ampla. “É preciso avaliar o paciente com uma perspectiva global – sempre considerando o seu status mental e a sua condição clínica”, explicou o médico.

Sebastião José Westphal, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), pondera que “o LUTS Fórum, além de ser um evento científico de alto nível, retratou as dificuldades que os pacientes enfrentam no seu dia a dia de maneira interativa. Isso permitiu fixar conceitos e avaliar a importância dos sintomas para os nossos pacientes no cotidiano de suas vidas”.

Por meio de uma palestra, Dr. Carlos Henrique Bellucci, coordenador de projetos e diretrizes da Escola Superior de Urologia da Sociedade Brasileira de Urologia, abordou a importância da relação entre médico e paciente a respeito da tomada de decisão terapêutica e a individualização na escolha do tratamento. “Os pacientes que sofrem com bexiga hiperativa, que é uma das doenças do trato urinário mais comuns, têm especificidades. O especialista precisa identificar o impacto que a enfermidade está causando na qualidade de vida de cada indivíduo, antes de decidir por um tratamento. É de suma importância lembrar que toda intervenção terapêutica precisa de uma decisão compartilhada entre o médico e o paciente, isso é fundamental”, disse Bellucci.

O evento também contou com duas discussões de casos clínicos interativos, que foram mediadas pelo mestre e doutor em urologia pela Escola Paulista de Medicina, Dr. Rogério Simonetti e pelo médico urologista, mestre e doutor em cirurgia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Dr. Rogério de Fraga.

Saiba mais sobre LUTS

Muitos adultos apresentam um ou mais sintomas do trato urinário inferior (LUTS, do inglês Low Urinary Tract Symptoms ou sintomas do trato urinário baixo) em algum momento da vida e a prevalência desses sintomas aumenta com a idade1. O estudo epidemiológico Brasil LUTS demonstrou que 40% dos homens e 60% das mulheres com 40 anos ou mais relataram sintomas urinários clinicamente significantes. Desses indivíduos, 48% relataram prejuízo da qualidade de vida devido aos sintomas urinários. No entanto, a procura por tratamento é baixa (34% dos indivíduos com sintomas urinários) e a taxa de tratamento é ainda menor (25% dos indivíduos com sintomas urinários). Por outro lado, a satisfação com o tratamento é alta (70%)1.

Em um estudo internacional, mulheres (59,2%) relataram sintomas de armazenamento mais frequentemente do que homens (51,3%), enquanto o oposto foi verdadeiro para esvaziamento (homens, 25,7%; mulheres 19,5%) e sintomas pós-miccionais (homens, 16,9%; mulheres, 14,2%)2. A bexiga hiperativa é uma síndrome e inclui urgência miccional com ou sem incontinência urinária, geralmente com aumento da frequência diurna e noctúria, na ausência de qualquer outra patologia subjacente3-4 . Na Europa, aproximadamente 17% da população adulta apresenta sintomas de bexiga hiperativa. No Brasil, o estudo epidemiológico Brasil LUTS revelou que 25% dos homens e mulheres com 40 anos ou mais apresentam sintomas associados com a bexiga hiperativa1.

Dos indivíduos com bexiga hiperativa, o aumento de frequência (85%) tende a ser o sintoma mais comumente relatado, seguido de urgência (54%) e incontinência de urgência (36%)5. Embora a maioria dos pacientes procure um médico por causa dos sintomas, apenas cerca de um terço recebem tratamento5. Homens e mulheres com sintomas incômodos de bexiga hiperativa relatam baixos níveis de qualidade de vida relacionada à saúde e produtividade no trabalho e altos níveis de ansiedade e depressão em comparação com aqueles sem nenhum sintoma ou sintomas mínimos (sem incômodo)6. Portanto, o principal objetivo do tratamento é melhorar a qualidade de vida e uma combinação de terapia comportamental e farmacológica frequentemente levará a resultados aceitáveis para os pacientes7.

Hiperplasia prostática benigna (HPB)

A HPB é uma doença que acomete cerca de 50% dos homens após os 50 anos. Entre os sintomas estão: dificuldade de urinar, jato urinário fraco, sensação de que a bexiga não foi completamente esvaziada, aumento do número de idas ao banheiro durante a noite e vontade incontrolável de urinar. Em alguns casos, a HPB pode acarretar presença de sangue na urina, infecção urinária de repetição, cálculos na bexiga, retenção urinária e insuficiência renal. 8

Referências:

1. Soler R, Gomes CM, Averbeck MA, Koyama M. The prevalence of lower urinary tract symptoms (LUTS) in Brazil: Results from the epidemiology of LUTS (Brazil LUTS) study. Neurourol Urodyn. 2018 Apr;37(4):1356-1364.

2. Irwin DE, Milsom I, Hunskaar S, et al. Population-based survey of urinary incontinence, overactive bladder, and other lower urinary tract symptoms in five countries: results of the EPIC study. Eur Urol 2006;50(6):1306–14.

3 Abrams P. Describing bladder storage function: overactive bladder syndrome and detrusor overactivity. Urology 2003;62(5 Suppl 2):28- 37; discussion 40–2.

4. Abrams P, Artibani W, Cardozo L, et al. Reviewing the ICS 2002 terminology report: the ongoing debate. Neurourol Urodyn 2009;28(4):287.

5. Milsom I, Abrams P, Cardozo L, et al. How widespread are the symptoms of an overactive bladder and how are they managed? A population based prevalence study. BJU Int 2001;87(9):760–6.

6. Coyne KS, Sexton CC, Kopp ZS, Ebel-Bitoun C, Milsom I, Chapple C. The impact of overactive bladder on mental health, work productivity and health-related quality of life in the UK and Sweden: results from EpiLUTS. BJU Int 2011;108(9):1459–71.

7. Wein AJ, Rackley RR. Overactive bladder: a better understanding of pathophysiology, diagnosis and management. J Urol 2006;175(3 Pt 2):S5–10

8. Bushman W. Etiology, epidemiology, and natural history of benign prostatic hyperplasia. The Urologic clinics of North America. 2009;36(4):403-15

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