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Síndrome de Péssimos Pais afeta relacionamento com filhos


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Especialista orienta redução da culpa e qualificação do tempo separado para a família

P U B L I C I D A D E

Pais que antes dividiam o tempo entre trabalho e lazer, hoje estão cada vez mais ativos, tanto dentro, quanto fora de casa. A cada dia surgem mais atividades, compromissos profissionais são levados para dentro do lar e o tempo fica mais escasso. Essa mudança na divisão e cuidados com a família também traz preocupações e julgamentos: será que meu filho sente minha falta? Estamos sendo bons educadores? Perguntas como essas tornam-se cada vez mais comuns e preocupam a nova geração de pais. É a chamada Síndrome de Péssimos Pais.

De acordo com uma pesquisa liderada pela Universidade de Toronto, no Canadá, a quantidade de tempo que os pais dedicam aos filhos não é o fator determinante para o desenvolvimento saudável. O estudo, que avaliou mais de 6 mil famílias, concluiu que a quantidade de tempo que os pais passam com os filhos não tem relação com a saúde emocional, com o comportamento ou com o desempenho escolar até os 11 anos. Apesar disso, a qualidade do tempo em que a família dedica aos filhos é essencial.

Segundo a neuropedagoga, psicanalista e coordenadora pedagógica da Conquista Solução Educacional, Fabianni Mamone, para obter essa qualidade durante o tempo em conjunto é preciso estipular prioridades. “Hoje, os pais acham que estar perto é estar junto, quando na realidade estar junto requer mindfulness (atenção plena) e desfrutar dos momentos em família para criar vínculos reais e significativos, estando verdadeiramente presentes e sem interferências de celular e trabalho”, orienta.

Fabianni alerta ainda que pais que passam parte do pouco tempo em família conectados ao celular, não fazem ideia do que provocam aos filhos – e a situação se agrava quando o assunto é o esvaziamento do vínculo familiar. “Como consequência desse desamparo, encontramos crianças mais birrentas, irritadas, hiperativas, tentando desesperadamente chamar a atenção. Muitas vezes, elas apresentam forte tendência a sentimentos incontroláveis para a idade, como frustração, depressão ou forte estresse, somatizando em um corpo tão pequenino graves patologias”, adverte.

Além disso, a especialista também mostra preocupação em relação à primeira infância: “com a falta de estímulos como olho no olho, toque e afeto, a criança começa a apresentar atrasos no desenvolvimento cognitivo motor, além do emocional”. Segundo Fabianni, esse abuso tecnológico produz um ciclo desastroso. “Pais agem sem limites no tempo destinado ao uso da tecnologia com a desculpa de interferência do trabalho e, com isso, filhos inevitavelmente fragilizados se sentem frustrados, apresentando comportamentos rebeldes”.

A psicóloga também ressalta que, atualmente, as crianças e jovens não estão sendo suficientemente ouvidos. “O canal de comunicação na família se estabelece quando pais aprendem ouvir com empatia as necessidades, aspirações e desejos dos filhos. A escuta empática é se colocar no lugar do outro, ouvir sem julgamentos antes de cobrar e perceber os sentimentos e necessidades do filho, com respeito e atenção”, explica. Uma dica para essa abordagem é usar momentos de reunião familiar para falar do seu próprio dia – isso estimula os filhos a contarem sobre o dia deles, o que lhes dá um sentimento de pertencimento à família.

Outro ponto que deve ser monitorado pelos pais é a forma de recompensar o tempo em que ficaram ausentes. Fabianni explica que oferecer presentes, ganhos materiais ou até mais liberdade não é o caminho para estreitar os laços com os filhos. “Os pais precisam aprender a trabalhar a culpa e não transferir a responsabilidade da ausência ao filho. Pais ‘culpados’ por enfrentar jornadas de trabalho extensas tendem a compensar essa falta com presentes mesmo sem notar, até atitudes permissivas diante de comportamentos inadequados”, expõe a especialista. Segundo ela, é preciso entender que não tem como estar presente o tempo inteiro. “É desumano ser perfeito”.

Por fim, a principal dica para os pais que buscam estreitar os laços com os filhos e manter o desenvolvimento da criança ou adolescente de forma saudável e próxima, é ser um modelo para eles e não se culpar pela impossibilidade da perfeição. “Educar não é uma tarefa simples, requer responsabilidade, afeto e limites. Na tentativa de acertar, os pais podem exagerar na dose de cuidados, na bronca ou perder a mão na hora de impor limites. Mas quando as atitudes de comparação, culpa, desrespeito, cobranças exacerbadas e até humilhação se tornam frequentes na relação familiar, é hora de acender o sinal de alerta”.

Fabianni e outros especialistas indicam algumas dicas para superar a insegurança na parentalidade:

  • Quando surgir a culpa, pense em coisas positivas que já conquistou com seu filho e o que se orgulha de ter ensinado.
  • Não se compare com outros pais. Toda rotina tem suas peculiaridades e nenhum filho é igual ao outro.
  • Busque sempre especialistas e profissionais para sanar suas dúvidas; grupos e fóruns na internet podem trazer ainda mais insegurança para as decisões.
  • Tenha o seu tempo. Reservar momentos para si mesmo é essencial para manter a saúde mental e a boa relação com a família.
  • Lembre-se sempre que o principal exemplo dos filhos são os pais. Se suas atitudes estão corretas, seu filho aprenderá com isso.
  • Tenha em mente que quem sabe o melhor para os filhos sempre serão os pais. Siga seus valores e tome seus próprios caminhos.
  • Nem todas as reações dos filhos são consequência dos ensinamentos dos pais. Não se culpe por momentos negativos e busque proteger seu filho com conselhos e diálogos.
  • Lembre-se que uma criança ainda não sabe controlar suas emoções e, por isso, precisa da sua ajuda para entender e interpretar sentimentos.

FONTE:ASSESSORIA

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