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Sinal vermelho: Brasil tem apenas um ano para cumprir meta de Hanseníase


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País ainda está em segundo lugar em novos casos da doença   

P U B L I C I D A D E

“No início foi um choque. Até fechar o diagnóstico correto foi muito difícil. Não foi fácil saber que eu tinha Hanseníase. Contei com apoio da minha família, dos meus amigos e da minha fé em Jesus”. O depoimento é da assistente administrativa Simone Adriana Otoni, de 42 anos. Ela descobriu que tinha a doença em agosto de 2012. Os sintomas foram diferentes dos usuais da Hanseníase. Simone começou a ter inchaço nos pés, depois apareceram nódulos nas pernas e nos braços. O primeiro diagnóstico foi de dermatite. Ao fazer o tratamento e não apresentar melhoras, a assistente administrativa que, na época, trabalhava no setor de epidemiologia da regional Oeste, em Belo Horizonte, conversou com uma médica que a aconselhou procurar o Hospital das Clínicas, onde foi diagnosticada com Hanseníase.

A assistente administrativa teve a forma mais agressiva, a multibacilar. Ela conta que ainda faz tratamento por conta da reação aos medicamentos. Nesses 7 anos Simone passou por duas internações e teve fratura de vértebras mas complementa que o fundamental é que ela reconhece que “tinha que fazer o tratamento, não podia e não posso interromper. Só com ele vou me sentir melhor”.

Simone não sabe como contraiu a doença. Segundo ela, um tio teve hanseníase, mas ela conta que teve pouco contato com ele. Como a Hanseníase leva de 7 meses a 12 anos para se manifestar no organismo, todos os moradores da casa e amigos mais próximos precisaram fazer exames. A mãe dela apresentou os sintomas da doença um ano depois. Simone que percebeu as manchas que apareceram no corpo da mãe e a encaminhou para o mesmo médico. Hoje as duas estão curadas.

Todo o sofrimento de Simone poderia ter sido amenizado se ela tivesse sido diagnosticada logo no início. O professor doutor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e dermatologista associado da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Marcelo Grossi Araújo, alerta que duas questões são fundamentais na Hanseníse: o diagnóstico precoce que evita o sofrimento para o paciente e diminui o risco de sequelas e de gasto para o sistema de saúde pública; e a otimização da questão operacional, ou seja, treinamento dos profissionais e esclarecimento a população. Segundo ele, a maioria dos casos tem diagnóstico simples e o tratamento é muito mais eficaz se for feito assim que aparecem os primeiros sintomas.           

O Brasil ainda ocupa o segundo lugar em todo mundo em número de casos de Hanseníase. Os estados que apresentam os maiores índices de novos casos da doença são Mato Grosso, Maranhão Pará, Pernambuco, Piauí e Tocantins, e o que é pior, muitos em menores de 15 anos. Um índice nada bom para o Brasil já que no ano que vem termina o programa Estratégia Global para a Hanseníase 2016-2020, lançado pela Organização Mundial de Saúde, que tem como principal meta reduzir a zero o número de criança com grau 2 de incapacidade provocado pela Hanseníase. Em 2017 foram notificados 54 casos no Brasil e em 2018 o número está em torno de 50, ainda em revisão e que deve ser divulgado oficialmente em setembro pelo Ministério da Saúde.      

Registros – No período de 2008 a 2016, foram notificados 301.322 casos de hanseníase em todo o país, dos quais 21.666 (7,2%) eram menores de 15 anos de idade. Nesse mesmo período, a taxa geral de detecção anual de casos novos foi reduzida em 43,0%, passando de 21,5 para 12,3/100 mil hab.; e, na faixa etária de menores de 15 anos, a redução foi de 50,7%, de 2,1 para 1,1/100 mil hab. 

Doença –. A hanseníase é uma doença infecciosa, crônica, causada por uma bactéria – Micobacterium leprae – que afeta a pele e os nervos periféricos, em especial os da  face, mãos e pés. A doença acomete pessoas nas mais diversas idades, incluindo crianças, independentemente de gênero. A progressão da doença é lenta, e seu período de incubação é prolongado e pode durar anos. A hanseníase tem cura e se tratada precocemente e de forma adequada, pode evitar as incapacidades e as sequelas.

Congresso –  O MEDTROP-PARASITO 2019 é a realização simultânea do 55º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, do XXVI Congresso Brasileiro de Parasitologia, da 34a Reunião de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas e da 22ª Reunião de Pesquisa Aplicada em Leishmanioses e do CHAGASLEISH 2019. O tema do congresso “Convergência e inclusão: em busca de soluções sustentáveis para o diagnóstico, tratamento e controle das doenças tropicais” abre perspectivas para a integração da ciência, educação e tecnologia buscando, na interdisciplinaridade, benefícios para a saúde, para o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. De 27 a 31 de julho, na UFMG, em Belo Horizonte, Minas Gerais.

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