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Sífilis: infecção pode ficar adormecida por anos no organismo


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A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) provocada por bactéria, de fácil transmissão e que muitas vezes não manifesta sintomas no início. No mundo inteiro, ela tem sido motivo de preocupação de diversas autoridades de saúde pública.

P U B L I C I D A D E

Somente no Brasil, segundo levantamento do Ministério da Saúde, houve aumento de quase 28% no número de novos casos de sífilis adquirida — transmitida por via sexual — entre 2015 e 2016. Já os números relativos à sífilis congênita, ou seja, transmitida de mãe para filho durante a gestação, apesar de bem estarem bem melhores do que há alguns anos, ainda preocupam em países menos desenvolvidos, especialmente da África.

Causas da sífilis

A infecção é causada pela bactéria Treponema pallidum e possui diversos estágios. Como a maior parte das infecções sexualmente transmissíveis, a sífilis também é transmitida pelo não uso de preservativo durante a relação sexual.

Apesar disso, por ser altamente contagiosa, a sífilis pode ser passada apenas pelo contato entre peles.

“É uma doença presente no mundo inteiro e de evolução crônica, que se inicia com manifestações cutâneas e mucosas temporárias, mas que pode acarretar em uma série de complicações com o passar do tempo. Se não tratada em suas fases iniciais, a sífilis pode progredir para outros problemas sérios de saúde, que comprometem todo o organismo, mas principalmente os olhos, pele, ossos, coração, cérebro e sistema nervoso”, explica Carolina Lázari, assessoria médica para Análises Clínicas em Infectologia do Fleury Medicina e Saúde.

Sífilis congênita 

A sífilis congênita é o tipo da doença que é transmitida da mãe para a criança ainda durante a gestação. Se não for tratada ainda no pré-natal, a sífilis congênita pode levar a diversas complicações, como aborto espontâneo, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira e deficiência mental. “Por isso, é importante fazer o teste para detectar a sífilis durante o pré-natal e, quando o resultado for positivo, tratar corretamente a mulher e seu parceiro sexual para evitar a transmissão vertical”, alerta Regia Damous, infectologista do Hospital e Maternidade São Luiz.

Nestes casos, o tratamento é feito à base de penicilina, com a indicação e aplicação realizada por um profissional de saúde. Já o diagnóstico pode ser feito por meio de exames de sangue, mas em alguns casos pode ser necessário o exame específico no líquor, o líquido que banha as estruturas do sistema nervoso central.

Sintomas da sífilis

Os sintomas iniciais da sífilis incluem lesões duras — porém nem sempre doloridas — nos órgãos genitais, embora também possam aparecer no ânus, na pele, na gengiva, na palma das mãos e até mesmo na planta dos pés. “As lesões podem desaparecer em alguns dias, porém, a doença continua ativa no organismo, podendo provocar outros sintomas como manchas avermelhadas na pele e nas mucosas, além de alterações no sistema nervoso”, explica Clícia Quadros, ginecologista e especialista em saúde da mulher.

Ínguas na virilha, que não apresentam pus ou sangramento, também podem aparecer. Com o desaparecimento das manchas, que podem ser identificadas por meio de exame clínico, no entanto, somente um teste laboratorial é capaz de identificar a doença. Esse diagnóstico é feito por meio de um exame de sorologia completa.

Estágios da sífilis

Como os principais sintomas das fases iniciais da sífilis tendem a desaparecer depois um tempo, é comum ter a falsa ideia de que o problema foi resolvido espontaneamente. Acontece que a sífilis é uma doença com diferentes estágios, e às vezes a bactéria pode permanecer em estado latente no organismo por anos e anos.

Em geral, a doença é dividida em três estágios: primário, secundário e terciário. As duas primeiras fases apresentam as características mais marcantes da infecção, quando se observam os principais sintomas e também quando há mais possibilidade de transmissão.

Após o fim da segunda fase, a sífilis aparentemente desaparece por um longo período de tempo, ficando num estado de latência dentro do organismo. Embora não haja manifestação de sintomas, ela ainda é potencialmente transmissível. Pode acontecer, também, de a sífilis latente voltar a apresentar sintomas típicos da segunda fase da doença, e não necessariamente avançar para a fase terciária.

“Quando a terceira fase chega, porém, ela passa a atingir diversos órgãos, que, tomados pela bactéria, começam a se inflamar lenta e progressivamente, resultando num quadro grave que pode deixar sequelas irreversíveis”, analisa Carolina.

Abaixo, conheça um pouco mais sobre as principais características de cada estágio da sífilis:

Sífilis primária

  • Possibilidade de transmissão é maior do que em outros estágios da doença;
  • Surge geralmente uma única ferida no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros locais da pele), que aparece entre dez e 90 dias após o contágio. Não dói, não coça, não arde e não tem pus, e pode estar acompanhada de ínguas (caroços) na região da virilha;
  • Exames de sangue costumam dar negativo à sífilis nessa fase. O  diagnóstico deve ser feito pela pesquisa direta do Treponema (bactéria que causa a doença) no material obtido por meio da raspagem do local da lesão.

Sífilis secundária

  • Possibilidade de transmissão também é grande;
  • Sinais e sintomas podem aparecer entre seis semanas a seis meses após o surgimento da ferida inicial;
  • É comum surgirem manchas no corpo, inclusive nas palmas das mãos e nas plantas dos pés.

Sífilis latente

  • Fase assintomática que pode durar por muitos anos;
  • Ainda assim, é potencialmente transmissível.

Sífilis terciária

  • Pode surgir de dois a 40 anos depois do início da infecção;
  • Podem surgir lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.

Por que tratar a sífilis?

Os especialistas ressaltam a importância de um tratamento especializado, sem seguir receitas carreiras. “Sem tratamento, a sífilis pode evoluir em vários órgãos do corpo do indivíduo, em que se manifesta de diversas formas e que pode, também, variar de gravidade”, explica Carolina.

Segundo ela, a sífilis não tratada pode levar a doenças graves como meningite, isquemias cerebrais, aneurisma (dilatação) da artéria aorta, lesões destrutivas de pele, ossos e vísceras internas e inflamação das estruturas dos olhos, entre outras. “A doença ativa também pode aumentar o risco de contrair HIV e, nas mulheres, pode causar complicações na gravidez, como aborto ou natimorto, ou o nascimento de crianças com a sífilis congênita”, completa.

Como se proteger?

Devido ao fato de não haver uma vacina que proteja contra sífilis, os especialistas explicam que a melhor forma de se prevenir é usando preservativos desde o início da relação sexual. Ou seja, começar o ato sem camisinha e interromper no meio para colocar não adianta, uma vez que a infecção pode ser transmitida já pelo contato de pele.

Além disso, é recomendado realizar exames de sorologia completa uma vez a cada seis meses para garantir.

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