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Seap nega falta de agentes em presídios de Manaus e diz ‘desconhecer paralisação’ da categoria


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Um grupo de agentes de socialização que atua em presídios de Manaus se recusou a seguir para as unidades prisionais neste domingo (2). Durante um protesto, servidores decidiram paralisar as atividades para cobrar segurança, após um agente ser esfaqueado e morto em serviço no sábado (1º). Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) disse desconhecer qualquer indício de paralisação.

P U B L I C I D A D E

Cerca de 200 agentes da empresa Umanizzare – que atua em cogestão com a Seap em cinco presídios de Manaus – se reuniram em uma manifestação perto da BR-174. Em certo momento do ato, um carro com o adesivo da Secretaria para perto de agentes. O veículo levaria funcionários até as unidades prisionais, situadas no km 8 da rodovia.

O motorista estava com uma farda da Umanizzare, o que foi alvo de questionamentos dos agentes presentes no ato. “Pega teu carro e vai embora, ninguém vai trabalhar hoje não”, gritou o agente penitenciário Francisco da Silva.

Agentes se recusam a trabalhar e confrontam motorista que levou servidores em carro adesivado da Seap — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Agentes se recusam a trabalhar e confrontam motorista que levou servidores em carro adesivado da Seap — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Depois de uma discussão com o motorista, Silva tenta convencer os colegas de trabalho a seguirem a paralisação para chamar atenção para as condições de trabalho da categoria. Dois servidores o ignoram e decidem seguir para o trabalho no carro adesivado.

A atitude foi hostilizada pelo restante do grupo. “Deixa ele trabalhar sozinho”, “Se não formos nós, vocês morrem lá dentro”, disseram os agentes aos companheiros de função que não seguiram a paralisação neste domingo (2).

Servidores que não aderiram ao movimento e decidiram ir para unidades prisionais foram hostilizados — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Servidores que não aderiram ao movimento e decidiram ir para unidades prisionais foram hostilizados — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Um representante da Seap, o major Lima Junior, esteve no local para conversar com os manifestantes. Aos agentes, ele disse: “não estou aqui para forçar ninguém. Vocês são funcionários da empresa [Umanizzare]. Meu papel é administrar lá e, como estou indo trabalhar também, na ausência dos senhores, nós temos que suprir a necessidade”.

Seap e Umanizzare negam paralisação

Em nota enviada à imprensa nesta tarde, após o fim do protesto, a Seap informou que “desconhece qualquer indício de paralisação por parte dos servidores da Umanizzare” e que os funcionários escalados para o plantão deste domingo (2) cumprem com suas respectivas funções. A pasta acrescentou ainda que “dispõe de efetivo para suprir tal carência”.

A Umanizzare informou, também por meio de nota, que a situação nas unidades é tranquila neste domingo (2), com os agentes de socialização “trabalhando normalmente e desempenhando as suas funções”.

Representando a Seap, major foi até manifestantes para conversar com a categoria — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Representando a Seap, major foi até manifestantes para conversar com a categoria — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Falta de segurança e medo

Segundo o servidor Francisco da Silva, os agentes de socialização estão dentro das unidades prisionais fazendo serviço de agente penitenciário. “O agente está desarmado, sem o mínimo de segurança, sem apoio da Secretaria e nem da empresa. Só fala do sistema prisional quem está lá dentro. Esse não é o primeiro, é o oitavo agente que é morto dentro e fora de unidade prisional”, comentou.

A paralisação, segundo ele é para chamar atenção das autoridades. “A gente só se lembra do sistema prisional quando acontece uma rebelião, uma morte. Eu tenho medo. A gente sai de casa para abraçar a morte”, completou.

Um dos representantes sindicais da categoria lamentou a morte do colega de trabalho em serviço. “Nossa luta aqui é por melhoria. A gente vem pedir que olhem pela nossa categoria, que é quem fecha as portas do inferno para a sociedade ter um pouquinho de paz. A gente quer trabalhar, a gente é cidadão, mas a gente quer ser tratado como ser humano”, disse.

A agente de ressocialização Suelen Costa atua no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat) há cinco anos. Segundo ela, os funcionários são diariamente ameaçados nas unidades prisionais.

“A gente não quer se manifestar fazendo baderna, a gente não está aqui para isso. A gente está aqui porque foi uma vida, foi um pai de família que saiu para trabalhar. (…) Quem trabalha lá, faz o seu trabalho direitinho, mas está lá porque precisa. A gente só está aqui procurando direitos. A gente trabalha lá na cara e na coragem, corremos riscos tanto lá dentro, quanto aqui fora”, protestou.

Paralisação ocorreu na manhã deste domingo — Foto: Karla Mello/Grupo Rede Amazônica

Paralisação ocorreu na manhã deste domingo — Foto: Karla Mello/Grupo Rede Amazônica

A Umanizzare disse em nota que acompanha de perto os últimos acontecimentos envolvendo a morte do colaborador Alexandro Rodrigues Galvão e presta apoio à família e aos outros colegas da vítima.

“A empresa disponibilizou toda a assistência aos colaboradores das unidades prisionais por meio do seu quadro profissional de psicólogos e assistentes sociais neste momento difícil, de um fato isolado”, diz trecho de comunicado.

Por medida de segurança, a Seap reforçou o monitoramento na unidade prisional e suspendeu a visitação aos presos neste domingo (2).

*(Colaborou Karla Mello, do Grupo Rede Amazônica)

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