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Santidade ao Senhor


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Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 5 do trimestre sobre “Adoração, Santidade e Serviço”

Lição 5

P U B L I C I D A D E

O tema de nossa Lição hoje é central em todo Pentateuco: santidade. Segundo D.G. Peterson [1], é difícil de determinar o significado etimológico das palavras “santidade” (hb. qôdesh, substantivo) ou “santo” (hb. qâdôsh, adjetivo). O sentido mais comum atribuído a estas palavras é o de “separação”, uma vez que geralmente aparece na Bíblia como oposto de “profano” ou “comum” (Lv 10.10). Uma coisa é certa: os termos santidade/santo são usados fundamentalmente para expressar um dos mais destacados atributos de Deus em toda Bíblia, fazendo referência à pureza suprema do ser e das obras de Deus, em distinção das coisas comuns ou profanas.

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Leia mais

    Lição 4 – A função social dos sacerdotes
    Lição 3 – Os ministros do culto levítico

I. Santidade, a marca do povo de Deus

    Deus como padrão de santidade para o povo

O Pai é santo, o Espírito já traz o nome de Santo, e o Filho é santo! Aliás, longe de atenuar a santidade de Jesus, o que o NT faz é exaltá-la: “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus” (Hb 7.26). Vemos nesse texto de Hebreus o profundo sentido da palavra “santo” quando atribuída à Deus na Bíblia: pureza, ausência de mancha, distinção dos pecadores, sublime majestade! Deus é o único santo em si mesmo, e, portanto, é nosso padrão mais elevado de santidade.

Mas a santidade é um atributo comunicável de Deus com suas criaturas, embora jamais gozaremos de plena pureza aqui, enquanto ainda sofremos as tentações da carne e os resquícios do velho homem não totalmente aniquilado. Deus é totalmente santo, distinto e separado de tudo o que ele fez, bem como diferente dos deuses venerados pelos canaanitas para cuja terra os hebreus fugitivos do Egito caminhavam. Tanto no AT como no NT, o povo santo de Deus, que partilha de sua santidade, é chamado a viver de maneira que demonstre a realidade do relacionamento com Deus e uns com os outros.

Em virtude de Deus ser o padrão de santidade e desejar que o povo ligado a ele demonstre semelhante pureza, é que ele ordena: “E ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos para serdes meus” (Lv 20.26). Este é talvez o texto-chave do livro de Levítico, e que aponta para a principal qualidade que Deus espera encontrar no povo que com mão forte ele livrou da escravidão do faraó, povo através do qual Deus deseja trazer as leis santas, os costumes santos e o Messias santo! Infelizmente, quase sempre Israel ficou aquém dos anseios e investimentos divinos (Is 5.1-7), embora isso não fosse surpresa para aquele que é também onisciente e previu as muitas quedas de seu povo eleito (Dt 31.15-18).

    Deus como fonte de santidade para o povo

A santidade não é um esforço sobre-humano para se adequar aos padrões de exigência da divindade. É uma obra que o próprio Deus opera em nós quando lhe damos o livre consentimento de nosso coração e submetemo-nos à sua vontade, ainda que tenhamos que sofrer a dor da renúncia.

Através de Moisés o Senhor disse ao povo: “Obedeçam aos meus decretos e pratiquem-nos. Eu sou o SENHOR que os santifica” (Lv 20.8, NVI). Percebamos: é o Senhor quem santifica o seu povo, é Ele quem remove a mancha do pecado e dignifica os seus escolhidos.

Todavia, como esta não é uma obra divina incondicional, Deus exige antes que seu povo lhe obedeça. Pois não há santificação onde não há obediência! Deus dá um coração fiel ao seu povo, para que este O ame de todo coração e de toda a alma (Dt 30.6), mas somente quando o povo se volta para Ele obedientemente (Dt 30.2). No Novo Testamento é dito que o sangue de Cristo nos purifica de todo pecado, mas somente se confessarmos nossos pecados e andarmos na luz (1Jo 1.7,9). Não existe santificação irresistível!

Israel deveria sempre olhar para Deus, e uma vez que dispunham da revelação agora escrita na Lei, perguntar-se: “o que agrada a Deus para que façamos? E o que aborrece a Deus para que evitemos?” – estas são perguntas sinceras que qualquer coração santificado e em santificação deve fazer. Deus revelou muitas das abominações que lhe desagradavam e pelas quais Ele traria juízo sobre os povos que habitavam Canaã (Lv 20.23). Como vimos nas lições anteriores, o livro de Levítico é um manual detalhado de pureza e de adoração, que enaltece a beleza da santidade de Deus pela qual Ele espera ser adorado (Sl 29.2; 96.9).

    Santidade para o povo de Deus no Novo Testamento

No NT Paulo diz que devemos discernir o que é agradável a Deus (Ef 5.10). Noutra ocasião ele diz qual a vontade de Deus para nós: “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1Ts 4.3). Embora leis cerimoniais e muitos costumes de Israel que demostravam o zelo do Senhor para com aquele povo já não se apliquem mais à Igreja do Novo Testamento, é fato que Deus continua exigindo santificação daqueles a quem ele, mediante Jesus Cristo, chama para si! “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados” (Ef 5.1).

Embora tenhamos nos fiéis servos do Senhor exemplos de santidade que devem nos inspirar uma conduta de vida reta (1Co 11.1; 2Tm 2.22; Hb 13.7), Deus continua sendo a maior referência de pureza para o qual devemos olhar:

“Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo. E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação” (1Pe 1.15-17).

E novamente, Deus é apontado como a fonte de nossa santidade (estado) e santificação (processo): “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23).
II. A santidade no ministério levítico

Uma vez que Deus, o Santo, levou os israelitas a um relacionamento especial com ele redimindo-os e habitando no meio deles, a exigência fundamental do código levítico era: “sejam santos, porque eu sou santo” (Lv 11.44,45; 19.2; 20.7,26). Os israelitas já eram uma nação santa no sentido posicional porque Deus já os havia trazido para si, mas no Sinai deveriam descobrir as imensas implicações de ter um relacionamento com Deus, que deveria levá-los a experimentar progressivamente a purificação e a perfeição.

    Sacerdotes como modelos de santidade

Os sacerdotes levitas, por serem líderes do povo, deveriam ser seus referenciais de integridade, retidão e pureza. Precisavam consagrar-se a Deus para que não fossem fulminados (Ex 19.22). Especialmente eles deveriam com suas próprias vidas ilustrar o grande zelo de Deus. A morte de Nadabe e Abiu, sacerdotes filhos de Arão que ofereceram a Deus fogo estranho, foi posta como exemplo para os demais ministros do culto, bem como para inspirar temor em todo o restante do povo: “Serei santificado naqueles que se chegarem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo” (Lv 10.3). Igualmente os filhos de Eli foram destruídos porque “não se importavam com o Senhor” (1Sm 2.12-26); embora sacerdotes, Hofni e Finéias desprezaram ao Senhor e foram levianos na ministração das ofertas e pagaram o preço de sua irreverência.

    Santidade externa: a reputação de Deus expressa no corpo dos sacerdotes

No capítulo 28 de Êxodo vemos as orientações quanto a confecção do vestuário dos sacerdotes, cuja beleza deveria simbolizar a glória e a santidade de Deus. “Também farás uma lâmina de ouro puro, e nela gravarás como as gravuras de selos: SANTIDADE AO SENHOR” (Ex 28.36).

Já os capítulos 21 e 22 de Levítico trazem o padrão de santidade ordenado por Deus para a conduta dos sacerdotes. De todas as obrigações morais, familiares, sociais e litúrgicas que ali estão expressas, o resumo é: “Santos serão a seu Deus, e não profanarão o nome do seu Deus, porque oferecem as ofertas queimadas do Senhor, e o pão do seu Deus; portanto serão santos” (Lv 21.6), e ainda “Portanto o santificarás, porquanto oferece o pão do teu Deus; santo será para ti, pois eu, o Senhor que vos santifica, sou santo” (Lv 21.8). A santidade deve ser, portanto, tanto interior quanto exterior (nessa devida ordem!); tanto em nosso caráter (o que somos) como em nossa reputação (como nos apresentamos).

Tamanha era a qualidade exigida por Deus daqueles que oficiavam no culto levítico, que portadores de deficiência física não poderiam exercer o sacerdócio (Lv 21.16-23). Christopher Wright [2] comenta sobre esse impeditivo para o ofício sacerdotal:

“No mundo do simbolismo israelita, a integridade espiritual e moral se expressava na inteireza física, de sorte que homens que pertenciam a famílias sacerdotais, mas tinham algum defeito físico, não tinham permissão para fazer os sacrifícios no altar. Não eram, no entanto, excluídos da renda e apoio materiais dados aos sacerdotes e podiam se alimentar das coisas santas, i.e., da comida sagrada, que era a porção dos sacerdotes”.

Na vida e no ofício sacerdotal a reputação de Deus deveria ser exaltada. O Senhor não toleraria que seu nome e sua glória fossem maculados e escarnecidos pelos israelitas ou pelos gentios em razão da má conduta dos sacerdotes. Por isso sobre eles pesava a advertência: “Santos serão a seu Deus, e não profanarão o nome do seu Deus…” (Lv 21.6; 22.2).
III. A santidade do povo de Deus

A santidade de Deus deveria permear todos os membros da congregação de Israel, não apenas a liderança. E todas as áreas, não apenas a litúrgica, deveriam ser atingidas pela santificação. Ou seja: santidade para todos os homens, e para o homem todo! Não havia um departamento da vida judaica da qual Deus não desejasse ter completo domínio, e sobre o qual Deus não requeresse pureza.

Basta que tomemos, por exemplo, o capítulo 19 de Levítico para ver como Deus requeria santidade de seu povo tanto na relação com Deus quanto nas relações com o próximo (família, pobres, estrangeiros, gentios, etc.). O resumo apresentado pelo Comentário Bíblico Beacon [3] dá-nos um esboço deste capítulo:

– respeito pelos pais e pelos sábados (v. 4);
– abstinência da idolatria (v. 4);
– procedimento correto dos sacrifícios pacíficos (vv. 5-8);
– preocupação pelos pobres e estrangeiros ao não fazer uma colheita total das plantações (vv. 9,10);
– proibição de roubar, mentir e negociar com falsidade (v. 11);
– de jurar falsamente e profanar o nome de Deus (v. 12);
– de se aproveitar do surdo e do cego (v. 14);
– de fazer julgamentos injustos (v. 15);
– de fofocar (v. 16);
– de odiar o próximo (v. 17);
– de se vingar (v. 18);
– de misturar raças, sementes ou tecidos (v. 19);
– de comer o fruto das três primeiras safras de árvores frutíferas (vv. 23,25);
– de comer sangue (v. 26);
– de praticar ocultismo (vv. 26,31);
– de cortar o cabelo impropriamente ou de se golpear pelos mortos (vv. 27,28);
– de prostituir a própria filha (v. 29);
– de fazer transações comerciais desonestas (vv. 35,36);
– ordem para respeitar os mais velhos (v. 32);
– amor pelo próximo e pelo estrangeiro como o amor que se tem por si mesmo (vv. 18,33,34).

Observe que santidade não tem a ver apenas com a forma de vestir ou falar, mas com uma conduta de vida que ilustre o próprio caráter de Deus. Como Deus zela pela sua honra, devemos zelar pela nossa; como Deus trata com bondade as pessoas, devemos trata-las; como Deus aborrece o mal, devemos aborrecê-lo.

O persistente ensino da Lei do Senhor aos filhos de Israel (Dt 4.9; 6.4-9) objetivava garantir a santidade contínua do povo e a glória de Deus entre eles consequentemente. Quando a lei era esquecida, o povo caía em ruína (Dt 28.15-68); quando lembravam-se da lei para praticá-la, o Senhor removia a maldição e trazia a benção em meio a um reavivamento espiritual, como nos dias do rei Josias (2Re 22) ou do sacerdote Esdras (Ed 10; Ne 8,9).

    Santidade da igreja do Senhor Jesus

Se Israel outrora foi o povo através do qual Deus fez resplandecer a beleza de sua santidade, hoje é através da Igreja constituída de todos os salvos em Cristo espalhados pelo mundo que Deus resplandece a sua glória (Mt 5.16). Eis aí a responsabilidade de nós cristãos vivermos uma vida pura, que sirva como um bom testemunho de nossa fé para atrair os pecadores ao Senhor! Como Paulo exorta: “para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo” (Fp 2.15). O evangelista Billy Graham, que hoje já descansa no Senhor, dizia que nós somos a única Bíblia que muita gente irá ler em toda sua vida. O que as pessoas estão lendo em nós?

Conquanto todos os crentes hoje sejam sacerdotes de Cristo, é bem verdade que a liderança do rebanho do Senhor precisa colocar-se como exemplo de boas obras para a igreja e para o mundo em volta. Como dizia Paulo a Tito: “Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós” (Tt 2.7,8). Más lideranças põem o rebanho a perder e jogam sob o descrédito a mensagem do Evangelho. Ao invés de atraírem, repelem as almas. Mas como dizia Paulo, “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel” (1Co 4.1,2).

Não obstante, cada crente que almeja pelo céu deve buscar a paz com todos e a santificação, pois sem esta ninguém verá a Deus (Hb 12.14). Nas palavras de Jesus, “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus” (Mt 5.8). Examinemos nosso coração, nossa mente e nossas obras e avaliemos se estamos dentro do padrão de qualidade exigido por Deus ou se estamos aquém. Se necessário, façamos da oração de Davi a nossa oração: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10).

Merece destaque o comentário de Claudionor de Andrade [4]: “Fomos chamados a refletir a glória de Jesus Cristo onde quer que estejamos. Que todos vejam, em nossa face, o rosto de Cristo; em nossas mãos, a providência divina; e, em nossos pés, o Evangelho que alcança os confins da terra”. Aleluia! Façamos jus ao título de cristão que carregamos, afinal sobre ele está o nome de Cristo!

CONCLUSÃO

Mais que um estudo descritivo, que esta Lição de hoje sirva para nos inspirar a uma vida de pureza diante de Deus e dos homens. Somos enquanto Igreja a “nação santa” (1Pe 2.9), repousa sobre nós o privilégio tanto quanto pesa a responsabilidade de sermos embaixadores de Cristo (2Co 5.20). Como dizia Matthew Henry, “Sede santos” é a grande lei fundamental da nossa religião. Amém.

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REFERÊNCIAS

[1] D.G. Peterson. Novo Dicionário de Teologia Bíblica, Vida, p. 1167
[2] Christopher Wright. Comentário Bíblico Vida Nova, p. 235
[3] Comentário Bíblico Beacon, vol. 1, CPAD, p 294. adaptado
[4] Claudionor de Andrade. Adoração, santidade e serviço: os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico, CPAD, p. 61

Tiago Rosas

Presbítero da Assembleia de Deus em Campina Grande-PB. Coordenador de Escola Bíblica Dominical. Autor do livro A Mensagem da cruz: o amor que nos redimiu da ira.

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