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Racismo é cotidiano nas escolas, mas só a educação transforma, diz militante negra


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Foi na escola que a professora Antonieta Luísa Costa, 51 anos, negra e militante do movimento negro, viu uma das situações mais emblemáticas de racismo. Ela conta com tristeza que, na hora do recreio, um grupo de alunas, de 12 a 13 anos, de uma unidade estadual em Cuiabá, pegou a merenda, na qual tinha farofa de banana, separou pedaços da fruta e jogou em colegas negras, fazendo menção a elas como “macacas”. A cena fez com que a direção da unidade tomasse uma atitude. “O trabalho de conscientização, de respeito às diferenças para reverter o preconceito é gradativo. Houve conversas com professores, com alunos, com a comunidade escolar e não tivemos mais casos como este”, afirma.

P U B L I C I D A D E

Nieta, como a professora é conhecida, há 36 anos luta pela igualdade racial no Brasil. Batalha para que a Lei 10.639, de janeiro de 2003, que obriga o ensino de “história e cultura afro-brasileira”, seja implementada na sua totalidade. “Não queremos uma política de eventos, em que no Dia da Consciência Negra seja feita uma festa, queremos políticas públicas que mostrem para a sociedade a luta do povo preto e que essa história seja valorizada”, defende.

Para a militante, os desafios para se alcançar uma sociedade igualitária são diários. “O racismo está presente cotidianamente no ambiente escolar. É real”, reforça. “Infelizmente em pleno século 21 as mazelas do racismo vêm fazendo suas vítimas. Em 20 anos matamos mais jovens pretos do que a Guerra do Vietnã”, cita. “A vertente racista do país se mostrou de forma clara neste último processo eleitoral, pois até então víamos um racismo velado”, compara.

O racismo está presente cotidianamente no ambiente escolar. É real

“Ataques racistas, pelas redes sociais, a famosas como a jornalista Maju Coutinho e as atrizes Tais Araújo e Sheron Menezes, demonstram que o preconceito não é econômico, como muitos tentam afirmar. A questão é da raça. Tentam embranquecer o negro, chamar de moreno escuro, moreno jambo, marrom bombom, chocolatinho, todas formas preconceituosas de denominar o povo preto”, critica.

Segundo ela, Mato Grosso possui 62% da população formada por negros e afrodescendentes e tem conseguido marcos na luta pela igualdade racial. “Na era da educação conseguimos implantar políticas afirmativas na UFMT e obtivemos o ingresso de 100 quilombolas na instituição nos mais diversos cursos de licenciatura. Para 2019 estamos com perspectiva de ingresso de mais 100”, cita.

Neste mês, o movimento negro realiza uma série de agenda para marcar o 20 de novembro. “Somos carentes de heróis pretos e esta data é nossa referência”, avalia. A data lembra a morte do líder Zumbi dos Palmares, que lutou pela libertação dos negros escravizados durante o período colonial no País

No último dia 12, o Ministério Público Estadual (MPE) promoveu audiência pública sobre Educação para Relações Étnico Racial em Mato Grosso.  

No sábado (24), ocorre uma roda de conversa, das 8h às 12 sobre “O Brasil na década dos Afrodescendentes”, que é uma proposta da ONU para que a sociedade discuta, proponha e implemente políticas publicas e ações afirmativas voltadas à diminuição da discriminação racial no país. O debate será mediado pela professora Antonieta.

Nos dias 25 e 26 de novembro ocorre o 1º Encontro Estadual de Mulheres Quilombolas de MT, na comunidade Ribeirão da Mutuca (em Nossa Senhora do Livramento). E fechando o mês, no dia 30 haverá apresentação de capoeria, no Misc.

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