Acre
Primo que atirou em cabeça de criança quando tentava matar boi no Acre ‘não come, só chora’, diz família
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A pequena Francisca Jaqueline Almeida, de 10 anos, passou por uma cirurgia no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), para retirar a bala que ficou alojada na cabeça. Ela foi atingida acidentalmente por um tiro quando o primo matava um boi, no último sábado (27), na zona rural de Rodrigues Alves, no interior do Acre.
A mãe de Francisca, a dona de casa Maria Paulina, de 29 anos, conversou com o G1 e disse que o primo, cujo nome ela pediu para preservar, está muito abalado com o que aconteceu.
“Ele está transtornado, não come e só chora. Ele a esposa dele, estão todos assim. Foi um tiro acidental. Não foi porque ele quis, não viu ela”, defende a mãe.
O rapaz estava atrás de um boi numa região de mata e do local onde ele estava posicionado não dava para ver a menina.
“Ele estava muito longe e não estava vendo minha filha. Ele estava na mata e minha casa fica no meio do campo. Pedi que ela fosse na casa da minha irmã levar um copo de arroz. Ela saiu, quando escutei o barulho do tiro que saí na varanda, ela já estava no chão”, conta.
Socorro
Como moram num local afastado, o pai de Francisca precisou ir de moto até a cidade para chamar o socorro. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atravessou a balsa em Rodrigues Alves com a menina, onde outra ambulância, com suporte avançado, a conduziu até Cruzeiro do Sul, para que ela recebesse os primeiros atendimentos.
Ela diz que o disparo aconteceu porque o animal era bravo e não tinha como prendê-lo para fazer o abate, por esta razão ele precisou atirar para tentar matar o boi, e acabou acertando a menina.
Menina está na UTI
Transferida para Rio Branco, a menina passou por uma cirurgia no Huerb e foi levada para o Hospital da Criança, no domingo, (28), onde está internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). O quadro de saúde é grave.
Maria Paulina, diz que segundo os médicos, o quadro da filha é estável — Foto: Alcinete Gadelha/G1
O diretor do Hospital da Criança, Wagner Bacelar, disse que a menina respira com a ajuda de aparelhos.
“A situação é grave. Encontra-se na UTI pediátrica e toda a equipe vem prestando a assistência necessária que o caso requer, porém, o caso é de extrema gravidade”, disse.
Menina de dez anos corre risco de ficar com sequelas — Foto: Arquivo pessoal
Homem ainda não foi ouvido
O delegado responsável pelas investigações, José Obetânio, esperava que o suspeito do disparo se apresentasse nesta segunda à delegacia. Como ele não se apresentou, uma equipe da Polícia Civil foi enviada à comunidade para tentar localizá-lo.
“Uma equipe já se dirigiu para a comunidade com o objetivo de localizar a intimar o cidadão’, afirmou o delegado.
No dia do incidente uma equipe da PM foi à comunidade e ouviu moradores que contaram que o rapaz estava dentro de uma mata com uma espingarda aguardando o animal se aproximar para abatê-lo e, quando atirou, o projétil atingiu a criança que passava a mais de 100 metros de distância.
O cartucho da arma deflagrado foi encontrado pela equipe da PM e levado para a delegacia.