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POR QUE HOMENS REAGEM PIOR À COVID-19? UMA CIENTISTA BRASILEIRA PODE TER A RESPOSTA


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Paula Freire, Geneticista da USP, conduziu estudo que descobriu diferenças importantes no perfil imunológico de homens e mulheres

Você sabia que homens têm até 3x mais chances de irem para a UTI depois de serem contaminados pela Covid-19? Até agora, segundo os cientistas, mulheres reagem melhor à infecção do que pacientes do sexo masculino – e a geneticista Paula Freire, da Universidade de São Paulo (USP), pode estar perto de descobrir o motivo. Em suas pesquisas, ela e seu grupo compararam o perfil imunológico de aproximadamente mil pacientes homens e mulheres contaminados, notando uma diferença: enquanto nas mulheres a resposta imune ao vírus é controlada, a reação das células de defesa do organismo masculino é mais desregulada – o que lesiona os órgãos e acarreta em complicações graves. Entenda como isso acontece na matéria!

Análise de amostras dos transcriptomas de homens e mulheres levou à descoberta da diferença nas respostas imunes

A diferença entre as reações de homens e mulheres diante do coronavírus foi percebida por Paula Freire enquanto a cientista analisava bases de dados de pacientes de acordo com sexo, idade e carga viral. A princípio, o objetivo da pesquisadora não era comparar a reação de homens e mulheres à doença, no entanto, o evento chamou atenção. Logo, Paula decidiu analisar os pacientes a partir de amostras de seus transcriptomas – conjunto completo de transcritos (RNAs mensageiros, RNAs ribossômicos, RNAs transportadores e os microRNAs) de um dado organismo.

E por que observar o transcriptoma? A resposta é simples: ao analisar a transcrição de genes, é possível entender quais foram as instruções do DNA, presente no núcleo da célula, para os RNAs mensageiros – espécie de ‘garotos de recados’ que levam as ‘ordens’ do DNA para o citoplasma. Nesse caso, as ordens são levadas para os ribossomos, onde as proteínas que nos formam são fabricadas. O que acontece é que esse “manual de instruções” (os genes) pode até ser igual para homens e mulheres, mas isso não significa que ele é lido da mesma forma pelo organismo.

Comparando os padrões de transcrição de genes moduladores de resposta imune – a partir das células do epitélio nasal de aproximadamente 1.000 pessoas com Covid-19 -, Paula e sua equipe chegaram a uma conclusão: homens aparentemente têm uma reação exacerbada do sistema imunológico ao vírus, que acaba lesionando os órgãos do paciente. Nas mulheres, esse contra-ataque do organismo é mais controlado (modulado), porque elas convocam menos neutrófilos para a batalha – um tipo de célula de defesa que, em excesso, danifica tecidos inocentes. Agora, com essa descoberta, a esperança é que seja possível elaborar novas estratégias terapêuticas para a doença.

Paula também se dedica a analisar o transcriptoma para descobrir mais sobre a resposta imune em outras doenças

Esse estudo, no entanto, não é o primeiro em que Paula Freire se dedica a analisar o transcriptoma para decifrar uma doença – na verdade, a análise da Covid-19 é apenas o estudo mais recente feito pela geneticista. A cientista também pesquisa sobre caquexia, a perda de peso, gordura e músculos, principalmente em pacientes com câncer, como resultado da resposta imune exacerbada ao invasor, no caso, o tumor. Para esse estudo, Paula também busca respostas no transcriptoma – e, assim como no caso do coronavírus, percebeu que mulheres também levam vantagem por conseguirem modular melhor o sistema imune.

Para os cientistas, uma das hipóteses para explicar o refinamento imunológico feminino é a gravidez. Uma vez que mulheres são capazes de carregar um corpo estranho dentro de si por 9 meses sem que as células ataquem o feto, seu sistema imune pode ter evoluído para ser mais controlado do que o do homem.

 

 

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