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Poluição do ar pode afetar o sonho da maternidade


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Novo estudo europeu revela que poluentes no ar prejudicam a reserva ovariana; mulheres devem ficar atentas a opções para preservar a fertilidade

Morar em a?reas com altos ni?veis de poluentes no ar pode aumentar em 2 a 3 vezes o risco de reduc?a?o importante da reserva ovariana feminina. É o que diz um novo estudo apresentado no encontro anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, que revelou que a exposição à poluição atmosférica pode estar entre as causas da infertilidade feminina. 

Desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Modena e Reggio Emilia, na Itália, o estudo “The Ovarian Reserve and Exposure to Environmental Pollutants” analisou os ni?veis hormônio antimülleriano (HAM) em cerca de 1.300 mulheres que residiam em Modena entre os anos de 2007 e 2017. De acordo com os especialistas envolvidos no estudo, o trabalho relacionou a taxa de produção de óvulos das mulheres com a poluição atmosférica do local onde elas residiam. Ou seja, a poluição em grandes capitais pode ocasionar, além de doenças cardiovasculares e pulmonares, uma nova preocupação para as mulheres em idade reprodutiva: a infertilidade. 

O médico creditado pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) Carlos Roberto Izzo explica que os ni?veis de HAM têm sido amplamente utilizados como marcador da reserva ovariana. Segundo o estudo, os i?ndices de material particulado (aerosol) e de poluentes no ar podem ter impacto negativo em relac?a?o à reserva ovariana das mulheres. “A avaliac?a?o da reserva ovariana esta? associada a foli?culos ovarianos via?veis e pode ser utilizada como indicador da fertilidade feminina”, diz.

Estudo – Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é que o nível de material particulado (MP 2,5) presente no ar não passe de 10 µg/m³ por ano ou 25 µg/m³ em 24 horas. No estado de São Paulo, por exemplo, dados recentes mostram que a média gira em torno de 25 a 28 microgramas por m³ por ano, quase três vezes mais que o recomendado.

Durante o estudo, foram medidos os ni?veis de NO? (dio?xido de nitroge?nio), ga?s poluente derivado da queima de combusti?vel e de material particulado. Os pesquisadores analisaram a faixa etária e os ni?veis de exposição aos poluentes de acordo com a a?rea geográfica da reside?ncia da mulher (geolocalizac?a?o). Segundo Carlos Roberto Izzo, verificou-se que os limites de seguranc?a estabelecidos em relac?a?o aos poluentes do ar pela Unia?o Europeia e autoridades locais esta?o acima do que seria seguro em relac?a?o à fertilidade.

Os resultados também apontam a idade como o principal fator responsável pela queda da reserva ovariana nessas mulheres. Isso porque, com o avançar dos anos, a quantidade e a qualidade dos óvulos começam a diminuir. Neste sentido, após levar a idade em consideração, a poluição do ar também apresentou seus efeitos. No entanto, na avaliação de Izzo, o estudo não apresenta uma associac?a?o exclusiva de causa e efeito entre a poluição e a fertilidade feminina. 

“Ainda não é possível concluir se foi, exclusivamente, a exposição à poluição que refletiu na maior incide?ncia de infertilidade em a?reas geogra?ficas de maior poluic?a?o, uma vez que fatores ambientais também podem modificar a dina?mica ovariana, independente da faixa eta?ria da mulher”, avalia o médico, que também é mestre e doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

O estudo não traz evidências se o impacto da poluic?a?o do ar na reserva ovariana e? permanente ou se causa efeitos nocivos sobre a concepc?a?o. Segundo ele, outros aspectos do estilo de vida das mulheres devem ser considerados, assim como o ambiente pode ter papel-chave no decli?nio da fertilidade. “Existe uma evide?ncia emergente de que muitos produtos qui?micos ambientais, assim como componentes naturais e artificiais da dieta, te?m potencial de alterar o papel fisiolo?gico dos hormo?nios, interferindo na biossi?ntese, sinalizac?a?o e metabolismo dos mesmos”, esclarece.

O especialista também ressalta que a dosagem do hormônio antimülleriano é fundamental para avaliar a reserva ovariana da mulher. Por esse motivo, quando se detectabaixa reserva ovariana e? importante orientar a mulher sobre as possíveis chances de gestac?a?o e sobre as opc?o?es de preservac?a?o da fertilidade disponi?veis.

Em gestantes, a poluic?a?o do ar tem sido associada a patologias apresentadas durante a gestac?a?o. De acordo com o médico, no entanto, esse estudo na?o demonstrou tal ocorre?ncia de maneira clara. “O que sabemos é que a exposic?a?o a? poluic?a?o do ar durante a gestac?a?o pode causar baixo peso no bebê, prematuridade e aumento do risco de autismo. Por isso, é recomenda?vel a diminuic?a?o da exposic?a?o das gestantes ao ar polui?do”, alerta.  

O médico reforça ainda alguns cuidados que podem ser tomados por gestantes.  “Não residir em regio?es com baixa qualidade do ar, evitar contaminantes do ar na sua reside?ncia, evitar exposic?a?o ao ar polui?do, permanecendo em ambientes protegidos e manter em casa plantas com capacidade de filtrac?a?o natural do ar, assim como purificadores de ar”.

Segundo Izzo, os altos ni?veis de poluic?a?o do ar podem gerar impacto negativo em relação às taxas de gestação de casais submetidos às técnicas de reprodução assistida, além de aumentar eventualmente as chances de mulheres desenvolverem menopausa precoce. Neste sentido, mulheres jovens que residem nessas regiões podem recorrer à reprodução assistida a fim de preservar a fertilidade. “Essas mulheres precisam pensar no planejamento da sua gestação e devem procurar um médico especialista para que ele possa analisar qual a técnica mais viável para preservar a fertilidade da paciente. Existem diversas opções disponíveis e uma delas é o congelamento de óvulos”, finaliza.

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