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Pandemia acentua isolamento e perda de liderança do Brasil diante dos vizinhos da América do Sul


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A reação dos vizinhos sul-americanos ao comportamento do presidente Jair Bolsonaro no combate ao novo coronavírus dá a medida de como o Brasil se isolou e perdeu a liderança no continente. No momento em que o país se perfila como o epicentro da pandemia no mundo, os presidentes de Argentina, Chile, Uruguai e do Paraguai se mostram apreensivos sobre o risco que representa para toda a região.

P U B L I C I D A D E

O argentino Alberto Fernández confirmou que vem articulando conversas com outros líderes sobre o descaso com que o presidente brasileiro trata a epidemia: “Eu não entendo como o Brasil, que faz fronteira com toda a América do Sul, à exceção de Chile e Equador, age com tanta irresponsabilidade.”

Em lados opostos ideologicamente, os chefes de governo de Brasil e Argentina também adotaram posturas dissonantes em relação à Covid-19. Fernández decretou medidas rígidas de isolamento social, como a quarentena compulsória, para aplacar a propagação do vírus.

A Argentina registra 5.208 casos e 278 mortos, o que equivale a uma taxa de letalidade de 6 para cada milhão de pessoas. Para os que defendem que o fim do confinamento deve ser acelerado, para não destruir a economia, o presidente é taxativo: “Sair da quarentena seria levar à morte milhares de argentinos.”

Avesso ao isolamento social aplicado pelos demais vizinhos, sobretudo os dez países com que o Brasil mantém fronteiras, Bolsonaro sustenta que a liberdade é mais importante do que a vida e circula livremente cercado por multidões. No momento, a curva da pandemia no país está em franca ascensão e a taxa de letalidade está em 43 para cada milhão. Pelos dados oficiais, 135 mil brasileiros enfrentam a doença — sem contar os subnotificados e que não foram submetidos a testes. Pelo menos nove mil perderam a vida para o vírus — 600 nas últimas 24 horas.

O aparente desprezo do presidente brasileiro pelas medidas de contenção, enquanto os hospitais não dão conta da sobrecarga, inquieta outros presidentes da região, incluindo os alinhados a Bolsonaro, como Sebastián Piñera, do Chile, Ivan Duque, da Colômbia e Mario Abdo Benítez, do Paraguai, que fizeram o dever de casa para conter a pandemia, respeitando as regras da boa vizinhança.

Desta vez,o paraguaio Abdo, que tirou todos os pacientes da UTI; está no campo oposto e recusa-se abrir a fronteira com o Brasil. No início da semana, ele foi a Ciudad del Este e determinou o reforço do controle militar nas principais passagens.

Como nos demais países, o objetivo é impedir a entrada no país de brasileiros, que agora também carregam consigo o estigma de vetores do contágio.

G1

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