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Palestra e oficina são ministradas por fotógrafos cego e cadeirante


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Atividades nos dias 7 e 8 de junho são parte do projeto Prêmio NH de Fotojornalismo

P U B L I C I D A D E

Para escrever com a luz, como significam as palavras “foto” e “grafia”, basta sonhar e ter vontade. Pelo menos essa é a lição tirada das histórias de vida dos dois palestrantes da oficina fotográfica que integra a exposição itinerante do 13º Prêmio New Holland de Fotojornalismo. João Maia é cego e Valdir Gonçalves, cadeirante. Eles estarão nos dias 7 e 8 de junho debatendo sobre fotografia e suas experiências profissionais na Biblioteca Pública do Paraná, em Curitiba.

Sonho

João Batista Maia da Silva, 44 anos, nasceu no Piauí, mas foi em São Paulo que perdeu e, principalmente, conquistou algo que mudou sua vida. A fotografia, sem querer, sempre o acompanhou. Na adolescência ganhou uma câmera de plástico do irmão e no Ensino Médio a câmera profissional de um professor chamava sua atenção. Sem falar que o pai de um amigo era fotógrafo, o que lhe incentivava mais a conhecer o ofício.

“Em São Paulo, com o primeiro salário, comprei uma câmera fotográfica. Sempre gostei de fotografia, lia muito. Ia sempre ao cinema, até porque, por trás de um grande filme, tem um grande diretor de fotografia”, lembra Maia.

Em 2008, no entanto, surgiu algo até então impensável para qualquer fotógrafo: a perda da visão. Do olho direito, já não enxerga nada; do esquerdo, tem baixíssima visão, vê apenas “vultos coloridos”. “Tenho apenas a visão ‘conta dedo’, quando o médico coloca dois dedos na sua frente. Se ele afasta um pouco, já não vejo nada”.

O desafio não acabou com o amor pela fotografia, porém, exigiu adaptação. “A cegueira me fez fotografar usando os outros sentidos. Por exemplo, no esporte, transformo o som em imagem, escuto o grito da torcida, do atleta, e crio toda uma comunicação para fotografar”. O mesmo ele faz com o olfato, sentindo o cheiro característico do ambiente, e com o tato, percebendo a textura.

Esse talento fez João Maia dar um salto significativo na carreira. “Fui o primeiro fotógrafo cego do Brasil a trabalhar nas Paraolimpíadas do Rio 2016. Isso foi um marco na minha vida”, destaca.

Para fazer a foto, tem o apoio da tecnologia. “O foco a máquina dá”. Já o enquadramento, usa a experiência. “Eu tenho um resíduo visual, o que ajuda, mas eu também dou margem de segurança para fazer o enquadramento”.

Para 2020, João Maia tem o projeto de ir para às Paraolimpíadas, em Tóquio. Com empenho e os amigos, acredita que alcançará esse objetivo. “Se eu não sonhasse, não estaria falando com você. Sempre quis ser fotógrafo”.

Vontade

Valdir Queiroz Gonçalves, 48 anos, não nasceu cadeirante, assim como seu colega de profissão que perdeu a visão já na fase adulta. De São Paulo, tem exatos 30 anos de experiência em escrever com a luz. “Meu primeiro emprego foi em uma agência de turismo, e sempre gostei de fotografar. Fiz o curso de fotografia no Senac”. Na carreira, começou como assistente de fotógrafo em eventos. Depois, passou a fazer mais imagens da natureza, paisagem, com um viés mais artístico, segundo ele, da fotografia.

No ano 2000, Gonçalves se tornou cadeirante devido a uma sequela neurológica. “Quando você passa por um processo desse, enfrenta um luto, até passa por um período de depressão. Mas existem outras formas com que você pode fazer”.

Atualmente como freelancer em duas agências de São Paulo, ele cobre também eventos corporativos. A primeira vez que fez o trabalho, lembra, o cliente não aceitou “muito bem” o fato de ele ser cadeirante, o que gerou uma situação de estresse. Porém, quando esse mesmo cliente contratou a agência novamente, exigiu que fosse Valdir o fotógrafo do evento. “As pessoas não estão acostumadas a lidar com deficientes. Você não vê, por exemplo, deficientes assumindo posição de liderança em uma empresa, tomando decisões em uma organização”, destaca.

Justamente o que poderia ser uma limitação, insere Valdir Gonçalves ainda mais no trabalho, fazendo com que ele perceba, e faça, algo que outro profissional não realiza. “Eu coloco a minha particularidade no trabalho. Chego 30 minutos antes no local, primeiro para eu me organizar no ambiente, devido a minha questão física. Já deixo o local preparado para mim. Depois, converso com o cliente para saber o que ele quer, mas, principalmente, o que ele não quer em uma foto”.

Essas histórias serão contadas pelos protagonistas no dia 7 de junho, quando ocorrerá a primeira palestra e bate-papo desta edição do Prêmio New Holland de Fotojornalismo. No dia seguinte, com o limite de 30 participantes inscritos, será a oficina de fotografia, onde os presentes poderão colocar em prática o trabalho. Esta oficina conta com o apoio da Biblioteca Pública do Paraná e parceria do setor de braile do próprio espaço.

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Serviço

13º Prêmio New Holland de Fotojornalismo

Palestra e bate-papo

Quando: 7 de junho (sexta-feira)

Horário: 17h30

Local: Biblioteca Pública do Paraná

Rua Cândido Lopes, 133, Centro, Curitiba

Oficina de fotografia (limite 30 pessoas)

Quando: 8 de junho (sábado)

Horário: das 9h30 às 12h30

Onde: Biblioteca Pública do Paraná

Rua Cândido Lopes, 133, Centro, Curitiba

Sobre o Prêmio New Holland de Fotojornalismo

O Prêmio New Holland de Fotojornalismo é um projeto cultural apoiado pela Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura e patrocinado pela New Holland e pelo Banco CNH Industrial, com realização da Mano a Mano Produções Artísticas. Criado com o objetivo de valorizar o trabalho dos repórteres fotográficos, o projeto passou a premiar também fotógrafos não profissionais — pessoas aficionadas pela fotografia. Inicialmente restrito ao Brasil, o concurso foi ampliado primeiramente para o Mercosul e, ao completar dez anos, para toda a América do Sul, tornando-se o principal concurso fotográfico desses países. Além da premiação, o projeto realiza exposições fotográficas itinerantes e workshops nos países participantes.

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