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Nossa luta não é contra carne e sangue – Por Tiago Rosas


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Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 8 do trimestre sobre “Batalha espiritual”.

P U B L I C I D A D E

A Lição de hoje servirá como uma introdução para o estudo do tema a armadura de Deus, assunto da próxima semana. Hoje nosso foco será identificar os adversários espirituais em nossas pelejas cotidianas, baseando-nos numa interpretação contextual e exegética do último capítulo da carta de Paulo aos Efésios. Caneta e papel na mão para fazer suas anotações e… bom estudo!

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I. A inclusão do tema no final da epístola

Paulo está chegando ao final de sua epístola aos Efésios, mas antes da despedida ele chama a atenção de seus leitores para a batalha espiritual contra o reino das trevas que todo crente passa nesta vida, especialmente em face da multiplicação do mal no mundo.

1. “No demais” (v. 10a)

Ao introduzir o assunto da batalha espiritual e da armadura de Deus para o crente, Paulo usa uma expressão que numa primeira leitura parece significar “finalmente, meus irmãos…”, mas, como pontua Willard Taylor [1], a expressão “No demais” (gr. tou loipou) contém a ideia de “daqui em diante” mais que “em conclusão”. Ou seja, Paulo não está meramente chamando nossa atenção para uma parte conclusiva de sua epístola, mas exortando-nos quanto às batalhas espirituais travadas “daqui em diante” (isto é, continuamente), e como devemos equipar-nos adequadamente para sermos vitoriosos.

Como bem salientou Martyn Lloyd-Jones, nos cinco primeiros capítulos da carta aos Efésios Paulo falou sobre o viver cristão, mas agora, a partir deste ponto (6.10), o apóstolo passa a falar da “poderosa oposição ao viver cristão, oposição que inevitavelmente todos enfrentamos neste mundo passageiro” [2]. A vida cristã não é um mar de flores ou um céu sempre azulado. Há lutas e pelejas intensas no reino espiritual, e o Espírito Santo não quer que sejamos ignorantes quanto a isso, pois a ignorância é uma boa oportunidade para o diabo nos enredar em suas armadilhas.

2. “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (v. 10b)

Neste ponto, duas coisas são dignas de nota: o apelo redundante à ideia de força/poder nesta primeira parte do versículo e também a preferência do apóstolo Paulo pelo uso da voz passiva no texto grego. Aos que estão menos acostumados com estes assuntos de ordem gramatical, explicamos em termos gerais que voz passiva representa o sujeito como sendo o que recebe a ação. Por exemplo, na frase “Jesus foi batizado nas águas”, a ação não é praticada por Jesus, pois não foi Jesus quem batizou a si mesmo; ele apenas recebe a ação praticada por outro (implicitamente João Batista, que batizou a Jesus).

Sobre a redundância de Paulo (“fortalecei-vos… força… poder”), ela tem um propósito didático: enfatizar que a nossa suprema necessidade é o poder de Deus, visto que somente este poder celestial pode nos fazer vencedores diante dos exércitos inimigos. Conhecimento teológico é importante, conhecimento das letras sagradas tem valor indiscutível, reformas éticas e morais precisam acompanhar a salvação, porém tudo isso torna-se inútil diante das batalhas espirituais a menos que estejamos fortalecidos pelo poder de Deus! Não se vence o diabo com informação na cabeça, mas com poder no coração!

Quanto ao uso da voz passiva no texto grego, Paulo estava dizendo mais apropriadamente assim: “Sede fortalecidos no Senhor…” ou “Deixem-se fortalecer no Senhor…” ou ainda “Encontrem a sua força no Senhor”. Ou seja, a força não procede de nós, mas de Deus (é Ele quem fortalece), e tudo o que precisamos fazer e dar livre curso a esta força divina para que ela nos revista por completo e coloque sobre nós uma blindagem espiritual contra os ataques do astuto adversário.

Não é a vontade de Deus que nos acomodemos às fraquezas da carne ou que vivamos a vida inteira justificando nossos pecados, em gestos de autocondescendência. O Senhor tem liberado poder sobre o seu povo na medida em que tem derramado como chuva torrencial seu Espírito em toda a terra (Jl 2.28,29). Deus não dá seu Espírito por medida, isto é, com limites, mas sem limites! (Jo 3.34). Este Espírito de poder quer, pode e nos fará vitoriosos se dele nos deixarmos encher (Ef 5.18).

3. O emprego da figura de linguagem

Nalgumas bancas de correção de redação dos nossos dias, Paulo poderia ter sido penalizado pelo uso (e abuso!) do termo “contra” (gr. pros) no versículo 12. Cinco vezes este termo é repetido em apenas um versículo:

Porque não temos que lutar (1) contra a carne e o sangue, mas, sim, (2) contra os principados, (3) contra as potestades, (4) contra os príncipes das trevas deste século, (5) contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

Paulo poderia ter optado pela elipse (isto é, omissão dos termos repetidos) ao menos nas ocorrências (3), (4) e (5), deixando o texto visualmente “mais limpo”. Como diz Lloyd-Jones, “os pedantes e sabidos editores eliminariam estas repetições de ‘contra’”. Todavia, não é sem razão que ele opta por outra figura de linguagem, a anáfora (isto é, repetição da mesma palavra), como recurso de linguagem propício para enfatizar os reais inimigos do povo de Deus. Imagine Paulo numa sala de aula, falando-nos desses inimigos espirituais, e a cada vez que ele enfatizava “contra os principados… contra as potestades… contra…”, ele bate com o punho cerrado contra a mesa ou birô, buscando enfatizar para os seus alunos quem são de fato nossos inimigos. Portanto, o alvo a ser alvejado está claramente definido, não podemos perde-lo de vista!

II. A dependência de Deus

1. Somente pelo poder de Deus

O piedoso escritor A.W. Tozer, destacando a suprema importância deste poder divino de que todos nós somos dependentes, disse com bom humor:

Para qualquer cristão, usar as Escrituras sem o Espírito é como entrar numa batalha com uma espada de papel. Não é só a palavra que fará o diabo dar meia-volta; não, é a Palavra e o poder. O diabo pode citar as Escrituras melhor que qualquer professor de seminário, mas, quando a Palavra está sob a direção do Espírito Santo, ela sempre atingirá seu alvo. [3]

Como já vimos no estudo da Lição anterior a vitória de Jesus contra o diabo no deserto não se deu apenas porque Jesus manejou bem a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus (Ef 6.17), mas porque também Jesus estava “cheio do Espírito” (Lc 4.1), Espírito de poder! (Ef 3.16) Se este poder fosse dispensável, uma questão facultativa, então não haveria nenhuma necessidade de Jesus haver repartido dele com seus discípulos ao dizer: “Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum” (Lc 10.19). Ele nos dá poder porque é indispensável para nós, especialmente quando diante do confronto com o diabo.

No ensino paulino não há espaço para macetes e truques humanos contra satanás, nem também para um ensino antropocêntrico que poderia dizer: “esta força vem de dentro de você”, como que se partisse de nós mesmos, mas “a nossa capacidade vem de Deus” (2Co 3.5). No Senhor e no seu poder é que o crente deve se abrigar, pois somente “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo à sombra do Onipotente descansará” (Sl 91.1).

Não se impõe derrota a satanás com retórica, poderosos argumentos filosóficos, nem também com políticas públicas e assistencialismo! Todas essas coisas são ferramentas fúteis para as batalhas espirituais. O homem de si mesmo é um vale de ossos secos e nada pode com suas habilidades fazer contra o poderoso inimigo (Ez 37; Jo 15.5). Todavia, esse vale de ossos secos transformado num poderoso exército pelo sopro do Espírito de Deus, pode impor fuga ao adversário e ter garantia de vitória. Maior é o que está conosco! (2Cr 32.7).

2. O revestimento da completa armadura de Deus (v. 11a)

A armadura de Deus é assunto de que iremos falar na próxima Lição, porém, de antemão atentemos para o fato de que ela nos cobre dos pés (“preparação do evangelho da paz”, v. 15) à cabeça (“capacete da salvação”, v. 17). Em Deus, nosso ser por inteiro goza de sua proteção! Não obstante, atentemos para a ênfase de Paulo: revesti-vos de toda a armadura de Deus (v. 11). Duas coisas merecem destaque nesse texto.

Primeiro, a armadura é de Deus, não dos homens, não dos doutores em teologia, não dos seminaristas, não dos professores da Escola Dominical ou dos pastores… Ela é de Deus! Somente a proteção divinal pode assegurar-nos contra a beligerância infernal! Não basta ficar sem assistir televisão, sem acessar internet, abandonar o convívio social e ir morar nas montanhas, cavernas ou ilhas desertas. O diabo que vive de “perambular pela terra e andar por ela” (Jó 1.7) certamente nos achará aonde quer que formos e nos acatará com seus dardos flamejantes. O moralismo e a ética são ferramentas ineficazes no combate contra as tentações do diabo, e não podem oferecer guarida segura aos que querem evitar o mal. Porém, revestidos da armadura de Deus viveremos em santidade (que é mais do que moral e ética), e por ela estaremos firmes contra as astutas ciladas do diabo!

Segundo, percebamos que não há acordo quando o assunto é batalha espiritual: precisamos nos revestir de toda a armadura [gr. panoplian] de Deus, não apenas de parte dela. William MacDonald comenta:

[o crente] Precisa ser completamente revestido com a armadura; uma ou duas peças não bastam. Nada menos que todo o equipamento que Deus fornece servirá para nos manter invulneráveis. O diabo tem muitas estratégias – desânimo, frustração, confusão, falhas morais e erros doutrinários. Ele conhece o nosso ponto fraco e o ataca. Se não conseguir nos vencer de uma maneira, tentará de outra. [4]

Negligenciar qualquer “peça” da armadura de Deus (Ef 6.14-17) é colocar-se vulnerável diante do inimigo, que não poupará ataques para nos abater. Se negligenciarmos o escudo da fé, cairemos na armadilha da incredulidade; se negligenciarmos os sapatos da preparação do evangelho, cairemos na ociosidade e na preguiça; se negligenciarmos a espada do Espírito, que é a Palavra, cairemos na teia nas seitas, heresias, inovações perniciosas, doutrinas de homens e de demônios, etc. Para vitória em todas as batalhas, vistamos toda a armadura de Deus!

3. Os métodos do diabo (v. 11b)

O diabo não é um bobo, como muitas caricaturas de cinema o representam. Não exaltamos, mas também não menosprezamos o seu conhecimento e poder. Embora pervertida pelo mal, o diabo tem sua inteligência e por ela traça seus métodos, planos e estratégias contra a igreja do Senhor, além de exercer seu comando sobre os principados e potestades do mal.

Ao falar das astutas ciladas (gr. methodias) do diabo, Paulo está nas entrelinhas dizendo que o maligno tentador tem seus métodos, suas maquinações ou estratagemas. Ao mesmo tempo em que o diabo nos ataca frontalmente com seus dardos inflamados (Ef 6.16), ele busca também ocasião para nos prender com suas ciladas, isto é, armadilhas. Como o passarinheiro que arma laços para pegar o passarinho, assim satanás tem armado frequentemente laços contra nós, e, como em todo laço, ele coloca coisas que possam atrair nossa atenção e seduzir-nos para dentro do laço armado. Por isso, a Bíblia exorta: “deixando, pois, todo embaraço…” (Hb 12.1) e ainda “Abstende-vos de toda a aparência do mal” (1Ts 5.22). Infelizmente, muitos caíram nas ciladas do diabo (2Tm 2.26), mas que bom será se todos hoje pudermos dizer como o salmista: “A nossa alma escapou, como um pássaro do laço dos passarinheiros; o laço quebrou-se, e nós escapamos” (Sl 124.7).

Segundo Max Turner, algumas dessas ciladas do diabo que Paulo já havia registrado na carta aos Efésios são:

alienar a humanidade de Deus pela desobediência (2.1-3; 4.18b,19) e por ignorância e pensamento deturpado (4.17b,18). Ele tenta separar as pessoas umas das outras por meios dos pecados que causam divisão, como a ganância (4.22,23), a falsidade (4.25), a ira (especialmente associada ao diabo em 4.27) e pecados correlatos (4.25-31). [5]

III. Contra os poderes das trevas

1. Carne e sangue

Está claro para todo leitor da Bíblia que a expressão “carne e sangue” nesse contexto refere-se à humanidade, isto é, às pessoas. Independente da classe social, filosófica ou religiosa a que pertençam, a luta da Igreja não é contra elas diretamente. Nossa luta não é contra ateus, evolucionistas, gays, defensores da ideologia de gênero, feministas, nem contra políticos de esquerda ou de direta, etc. Se nossa luta fosse contra a força humana, outra força humana seria o bastante para suplantá-la! As cruzadas católicas bem como as fogueiras da Inquisição medieval que a tantos “hereges” e excomungados do catolicismo romano condenaram, são provas históricas vergonhosas de que enquanto combatermos pessoas, somente estaremos promovendo violência, perseguição e atos desumanos. O grande mentor espiritual que está agindo por trás dessas pessoas descrentes, grupos, instituições ou governos (muitos estão inconscientemente sendo dirigidos por Satanás para promover o mal!) é que deve ser combatido, e não com uso de violência física ou perseguição religiosa, mas com recursos espirituais de que Deus tem dotado a sua igreja: oração, evangelização, ensino, poder do Espírito, bom testemunho, boas obras, etc.

O materialista que ignora o reino espiritual e o sobrenatural, acredita que todo problema da sociedade se resume ao próprio homem; “não há demônios para serem derrotados”, dizem os céticos. Paulo, porém, nos instrui quanto às forças malignas que agem no mundo espiritual e querem também tomar o nosso interior para usar-nos como seus fantoches na prática da malignidade. De posse desse texto bíblico entendemos que o homem carnal é um problema, mas o problema, o grande problema, Paulo o identifica: são os principados… potestades… príncipes das trevas deste século… hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.

Acabemos o carnaval e satanás inventará outro modo de instigar a concupiscência dos homens. Proibamos nossos jovens de ficarem nas ruas em bailes funks até alta madrugada, e satanás engenhosamente tramará festivais de pecado, regados à música dançante, drogas e prostituição à luz do meio dia. Criemos leis para reduzir a produção, venda e/ou consumo de bebidas alcoólicas, e satanás inventará novos meios de perpetuar a prisão dos viciados. Agora, proclamemos o evangelho de Cristo no poder do Espírito, ensinemos a Palavra com persistência, e exalemos o bom perfume de Cristo neste mundo vil para então vermos satanás e seus asseclas encontrarem o caminho da fuga! Somente o evangelho de poder, que salva, liberta e transforma é que é a verdadeira solução para erradicar a perversão dos costumes e a conduta deplorável dos homens! Só o evangelho é a solução; todo o resto é mero paliativo.

2. Principados, potestades, hostes espirituais do mal

Paulo usa várias expressões distintas para se referir aos seres espirituais do mal, contra os quais somos chamados a fazer oposição. Há vários postos na hierarquia dos exércitos de Satanás, mas é quase impossível distingui-los. MacDonald tenta uma explicação:

“Talvez se refiram a líderes de espíritos com graus diferentes de autoridade, que equivaleriam no âmbito humano aos nossos presidentes, governadores, prefeitos, presidentes de câmaras e vereadores” [6]

O fato é que em nossas batalhas espirituais lidamos com todas as classes e hierarquias de demônios. Alguns mais poderosos que outros; alguns mais astutos que outros; alguns mais persistentes que outros, etc. Os discípulos lideram com uma situação assim, em que confrontaram certa “casta de demônios” que não puderam expulsar, como faziam costumeiramente sob a supervisão de Jesus (Mt 17.14-21); o próprio Jesus lidou com uma situação em que os demônios demonstraram mais força e resistência do que noutros casos (o episódio do endemoniado gadareno – Mc 5). Diferentemente dos discípulos, porém, o Mestre estava devidamente habilitado para o confronto e impôs fuga àquela legião!

3. Os lugares celestiais

Ninguém há de pensar que a referência de Paulo seja ao lugar celestial onde Deus habita, antes entendemos que esta expressão se refere ao reino espiritual onde as batalhas mais renhidas são travadas. Satanás perdeu seu lugar no céu e nada há que interesse para ele na estratosfera; logo é entre os homens que ele perambula, é aqui em nossa atmosfera que os espíritos malignos estão em operação. Não podemos vê-los, mas os resultados de sua ação são perceptíveis aos nossos olhos: doenças, escravidão dos vícios, perturbação mental, violência doméstica e urbana, imoralidade e desregramento sexual, inversão dos valores, falsas doutrinas, entretenimento pernicioso, guerras, etc.

Conclusão

Com o apóstolo Paulo aprendemos que nossa luta não é contra a carne (Ef 6.10), que não devemos lutar na carne (2Co 10.3), e que nossas armas não são carnais (2Co 10.4), mas são armas “poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (2Co 10.4,5). Pela oração e pela Palavra consagremo-nos a Deus, busquemos incessantemente sua força e creiamos na sua proteção, pois em meio às batalhas do dia a dia, nosso Deus…

“Não desampara nunca,
Nem me abandonará,

Se fiel e obediente eu viver;
Um muro é de fogo, que me protegerá
‘Té que venha a mim o tempo de morrer” [HC, 198]

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Referências
[1] Comentário Bíblico Beacon, vol. 9, CPAD, p. 194
[2] Martyn Lloyd-Jones. O combate cristão – exposição de Efésios 6:10 a 13, PES, p. 14
[3] A.W. Tozer. A vida crucificada, Vida, p. 211
[4] William MacDonald. Comentário Bíblico Popular NT, Mundo Cristão, p. 651
[5] Max Turner in Comentário Bíblico Vida Nova, Vida Nova, p. 1868
[6] William MacDonal, op. cit.

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