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MT: Em meio a ‘triplo surto’, pacientes fazem ‘peregrinação’ em postos de saúde na tentativa de conseguir exame


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Quem depende do Sistema Único de Saúde (SUS) há tempos enfrenta diversas dificuldades para conseguir consultas, exames e medicamentos. Acrescente a isto uma pandemia, junto a um surto de gripe. O resultado é o que a população tem enfrentado atualmente em Cuiabá, com pouca capacidade para atendimentos e realização de testes de Covid-19.

P U B L I C I D A D E

Com o fechamento do Centro de Triagem, por conta do arrefecimento da pandemia naquela época, restou aos moradores de Cuiabá procurar as unidades básicas de saúde, o que vinha funcionando até então.

Porém, no fim do ano passado, a variante Ômicron fez aumentar o número de infectados pela Covid-19 e um surto de gripe, também com uma nova cepa da H3N2, trouxe um acréscimo exacerbado de pessoas procurando atendimento médico.

Na quinta-feira (06), este repórter procurou atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Quilombo. Durante a manhã, a primeira negativa. A atendente disse que existe um limite de apenas dez testes de Covid-19 por perído. O pedido foi para o retorno na parte da tarde. Chegado o momento, no horário combinado, a resposta foi a mesma: “não há vagas”.

A orientação repassada foi a de que aguardasse o próximo dia ou procurasse outra unidade de saúde. Este repórter seguiu até uma, no bairro Ribeirão do Lipa, mas foi informado por uma das enfermeiras que “o atendimento é prioritário para os moradores da região”. Além disto, os insumos estavam escassos e, provavelmente, não durariam nem até o fim de semana.

Na sexta-feira (07), o mesmo trajeto até a UBS do Quilombo, com a promessa de atendimento pela manhã. Ao chegar, 30 minutos antes do combinado, a mesma atendente informou que a unidade estava sem médico e que as consultas e testes seriam feitos somente na segunda-feira (10).

A nova recomendação foi procurar o Centro de Saúde Ana Poupina, no bairro Dom Aquino, desta vez, sem nenhuma promessa, pois a informação era de que “está lotado”. O trajeto de quatro quilômetros foi feito, mas ao chegar na porta da unidade, a mesma resposta: “As fichas para atendimento já foram encerradas, pois o limite foi alcançado”. A recomendação: voltar durante a tarde.

Tal situação expõe o que está sendo chamado de “apagão de casos”. Isso acontece porque, a pessoa que não tem as mesmas condições de deslocamento ou financeira para pagar um teste particular, tem apenas duas opções: retornar para tentar a sorte no dia seguinte ou não fazer o exame e continuar na dúvida. Com a vacinação avançada e os casos da Ômicron sendo leves, muitos acabam desistindo de procurar atendimento médico, o que – consequentemente – não leve aos números a realidade enfrentada.

A epopéia em busca de um teste da Covid-19 na rede municipal não foi exclusiva deste repórter. No aguardo de atendimento e pouco depois das negativas, a reportagem visualizou várias pessoas passando pela mesma situação.

Para melhorar o fluxo de atendimento aos usuários, a Secretaria Municipal de Saúde lançou o Plano de Enfrentamento à Síndrome Gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave, que começou a valer no dia 27 de dezembro do ano passado.

Na nova metodologia, todas as unidades básicas de saúde (UBS) passaram a atender aos pacientes com sintomas gripais leves em livre demanda, ou seja, sem necessidade de agendamento. Isso significa que pessoas com sintomas como coriza, mal-estar, febre, diarreia e tosse, devem procurar a unidade de saúde da família mais próxima de sua casa.

Já ao sentir um desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória, por exemplo, o indicado é procurar a unidade de pronto atendimento. Os casos que necessitarem de internação serão encaminhados para o Hospital Referência à Covid-19 (antigo Pronto Socorro) ou para o Hospital são Benedito, de acordo com o Plano de Enfrentamento.

Para a infectologista do Hospital Universitário Júlio Muller, Danyenne Assis, atualmente é praticamente impossível diferenciar os sintomas das duas doenças na prática clínica. O tempo que leva para que os sintomas se manifestem, porém, podem ajudar a sinalizar a diferença de uma da outra.

“Está bem difícil diferenciar. Estão todas vindo com sintomas muito semelhantes, os casos de Covid-19, os casos de coinfecção. A gripe costuma ter sintomas mais intensos desde o início, mas não é uma regra.” , conta ao Olhar Direto ao relembrar que a Covid-19 começa a evoluir a partir do 7º dia.

Entre os sinais que ambas doenças manifestam estão: congestão, dor de garganta, febre e dor no corpo. Apesar disso, ela esclarece que apenas um painel viral é capaz de distinguir uma infecção da outra. “É um pouco caro, mas tem disponível nas redes privadas.”

Diante do surto de gripe, causado pelo vírus Influenza, e vídeos mostrando lotações em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBSs), o governador Mauro Mendes (DEM) afirmou que a saúde básica é de responsabilidade dos municípios, e não do Governo do Estado.

“Unidade Básica de Saúde é uma responsabilidade das prefeituras. Cada um no seu quadrado”, declarou o governador. Segundo Mauro, o que compete ao Governo do Estado é a distribuição de vacinas para a gripe, e isso foi feito, inclusive com campanha para aumentar a cobertura de imunização.

No último dia 28 de dezembro, o secretário de Estado de Saúde Gilberto Figueiredo afirmou que o estado de Mato Grosso vive, ao mesmo tempo, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) com a ameaça da chegada da Ômicron, colapso da rede básica de saúde e das farmácias pela gripe (Influenza), inclusive com casos de H3N2, e aumento dos casos de dengue.
O número de testes positivos para exames que diagnosticam o vírus da Covid-19 e da Influenza tiveram um aumento percentual, respectivamente, de aproximadamente 30% e 50% no início deste ano no Instituto de Analises Clinicas (INAC), em Cuiabá.

De acordo com o Inac, os dados se referem ao período desta quarta-feira (5) comparado ao dia 27 de dezembro. Em relação a Covid-19, o aumento percebido nos diagnósticos positivos foi de cerca de 25% a 30%. A Influenza, por sua vez, teve um crescimento ainda maior: 40% a 50%.

O repórter, após realizar todo este processo, tendo mantido contato com uma pessoa que positivou e apresentando alguns sintomas que poderiam ser da Covid-19, decidiu por realizar o teste em uma farmácia. O resultado: negativo. Vale destacar a imunização completa, inclusive com a terceira dose, tomada há quase um mês.

 

 

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