Irmãos gêmeos sempre são um mundo cercado de mistério. As múltiplas possibilidades que alimentam no imaginário os tornam potencialmente fascinantes. E foi isso que fez o escritor Joyce Carol Oates no romance “Lives of the Twins”, levado ao cinema pelo diretor francês François Ozon (“O Amante Duplo”).
P U B L I C I D A D E
Os personagens centrais convivem, cada qual à sua maneira, com a dualidade que os gêmeos propiciam. Marine Vacth interpreta a jovem de sexualidade reprimida com dores no ventre que busca um terapeuta. Jérémie Renier é o profissional que a atende. Eles se apaixonam, as sessões são encerradas e passam a viver juntos.
A partir daí, o desenvolvimento interno da narrativa pode ser real ou fictício. Os dois personagens lidam com irmãos gêmeos, que se manifestam de maneiras bem distintas. O que está em jogo, além da história, com toques de suspense e erotismo, é a estabilidade psicológica de cada um eles, imerso, individualmente, em sua busca de completude.
O duplo dele é, na verdade, o seu antípoda, no jeito de se comportar, de falar e de lidar com a sexualidade. Já a gêmea dela talvez nunca tenha existido concretamente, mas isso não a faz menos presente. O mais fascinante está justamente na ambiguidade que permeia paciente e terapeuta e os poucos personagens que os cercam. Por lógica, é bom ver duas vezes…
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.