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Mãe lembra acidente em Capitólio e reencontro com filhos feridos: ‘Coloquei em um pedacinho de lancha que veio boiando’


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Pelo menos dez pessoas morreram depois que um paredão de rochas se desprendeu e atingiu quatro lanchas em Capitólio, em Minas Gerais.

P U B L I C I D A D E

 

Sábado (8), Lago de Furnas: pouco antes do meio-dia, mesmo com o tempo nublado, embarcações fazem fila pra chegar aos cânions. Até que alguns turistas começam a notar que há algo errado. Eles tentam avisar quem está mais perto do paredão, mas sem sucesso.

“Eu olhei para cima da rocha, da montanha, estava caindo algumas pedrinhas até comentei, fiz um comentário com o piloto da lancha, e ele disse que não era nada, que eram só algumas pedrinhas. Só que a hora que eu voltei a olhar novamente já estava caindo aquela rocha enorme, aquele pedaço enorme de rocha, e eu olhei aquele tanto de lancha, embaixo, uma cena horrível”, lembra Andréa Mendonça, turista de Patos de Minas.

 

Quando os bombeiros chegaram, os sobreviventes já tinham sido resgatados pelos próprios profissionais que trabalham nas embarcações na região.

O Júnior, que é conhecido como PIT, estava com um grupo de turistas, sua lancha não foi atingida, mas conseguiu ajudar em torno de sete pessoas: “Elas estavam todas machucadas e foi na hora que eu entrei e vi que tinham várias pessoas na água gritando, pedindo socorro e perguntando dos filhos”.

 

O Lago de Furnas é um dos maiores lagos artificiais do mundo. Ele se estende por 5,4 mil quilômetros e corta 34 cidades mineiras. Em alguns trechos, a profundidade pode chegar a 100 metros, mas no local onde aconteceu o acidente a profundidade é de oito metros.

Na hora do acidente estima-se que entre 70 e cem pessoas estivessem na área dos cânions. O Corpo de Bombeiros informou que todas as pessoas que morreram estavam na mesma lancha, que se chamava Jesus.

Instrutor de mergulho experiente, desde sábado, Roberto ajuda na localização dos corpos: “A única coisa que a gente conseguiu ver mesmo lá de uma embarcação é a Jesus, que tem um trecho do barco que está escrito Jesus. E muito material, colete deles boiando. No impacto, esparramou pedra para tudo que é lado, e tampou. Essa lancha mesmo, Jesus, a gente não consegue ver mais nada dela”.

A enfermeira Jane Freitas foi de Várzea Paulista. Em um vídeo, ela aparece prestando os primeiros socorros a algumas crianças que foram resgatadas.

“A gente colocou algumas vítimas dentro da nossa lancha, não deu para colocar muitas pessoas, porque a capacidade já estava no limite. E aí a gente colocou três crianças e seguiu para o restaurante flutuante para levar essas crianças para ajudar elas. E chegando lá a gente já colocou um menino que parecia ter uma fratura na perna, e as colegas que estavam comigo saíram para procurar material para estancar sangramento, imobilizar a perna do garoto. Ele chorava muito, pedia muito pelo pai”, lembra Jane.

 

O menino atendido é o Mateus, filho da Ana. Ela e a irmã também ficaram feridas. Isabel levou 200 pontos na cabeça.

“Eu lembro que vi a rocha caindo, veio uma onda preta em cima do barco. A gente afundou, mergulhou, aí nessa hora eu falei: ‘Vou morrer'”, conta Ana Costa, fotógrafa.

 

Elas contam que havia muitas crianças na lancha, e que depois da queda da rocha, muitos grupos foram separados. O emocionante reencontro com os filhos só aconteceu minutos depois, já em terra firme.

“Eu coloquei esse aqui em um pedacinho de lancha que veio boiando e falei: ‘Bate o pé pra pedra’. O Breno [filho] falava com as pessoas na lancha dele ‘Vai buscar minha mãe’. As pessoas não voltavam e a gente tinha pessoas graves com a gente também. Então, assim a prioridade era deles naquele momento”, relata Priscila Laender, farmacêutica.

 

Mãe lembra acidente e reencontro com filhos feridos — Foto: Reprodução

Mãe lembra acidente e reencontro com filhos feridos — Foto: Reprodução

Não é o primeiro acidente que acontece na região. Em janeiro do ano passado, uma cabeça d´água arrastou seis pessoas que estavam numa cachoeira. Três turistas morreram e outras 16 pessoas precisaram ser resgatadas de helicóptero.

Foi aberta uma investigação para descobrir o que teria provocado o acidente de sábado. A Defesa Civil de Minas Gerais havia emitido um alerta por causa das chuvas intensas por volta das 10h20 com possibilidade de cabeça d´água, e orientou a população a evitar as cachoeiras.

No sábado, a Marinha enviou homens para o local e informou em nota que um inquérito será instaurado para apurar as causas do acidente. Neste domingo, a Marinha disse que o ordenamento do espaço aquaviário onde houve o acidente é de responsabilidade da Prefeitura de Capitólio.

G1.globo.com

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