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Rondônia

Justiça de Rondônia mantém condenação de 5 acusados de matar Chico Pernambuco


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Por unanimidade de votos, os desembargadores da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) negaram o recurso e mantiveram a condenação de cinco dos sete acusados pelo assassinato do ex-prefeito de Candeias do Jamari, Chico Pernambuco. A sessão ocorreu nesta quinta-feira (4).

P U B L I C I D A D E

Todos foram julgados e condenados pelo 1º Tribunal do Júri da Comarca de Porto Velho. As sessões ocorreram em março, junho e outubro do ano passado.

Conforme a sentença lida pela juíza Juliana Brandão na época do julgamento de Katsumi Ikenohuchi, o último a ser realizado, ele foi condenado por elaborar o plano, contratar pessoas e conseguir recursos para a execução do crime.

Porém, Katsumi, apontado como o mandante do crime, negou à juíza ter trabalhado na campanha política, na qual o primo era candidato a vice-prefeito. Alegou ainda nunca ter pleiteado a chefia de uma secretaria e que ficou surpreso com a morte de Chico Pernambuco.

Katsumi Yuji Ikenohuchi: acusado de ser o mandante do crime — Foto: Assessoria/TJRO

Katsumi Yuji Ikenohuchi: acusado de ser o mandante do crime — Foto: Assessoria/TJRO

De acordo com o voto contra o recurso do relator, desembargador Daniel Lagos, o crime foi “cometido com recurso que impossibilitou a defesa” de Chico, “por motivo torpe e promessa de pagamento”.

Por telefone, o atual advogado de Katsumi, Francisco Nunes Neto, disse ao G1 que, no momento, vai aguardar a publicação do acórdão para entrar com recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Segundo Francisco, Katsumi foi transferido do presídio Urso Branco à unidade prisional Jorge Thiago Aguiar Afonso, a 603, onde segue cumprindo pena. A reportagem tentou localizar as defesas dos outros réus, mas não foram encontradas.

Julgamentos ocorreram em 2018, em Porto Velho.  — Foto: Toni Francis/G1/Arquivo

Julgamentos ocorreram em 2018, em Porto Velho. — Foto: Toni Francis/G1/Arquivo

Entenda o caso

O então prefeito de Candeias do Jamari, Francisco Vicente de Souza, conhecido como Chico Pernambuco, então de 66 anos, foi assassinado com dois tiros no peito e um no rosto, no dia 18 de março de 2017, dentro do próprio carro, em Candeias.

De acordo com as investigações, o atirador teve suporte de Wellyson da Silva Vieira, que pilotou a moto que deu fuga ao assassino. Wellysson e os demais envolvidos teriam sido contratados pelo traficante Marcus Ventura Brito, o “Marquinhos”, que mediou as negociações entre os executores do crime e Katsumi Ikenohuchi.

Segundo a polícia, o grupo foi contratado por R$ 50 mil, dinheiro que não chegou a ser pago. Em um sítio na área rural de Porto Velho, policiais apreenderam R$ 4 mil, drogas, o revólver utilizado pelo atirador e 10 balas do mesmo calibre da arma.

Com interceptações telefônicas, a polícia conseguiu chegar aos demais envolvidos.

Denunciante anônimo

Segundo consta no inquérito policial, os investigadores tiveram apoio de um denunciante anônimo que, poucas horas após a execução, ligou para um policial e deu o nome de Katsumi Ikenohuchi. A mesma fonte informou o paradeiro do traficante “Marquinhos”, que já estava sendo investigado pelo crime de tráfico.

Escutas telefônicas de Marquinhos levaram a polícia a identificar Katsumi Ikenohuchi como mandante do crime.

Crime

Os preparativos para o assassinato tiveram início dia 7 de março de 2017, quando Chico Pernambuco deliberadamente rompeu laços com financiadores de campanha. Nessa data, houve licitação para a merenda das escolas municipais de Candeias.

Uma das empresas que concorreria era de uma financiadora da campanha do então prefeito, mas Chico Pernambuco ameaçou boicotar a participação da empresa, causando um racha entre o prefeito e uma de suas principais apoiadoras.

Katsumi Ikenohuchi ainda tentou reverter o quadro, requerendo a titularidade da Secretaria de Agricultura do Município. Chico Pernambuco rechaçou a proposta e foi ameaçado de morte. Uma pessoa próxima ao prefeito disse à polícia que ele ficou preocupado com as ameaças, mas não chegou a contratar seguranças.

Veículo em que o prefeito estava quando foi morto a tiros.  — Foto: Toni Francis/G1/Arquivo

Veículo em que o prefeito estava quando foi morto a tiros. — Foto: Toni Francis/G1/Arquivo

Poucos dias depois, parte do grupo envolvido no assassinato passou a fotografar a casa do prefeito e o carro dele. Os criminosos frequentaram os locais onde Chico Pernambuco costumava ir, estudaram os movimentos do chefe do executivo e, em uma dessas oportunidades, ensaiaram o crime.

Chico estava em um restaurante com dois homens. Os bandidos chegaram próximo do prefeito, mas acabaram desistindo do crime.

No sábado, quando houve o assassinato, horas antes, o grupo se certificou de que Chico Pernambuco estava em casa e de que não havia nenhuma pessoa próximo que poderia intervir na ação criminosa.

Em seguida retornou ao local onde estava o atirador e deu início ao ataque. O atirador ficou postado em frente a casa do prefeito e o segundo envolvido, que estava de moto, ficou em outro ponto, na mesma rua.

Quando o prefeito saiu da casa e entrou no carro, o atirador se aproximou por trás do veículo e surpreendeu Chico Pernambuco, efetuando vários disparos. O revólver utilizado no crime foi guardado pelo atirador.

O piloto da moto, que também estava armado, jogou a arma dele fora. “O Marquinhos pegou a arma do atirador e guardou, achando que e o revólver utilizado no crime seria o que havia sido descartado pelo motoqueiro”, registrou a polícia.

Investigação

Dias depois de passar o nome de Katsumi Ikenohuchi à polícia, um denunciante anônimo voltou a alertar os investigadores sobre o intento do traficante “Marquinhos”, que, segundo a denúncia, pegaria os R$ 50 mil, “enganaria” o restante do bando e fugiria para o Pará.

O informante deu conta do paradeiro do criminoso que estava escondido na área rural da capital. Os policiais seguiram para a região e, dois dias depois, prenderam o acusado e apreenderam a arma do crime e parte do dinheiro.

As investigações se seguiram com escutas telefônicas e os demais suspeitos foram identificados e presos.

A polícia concluiu que “Marquinhos” era o elo entre executores e mandante do crime quando ele, antes mesmo de receber defesa jurídica, já sabia que seria defendido por uma famosa banca de advogados criminalistas.

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