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Grupo liderado por Huark “deteriorava” saúde em Mato Grosso


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Organização mantém influência dentro da administração pública no sentido de desclassificar concorrentes.

P U B L I C I D A D E

O ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Huark Douglas Correia foi preso nesta terça-feira (18) durante a segunda fase da Operação Sangria, deflagrada pela Delegacia Fazendária (Defaz). Ele é acusado de liderar uma organização criminosa que montou um esquema com o intuito de monopolizar, por meio de serviços médicos hospitalares, a saúde pública em Mato Grosso.

Além dele, outras sete pessoas também tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça. Trata-se de Fábio Liberali Weissheimer, Adriano Luiz Sousa, Kedna Iracema Fonteneli Servo, Luciano Correa Ribeiro, Flávio Alexandre Taques da Silva, Fábio Alex Taques Figueiredo e Celita Liberali.

A investigação aponta que o grupo, encabeçado por médicos, vinha deteriorando o setor público em Cuiabá e no interior do Estado. Além de líder, Huark é suspeito de ser mentor intelectual do esquema e foi detido em uma chácara em Santo Antônio do Leverger (35 quilômetros de Cuiabá).

O esquema se dava por meio de fraude em licitações e contratos firmados com as empresas Proclin (Sociedade Mato-Grossense de Assistência Médica em Medicina Interna), Qualycare (Serviços de Saúde e Atendimento Domiciliar Ltda) e a Prox Participações, firmados com as Secretarias de Estado de Saúde (Ses/MT) e a Municipal (SMS) da capital.

Entre os crimes, estão fraudes em licitação, organização criminosa e corrupção ativa e passiva, referente a condutas criminosas praticadas por médicos e/ou administrador de empresa, funcionários públicos e outros. Estes agiam de forma a causar lesão ao erário público, por meio de contratos celebrados entre o Estado e o município e as empresas usadas pela organização, em especial, a Proclin e a Qualycare.

Segundo a polícia, a organização mantinha influência dentro da administração pública, no sentido de desclassificar concorrentes, para que ao final apenas as empresas pertencentes ao grupo (Proclin/Qualycare) pudessem atuar livremente no mercado, “fazendo o que bem entender, sem serem incomodados, em total prejuízo a população mais carente que depende da saúde pública para sobreviver”.

Huark é um dos sócios da Proclin. Ele foi preso duas semanas depois da primeira fase da operação “Sangria”, quando seus endereços foram alvos de busca e apreensão. Na ocasião, também pediu demissão do cargo na Secretaria Municipal de Saúde. Contudo, conforme o delegado Lindomar Aparecido Tofoli, mesmo não estando mais no órgão municipal, ele exercia poder dentro da pasta tentando apagar provas.

“Nós começamos a receber informações que provas começaram a ser ocultadas, destruídas, que estavam sendo coagidas testemunhas, e acontecendo interferências dentro da própria Secretaria de Saúde, mesmo (Huark) não estando mais lá dentro. Então, isso caracteriza crime de obstrução à Justiça praticado por uma organização criminosa”, afirmou.

A ação policial foi um desdobramento do cumprimento de onze mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá, ocorridos no dia 4 de dezembro. Desta vez, foram cumpridos oito mandados de prisão preventiva e quatro buscas e apreensão.

Ainda no dia 14 de dezembro, um segundo inquérito policial (196/2018) foi instaurado, após a Polícia Civil detectar que os investigados estão obstruindo o trabalho da Justiça. “Destruindo, ocultando, coagindo testemunhas, usando de força política para atrapalhar o levantamento de informações e ainda fazendo pagamentos pendentes com o fim de arredondar documentos para encobrir as fraudes”, disse a delegada titular da Defaz, Maria Alice Barros Martins Amorim.

O delegado Lindomar Tofoli reforça que no transcorrer das investigações do inquérito principal (119/2018), ficou constatado que o grupo criminoso teria destruído provas e apagado arquivos de computadores para dificultar as investigações, além de ameaças feitas a testemunhas.

“O que chama a atenção é que atos totalmente reprováveis estão sendo cometidos por alguns membros da organização criminosa no intuito de ocultar, destruir provas, limpando gavetas, coagindo testemunhas, usando da influência política e econômica para interferir diretamente no cumprimento de contratos provenientes de processos licitatórios”, disse.

O nome da operação “Sangria” é alusivo a uma modalidade de tratamento médico que estabelece a retirada de sangue do paciente como tratamento de doenças, que pode ser de diversas maneiras, incluindo o corte de extremidades, o uso de sanguessugas ou a flebotomia.

COLABORAÇÃO – Por meio da assessoria de imprensa, o prefeito Emanuel Pinheiro informou que determinou ao secretário interino e procurador geral do município, Luiz Antônio Possas de Carvalho, para que colaborasse com as investigações e colocasse à disposição todos documentos e informações solicitadas. “Esperamos que sejam esclarecidos os fatos e que possamos continuar no rumo certo, para melhorar a saúde pública da capital”, afirmou.

Também por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria de Estado de Saúde (Ses) afirmou não ter conhecimento de irregularidades em relação a contratos mantidos pelas empresas envolvidas na operação “Sangria” com o Estado. Conforme nota, informou que a QualyCare assinou em 12 de junho deste ano contrato emergencial com o órgão para a prestação de serviços em Tangará da Serra e Rondonópolis.

Já a Pró-Clin, conforme a Secretaria Estadual, a empresa presta serviços de atendimento médico ao Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) desde o final de agosto com pagamentos administrativos até finalizar o processo licitatório que está em andamento. “A Pró-Clin foi contratada para que os serviços não fossem interrompidos, já que substituiu a empresa anteriormente contratada, que deixou de prestar o serviço, o que motivou o distrato por parte da Ses”, destacou.

Também presta serviços por pagamento indenizatório com hospitais regionais, como serviços de UTI e urgência e emergência com o Hospital Regional de Colíder e os serviços de UTI e Clínica Médica com o Hospital Metropolitano de Várzea Grande. “Os valores pagos são os mesmo dos contratos que os hospitais mantinham anteriormente com o IPAS (Instituto Pernambucano de Assistência à Saúde)”, frisou.

FORAGIDO – O secretário-adjunto de saúde de Cuiabá, Flavio Alexandre Taques, alvo da segunda fase da Operação Sangria, foi exonerado do cargo pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) na tarde desta terça-feira (18).

Ele é considerado foragido, uma vez que está com mandado de prisão preventiva em aberto devido a Operação. A Polícia Civil está atrás do gestor desde as primeiras horas da manhã, mas ainda não o localizaram.

O ato de exoneração assinado pelo chefe do Executivo Estado será publicado no Diário Oficial de Contas que circula nesta quarta-feira (19) com data retroativa a hoje. “Não me restou alternativa a não ser exonerá-lo do cargo”, disse o emedebista.

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