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Flamenguista ganha prótese de braço 3D com o escudo do time: ‘Eu sabia que precisava superar’


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Uma sexta-feira que marcou a história de todo um país. União de torcidas adversárias em solidariedade aos garotos do Ninho do Urubu, e há mais de 3.380 km de distância de onde ocorreu a tragédia, a dor da perda se misturou a reconstrução de um sonho. Geovane Marqueza colocava o escudo do Flamengo, não apenas no coração, mas na prótese de mão.

P U B L I C I D A D E

Flamenguista de berço, apaixonado por futebol, Geovane explica que o campo, o time, família e amigos fazem parte de um processo de recuperação. O torcedor faz parte de um projeto chamado ‘Mãos de João’, do Hospital Santa Marcelina, em Porto Velho, Rondônia e no rubro-negro reencontrou o ânimo de seguir conquistando seu espaço.

– Eu tinha que escolher o escudo do meu time! Lembro que cheguei e o médico perguntou para quem eu torcia, quando falei do meu amor pelo meu clube, ele disse que me faria uma mão assim. Isso mudou a minha vida, esse é meu novo eu, e agora tenho orgulho de andar na rua, sem precisar me esconder.

O acidente

Há dois anos em um acidente de trabalho, Geovane teve parte do braço esquerdo esmagado e pela gravidade do ferimento teve que amputar. O flamenguista apaixonado conta o ocorrido.

– Eu estava trabalhando a quase um mês, uns três dias antes do acidente eu subia na máquina e sentia o coração acelerado, muito medo, eu sabia que algo ia acontecer. Até que no terceiro dia, umas oito horas a máquina engoliu meu braço. Eu só lembro de ter acordado na noite do dia seguinte sem saber de nada e sem meu braço esquerdo.

Na época, Geovane tinha 22 anos e a vontade de desistir de tudo esteve presente na vida do torcedor. Mas, o ingrediente da superação foi o ‘amor’.

– Amor pela minha esposa, pelos meus filhos, pelo futebol e Flamengo. Eu sabia que precisava superar, não é fácil, foi um ano de vergonha, de vontade de me esconder, mas isso mudou.

Equipe do Santa Marcelina que faz parte do projeto 'Mãos de João' — Foto: Lívia Costa

Equipe do Santa Marcelina que faz parte do projeto ‘Mãos de João’ — Foto: Lívia Costa

O convite para a prótese

– Eu já tinha uma, na época paguei caro por ela, mas não me adaptei e só andava com uma tipoia escondendo meu braço. Estava em uma parada de ônibus quando o Hudson que é do Santa Marcelina me perguntou se queria um braço novo. Pegou meu número e no dia seguinte eles me ligaram.

O projeto

Wania Evangelista, coordenadora do projeto ‘Mãos de João’ conta que Geovane foi o segundo a receber a prótese 3D, o primeiro foi João Victor, de sete anos, que foi a inspiração para crianção do projeto.

– Conhecemos a história do João, ele não têm as duas pernas, os dedos da mão direita e o antebraço esquerdo. O Santa Marcelina já trabalhava com próteses inferiores, mas precisávamos de mais. Foi quando começamos a pesquisar sobre prótese 3D e graças a Deus, no meio da amazônia, com pessoas que acreditaram no nosso sonho, investiram na modernização e ensinaram a nossa equipe,

mudamos a vida desses dois jovens. E assim queremos continuar mudando a história outras pessoas.

No projeto ‘Mãos de João’, 30 próteses ainda aguardam seus novos donos. A fisioterapeuta Rose Ceolin explica que ver a emoção de Geovane em um dia que para ela teve um peso muito grande, foi marcante.

– Sou mãe de jogador, uma criança apaixonada por futebol, assim como o Geovane. Meu filho fez teste no Flamengo, poderia estar entre as vítimas dessa tragédia, mas pela idade não ficou alojado. Cheguei para trabalhar abatida com a tragédia e ao ver os olhos do Geovane recebendo com tanto amor a mão com o brasão do Flamengo foi a renovação da esperança. Em meio a tanto sonho interrompido, aqui em Rondônia podemos ver um outro, também ligado ao clube, nascendo.

A nova vida de Geovane.

– Eu jogando esqueço do meu passado, do que aconteceu comigo. Quando estou ali, ajudando o goleiro na defesa, apenas coisas boas passam na minha mente, nasci zagueiro e amo jogar bola. Eu sempre respiro fundo quando chego no campo e agradeço a Deus pela nova oportunidade de viver. O médico me disse que se eu demorasse alguns minutos a mais, eu teria morrido.

A rotina com a nova prótese, mudou a vida de Geovane e os sonhos também.

– Vou voltar a estudar, não tinha vontade nenhuma, mas agora é diferente eu tenho orgulho. Meus filhos também gostam de campo, o Alan Davi que é flamenguista e a Geovana Emanuele que torce pelo Santos como a minha esposa. Quando jogo, eles ficam ali, torcendo por mim e eu fico emocionado, já que fiquei perto da morte, a vida agora tem muito mais sentido.

(G1)

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