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Empresa “bombardeia” canaviais com insetos para salvar plantações


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Eficiência e sustentabilidade são duas preocupações constantes de diversos negócios do setor agroindustrial. Além de fazer bem para o planeta, métodos ecológicos conseguem garantir um manejo mais preciso e custos mais baixos para o produtor.

P U B L I C I D A D E

Mas, se colocar isso em prática fosse fácil, grande parte dos problemas do setor estariam solucionados. É preciso muito tempo e pesquisa para conseguir alcançar esses resultados satisfatórios – e um dos pontos que mais requer atenção é a aplicação de defensivos agrícolas.

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O que torna este ponto tão delicado são os preços de tais insumos, que não são nada baratos. Além disso, uma aplicação incorreta pode colocar toda uma lavoura em risco. Em um cenário tão delicado, é de se imaginar que existam diversas oportunidades de inovação. E o empreendedor Luis Gustavo Silva Scarpari teve a ideia de melhorar esse desafio.

Ele é o fundador da Sardrones, uma startup que tem como objetivo baratear métodos de controle de pragas sustentáveis e efetivos – como o controle biológico. Para isso, a empresa faz uso de drones para realizar a distribuição dos defensivos nas propriedades rurais.

Mas é impossível falar sobre esse negócio sem contar a história deste empreendedor. 

Inovação e sustentabilidade
Agrônomo por formação, ele passou boa parte de sua vida profissional trabalhando em uma das maiores produtoras de defensivos do planeta, a multinacional Syngenta. 

Essa experiência abriu sua mente para diversas chances de inovar no setor. Uma delas, que mais chamou sua atenção, era o uso de drones para monitoramento de grandes propriedades. “Eu sobrevoava grandes plantações com meu equipamento pessoal e conseguia identificar doenças que nem os proprietários das lavouras sabiam.”

SarDrones (Foto: Divulgação)

Luis Gustavo Scarpari é agrônomo formado pela ESALQ/USP. (Foto: Divulgação)

Apesar de ser uma inspiração para empreender, Scarpari ainda não estava certo em qual modelo de negócios investir. Para tentar elucidar suas ideias, ele teve o cuidado de realizar uma pesquisa com clientes em potencial para descobrir quais eram as suas necessidades.

Durante essa pesquisa, ele identificou aquele que seria o foco do seu futuro negócio: a dificuldade em realizar o controle biológico em grandes propriedades.

Para quem não sabe, esta técnica consiste no uso de meios naturais – mais especificamente, outros organismos vivos – para combater pragas. Além de ser mais ecológico, a técnica muitas vezes consegue ser mais eficiente que os agrotóxicos. Pesquisas indicam que usar esses insumos em excesso pode acabar fortalecendo as pragas.

O grande problema
No caso dos clientes de Scarpari, o problema se encontrava na aplicação do controle biológico para o combate da broca da cana-de-açúcar. A praga é o pesadelo de muitos produtores e tem a capacidade de arruinar lavouras inteiras.

Com o controle, o combate é feito por meio de duas vespas: “cortesia” e “trichogramma”. O conceito é simples: basta soltar os insetos na área infestada pela praga. Os animais então atacam a broca, ajudando a controlar a sua população e proteger o canavial.

Segundo Scarpari, a mão de obra é o grande empecilho para a aplicação desta técnica. Para soltar as vespas no canavial, é necessário que um funcionário as leve até o hectare dentro de um pequeno copo.

Canavial (Foto: Reprodução/ Pixabay)

O controle biológico requer muita mão de obra  (Foto: Reprodução/ Pixabay)

Isso até que funciona em lavouras pequenas, onde os trabalhadores conseguem se movimentar com mais facilidade. Mas, nas grandes propriedades, tal prática se torna extremamente difícil. “Antigamente era até viável, porque vinha muita mão de obra do nordeste. Hoje em dia, existem cada vez menos pessoas trabalhando nas plantações”.

Além da logística difícil, Scarpari conta que a atividade pode ser perigosa para os trabalhadores. Ameaças como animais peçonhentos e insolação são comuns em canaviais.

Foi então que ele se decidiu: era este o problema que iria enfrentar. Com a ideia pronta, estava na hora de bolar uma solução. Com um investimento de R$ 700 mil, nascia a SarDrones, em agosto de 2018.

Controle biológico e tecnologia
A proposta de empresa é baratear a aplicação do controle biológico reduzindo a mão de obra necessária. Para isso, o processo de liberação das vespas é realizado por drones especiais.

O equipamento conta com dois cestos, onde os insetos ficam armazenados. Ao chegar no hectare desejado, tais compartimentos liberam a carga, “bombardeando” os canaviais com os bichinhos.

Além de diminuir a interferência humana na operação, este método consegue ser mais sustentável. Todas embalagens usadas pela SarDrones são biodegradáveis, evitando o acúmulo de resíduos no canavial. “Muitas vezes, são usados copinhos de plástico nessa operação. Então bolamos essa alternativa ecológica”, diz.

SarDrones (Foto: Divulgação)

Os drones contam com um compartimento que libera as vespas nas grandes plantações. (Foto: Divulgação)

Segundo Scarpari, os trabalhadores não são prejudicados pela tecnologia. “Com o drone, os proprietários das fazendas podem remanejar seus funcionários para atividades menos perigosas”.

A SarDrones cobra um preço de R$ 14 por hectare para realizar o serviço. A compra das larvas precisa ser realizada por um fornecedor parceiro da empresa, que produz as embalagens sob medida para a operação.

Mercado em potencial
Scarpari vê o futuro desse setor com otimismo. Segundo o empreendedor, o barateamento que este tipo de tecnologia proporciona tende a incentivar o uso do controle biológico. “Pessoas já me falaram que aplicavam o controle em apenas 10% de suas terras porque não tinham mão de obra o suficiente. A SarDrones resolve esse problema.”

Com um ano de operação, a empresa atende cerca de 40 clientes com regularidade. A expectativa agora é procurar por investidores e expandir o portfólio de produtos, abrangendo o controle biológico de outras pragas e culturas.

A expectativa da empresa é alcançar um faturamento de R$ 2 milhões em 2020. 

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