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Em Bonsucesso, sensação de insegurança impede que peixarias abram à noite


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Donos de peixarias em Bonsucesso, distrito de Várzea Grande, têm buscado apoio do poder público para garantir reforço na segurança. É que eles desejam ampliar o horário de funcionamento dos estabelecimentos comerciais da comunidade, que integram a tradicional “Rota do Peixe”.

P U B L I C I D A D E

De acordo com proprietários de estabelecimentos locais, o policiamento noturno na região é imperceptível e impede que o potencial turístico seja melhor explorado.

A ideia do setor gastronômico, formado essencialmente por famílias da comunidade, é gerar empregos e atrair mais turistas.

“Mesmo sendo um ponto turístico, não temos a tranquilidade de abrir os estabelecimentos durante a noite. É perigoso não só para nós, mas para nossos clientes”, explica Francenil de Jesus, 42, cuja família está no ramo há pelo menos três gerações.

Os empresários alegam que, para atender a clientela no período noturno, é preciso contratar segurança particular. Um custo inviável para Francenil, que também se queixa do crescente aumento nos preços dos peixes, já escassos no Rio Cuiabá, e que abastecem as comunidades de Bonsucesso e São Gonçalo Beira Rio, na Capital.

Francenil de Jesus conta que a família atua no ramo das peixarias há pelo menos três gerações  (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

“Aqui a gente só abre a noite quando tem uma reserva grande. Contratamos segurança particular para ficar até o pessoal ir embora e garantir tranquilidade”, conta Francenil. E ele garante que há demanda “ porque já é uma rota conhecida. O povo pede e pergunta por que não abre a noite”.

O movimento maior na região se concentra nos fins de semana, especialmente aos domingos e em temporada de férias. Nestes dias, Francenil contabiliza que até 4 mil pessoas circulam por entre as 12 peixarias do distrito: “fora os barzinhos, que também servem peixe. Tudo aqui é movido a peixe”.

Caso seja possível que as peixarias funcionem no período noturno, ele calcula que conseguiria dobrar o quadro de funcionários, hoje composto por sete pessoas. “Eu falo que nós somos abandonados pelo poder público. A gente não tem uma praça pública, é tudo particular. A gente trabalha é na garra mesmo”, destaca.

Distrito de Bonsucesso (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Insegurança?

Segundo Francenil, quando uma demanda de segurança pública é reportada às autoridades, a reposta é sempre lenta. “Já fomos na Polícia Civil, pedimos mais policiamento para a Polícia Militar, guarda turística para a Prefeitura, mas ficam nos jogando um para o outro, por conta do efetivo. Eles falam que aqui é tranquilo, mas a gente corre risco se abrir”, diz o empresário.

Ele conta ainda que foi assaltado duas vezes nos últimos seis meses: “arrombaram e roubaram dinheiro, cerveja, panela. Já chegaram a roubar carro de cliente”.

A sensação de insegurança na comunidade, no entanto, não é generalizada. É mais comum aos estabelecimentos comerciais: “a gente recebe turista, não é?”, lembra Francenil.

Elizeth (Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

Dona Elizeth, 53 anos, nasceu em Bonsucesso e lá mora até hoje. Ela conta que, como moradora, nunca teve problema em relação à segurança. “Quando nós queremos ficar na rua, é até de madrugada sem problema nenhum. Aqui não acontece nada muito grave, quando acontece é roubo em partes mais afastadas”, relata a moradora.

Elizeth é pescadora aposentada, criada junto a oito irmãos com o sustento da pesca. Seus quatro filhos, no entanto, não foram incentivados para o ofício: “Para viver da pesca aqui, tem que pescar muito, ficar a noite inteira no rio”, explica.

Para ela, tanto quem é assaltado quando quem assalta, não são moradores da comunidade.

O que diz o poder público

De acordo com a Polícia Militar de Mato Grosso, o policiamento ostensivo de prevenção e repressão à criminalidade é realizado com rondas diurnas e noturnas. O 4º Batalhão, do 2º Comando Regional da PMMT, com sede na Avenida Filinto Muller, no centro de Várzea Grande, é a unidade responsável pela segurança no distrito.

Sobre a demanda dos empresários, a PMMT informou ao LIVRE que, no momento, não há previsão de instalação de unidade policial para atendimento exclusivo à comunidade de Bonsucesso. “Todavia, o 4º BPM está à disposição para discutir demandas de policiamento no local”, comunicou via nota.

“A Polícia Militar lembra da importância do registro das ocorrências policiais de qualquer natureza, por mais simples que possam parecer, pois são as estatísticas que norteiam o planejamento estratégico e definem as ações pontuais a serem desenvolvidas”, complementou.

Conforme a PM, dados do Sistema de Registro de Ocorrências Policiais (SROP) revelam apenas um caso de Maria da Penha em junho deste ano. Outras duas ocorrências aparecem no sistema como tendo ocorrido em Bonsucesso: uma é de um morador que fez uma compra pela internet e não recebeu a mercadoria; outra de uma moradora que teve a motocicleta furtada, mas em Cuiabá.

(Foto: Ednilson Aguiar/O Livre)

A Prefeitura de Várzea Grande, por sua vez, informou que vai encaminhar uma solicitação de atendimento às demandas da região às instâncias municipais e estaduais responsáveis pelo policiamento, que atualmente é realizado pela Guarda Municipal, em conjunto com a Polícia Civil e Polícia Militar.

“O ideal é uma atuação conjunta da Guarda Municipal com as demais forças policiais, considerando que os distritos têm, inclusive, acesso por Rodovia Federal. Lembrando que são muitos distritos e comunidades distantes, mas a Guarda, sempre que acionada, tem feito os atendimentos”, afirmou o município, por meio da assessoria de imprensa.

Ainda conforme a Prefeitura, um Conselho de Cultura e Turismo foi recentemente criado em conjunto com Cuiabá para facilitar que as demandas cheguem ao poder público. O conselho é presidido pelo secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Várzea Grande, José Roberto Castro Pinto.

“No tocante a áreas públicas como praças e áreas de lazer, está sob licitação a construção de 15 Praças e Espaço FIT VG. O primeiro foi inaugurado na região do Santa Izabel, Asa Bela e Asa Branca. A ideia é estender estes Espaços FIT VG para todas as regiões e distritos de Várzea Grande”, complementou a prefeitura.

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