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Em abrigo desde os seis anos, adolescente do Amazonas é adotado por família que mora em Paris


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Pouco mais de um ano depois de saber da existência do adolescente C.H., à época com 13 anos de idade e abrigado nas Aldeias Infantis SOS, uma instituição destinada a crianças e adolescentes que perderam o vínculo familiar, a psicóloga brasileira A.M., de 59, conseguiu sua guarda. Agora, ela e o novo filho, seguem para Paris, onde mora com o marido.

P U B L I C I D A D E

Tímido, mas sorridente e confiante, o adolescente C.H. evita pronunciar algumas expressões em francês, mas diz que vai aprender logo. Ao afirmar que gostou muito de viver na Franca, onde passou alguns meses e onde tudo é diferente, mas muito bom, ele, que já chama o casal de pai e mãe, só pensa na vida nova que ganhou.

C.H., que vivia desde os seis anos de idade no abrigo, sem qualquer perspectiva, resume em poucas mas significantes palavras, o seu momento de vida. “Estou muito feliz, só isso”, afirmou.

A audiência que resultou na adoção do garoto aconteceu na tarde desta quarta-feira (17), na presença da juíza da Infância e da Juventude Cível Rebeca Mendonça de Lima, do defensor público da área da Infância, Mário Wu Filho, da promotora de Justiça, Nilda Silva de Souza e da assistente social Ilka Lemos, das Aldeias Infantis SOS.

Para o defensor público Mário Wu, da Defensoria Especializada na Infância e Juventude, que atua em parceria com o TJ-AM e o MPE, a adoção é mais um motivo para se comemorar os 29 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), completados no último domingo (14).

“Um dos principais méritos do ECA foi oportunizar a chamada adoção tardia e adoção por casais homoafetivos”, destacou o defensor, lembrando que a ideia que muitos têm de um perfil para as crianças a serem adotadas, só dificulta encontros de vida como o de A.M.

Caminho até Paris

A psicóloga A.M., que é paulista mas morou por dez anos em Manaus, disse que aos 17 anos recebeu a oferta de uma adoção, mas, como era adolescente, não pôde concretizar. Casou-se mais tarde com um francês, teve abortos espontâneos e, como não se importava em ter filhos biológicos ou adotivos, disse ao marido que, se aparecesse uma criança na sua vida, ela adotaria.

Foi assistindo um vídeo do Projeto Encontrar Alguém, criado pelo Juizado da Infância, no qual C.H. afirmava querer uma família para chamar de sua, que A.M. decidiu: ele seria o seu filho.

Ao entrar em contato com o diretor do abrigo, Nelson Peixoto, a quem já conhecia pelo forte trabalho de assistência à crianças e adolescentes, A.M. afirmou ter sentido grande empatia pela criança e tinha o desejo de adotá-lo.

Nesse processo de “parto” da adoção, houve uma videoconferência em outubro de 2018 e C.H. até já passou férias com o casal na França, onde manteve uma convivência muito boa.

Como completará 15 anos no próximo mês de outubro e, pela legislação francesa, esta é a idade limite para a adoção, A.M., que tem residência no Brasil, o adotou e, na França, o garoto será adotado pelo marido dela, seguindo a legislação local.

No processo, A.M. ainda vai a São Paulo para tirar o visto do adolescente e então partirá rumo à França.

Trabalho conjunto

A promotora de Justiça, Nilda Silva de Souza, do Ministério Público do Estado (MPE), afirmou como o ECA assegura que a criança é prioridade absoluta, essa saída atende a lei e vai poder atender tanto aos interesses do adolescente quanto do casal que vai adotar.

A juíza Rebeca Mendonça de Lima destacou a eficácia do projeto realizado pelo Juizado da Infância por viabilizar a adoção de crianças como C.H., fora do perfil preferido dos eventuais adotantes. Ela, inclusive, cita a adoção de grupos de irmãos, como resultado da forma com que são apresentados os candidatos a adoção.

A assistente social Ilka Lemos, das Aldeias Infantis afirma que, após todo esse processo de mais de um ano de conversas, encontros e acertos, é possível fazer a analogia de um verdadeiro “parto”, porque o garoto vai sim, ganhar uma família, com pai e mãe e poder criar vínculos.

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