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Em 48 anos, 20% da floresta amazônica desapareceu


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Relatório da WWF indica que com um desmatamento acima de 25%, este ecossistema chegará ao “ponto de não retorno” para entrar em colapso.

P U B L I C I D A D E

A atividade humana não sustentável está levando os sistemas naturais do planeta ao limite. Esta é uma das conclusões do Relatório Planeta Vivo (LPR), produzido e divulgado, ontem, pelo WWF Brasil. O “Planeta Vivo” aponta para um grau impressionante de impacto humano no planeta e, em Mato Grosso, está parte de uma das regiões que mais sofre com a perda de biodiversidade. Trata-se da Amazônia Legal, onde desde a década de 70, 20% da floresta desapareceu.

Diante do cenário, especialistas indicam que, com um desmatamento acima de 25%, este ecossistema chegará ao “ponto de não retorno” para entrar em colapso, deixando de ser uma floresta. A Amazônia corresponde a cerca de 59% do território brasileiro. Nela, vivem em torno de 23 milhões de pessoas, segundo o Censo 2010, distribuídas pelo território mato-grossense e os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Maranhão e Goiás.

A pesquisa revela ainda uma redução de até 89% do tamanho das populações das espécies que habitam as Américas do Sul e Central desde os anos 70. A maior causa desta perda de espécies é o desmatamento e o Brasil se mantem como a maior fronteira de desflorestamento do mundo com mais de 1,4 milhões de hectares de vegetação natural perdidos por ano.

Em sua 12ª edição, o “Planeta Vivo” é produzido a cada dois anos e considerado um estudo abrangente das tendências da biodiversidade global e da saúde do planeta. Por meio de vários indicadores, incluindo o Índice do Planeta Vivo (LPI), fornecido pela Zoological Society of London (ZSL), o estudo mostra a necessidade urgente de um novo acordo global para a natureza e pessoas com objetivos, metas e métricas claras e ambiciosas para reverter a tendência devastadora da perda de biodiversidade que atualmente afeta o planeta.

Conforme o relatório, um dos indicadores indica que as populações de peixes, aves, mamíferos, anfíbios e répteis diminuíram em média 60% entre 1970 e 2014. As principais ameaças às espécies identificadas no relatório estão diretamente ligadas às atividades humanas, incluindo perda e degradação de habitats e exploração excessiva da vida selvagem.

“A ciência está mostrando a dura realidade que nossas florestas, oceanos e rios estão sofrendo em nossas mãos. Centímetro por centímetro, espécie por espécie, a redução do número de animais e locais selvagens é um indicador do tremendo impacto e pressão que estamos exercendo sobre o planeta, esgarçando o tecido vivo que nos sustenta: natureza e biodiversidade “, disse Marco Lambertini, diretor-geral do WWF Internacional, por meio da assessoria de imprensa.

O estudo aponta também a região do cerrado como uma das maiores frentes de desmatamento no mundo. Além de um golpe em nossa biodiversidade, o desmatamento no cerrado atinge diretamente nossa capacidade hídrica, uma vez que as águas que nascem neste bioma alimentam alguns dos maiores reservatórios de água subterrânea do mundo, além de seis das oito grandes bacias hidrográficas brasileiras.

“A mudança de uso do solo, principalmente o desmatamento, também é o maior fator de emissão de gases de efeito estufa do Brasil. Entre 1990 e 2013, a mudança de uso do solo foi responsável por 62.1% do total de emissões do país, segundo o Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG)”, revela.

As ameaças às espécies estão presentes em vários biomas brasileiros. A jandaia-amarela (Aratinga solstitialis), o tatu-bola (Tolipeutes tricinctus), o muriqui-do-sul (Brachyteles aracnoides) e o uacari (Cacajao hosomi) são exemplos de espécies em perigo de extinção em função da perda de seu ambiente natural. O boto (Inia geoffrensis) é uma espécie em perigo de extinção devido à tendência de redução populacional no futuro, em função da degradação de seu ambiente.

O “Planeta Vivo” também aborda a importância e o valor da natureza para o bem-estar social e econômico global. Além de ajudar a garantir o fornecimento de ar fresco, água potável, alimentos, energia, medicamentos e outros recursos, estima-se que a natureza forneça ao mundo serviços da ordem de 125 trilhões de dólares a cada ano.

“Tudo está diretamente conectado. Dos insetos e pássaros que polinizam as lavouras que nos alimentam, passando pelo suprimento de água limpa da qual dependem todas as nossas atividades até o ar que respiramos a cada segundo. A proteção das florestas, dos recursos hídricos, da biodiversidade é também a proteção das pessoas e da nossa sociedade. Comprometer o meio ambiente é comprometer o nosso futuro”, acredita Maurício Voivodic, diretor-executivo do WWF-Brasil.

Embora o cenário apresentado no relatório mostre uma realidade aterradora, existe esperança. A natureza possui capacidade de regeneração, mas para reverter a situação atual será preciso muito trabalho e mudanças significativas na forma como nos relacionamos com o meio ambiente.

O Brasil tem um papel decisivo na redução da degradação ambiental, com mais de 60% de seu território coberto por vegetação natural e com uma posição extremamente importante na produção de alimentos para o mundo, precisamos conciliar estas duas realidades. “Estudos mostram que podemos atender as expectativas futuras de produção de alimentos sem derrubar mais nenhuma árvore. Temos 50 milhões de hectares de pastagens degradadas, áreas subutilizadas, perdendo solo, contaminando rios e emitindo mais gases do efeito estufa, que podem ser reabilitadas para a produção, evitando-se mais desmatamento e a consequente perda de biodiversidade e emissões de gases do efeito estufa”, disse.

Para a WWF, ainda há a oportunidade que a comunidade global tem de proteger e restaurar a natureza até 2020, um ano crítico em que os líderes devem medir o progresso alcançado na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e no Acordo de Paris.

OUTROS DADOS – Em setembro de 2018, dados do Instituto Imazon revelam que foram detectados 444 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, um aumento de 84% em relação a setembro de 2017, quando o derrubada somou 241 quilômetros quadrados. Em setembro de 2018, o desmatamento ocorreu no Amazonas (24%), Mato Grosso (23%), Rondônia (20%), Pará (19%), Acre (11%), Roraima (2%) e Amapá (1%).

As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 138 quilômetros quadrados em setembro de 2018, apresentando uma redução de 96% em relação a setembro de 2017, quando a degradação florestal detectada totalizou 3.479 quilômetros quadrados. Em setembro de 2018 a degradação foi detectada nos estados do Mato Grosso (62%), Pará (22%), Roraima (6%), Rondônia (5%) e Amazonas (4%) e Acre (1%).

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