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Em 2018, número de mulheres na disputa eleitoral cai 5% em relação a 2014, em Rondônia


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A participação de mulheres nas eleições majoritárias em Rondônia em 2018 é menor do que a registrada em 2014. Nos quatro cargos eletivos, somados às vagas de vice-governador e suplentes de senadores, o estado registrou queda de 5% na participação feminina, tendo aumento de candidaturas em apenas um cargo, conforme aponta o levantamento feito pelo G1, baseado em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

P U B L I C I D A D E

Em 2018, dos nove candidatos a Governo de Rondônia, todos são homens. Enquanto em 2014, dos cinco candidatos, uma era mulher, representando 20% das candidaturas.

No mesmo ano, o cenário era mais representativo, quando dos cinco candidatos a vice-governador, duas eram mulheres, ou 40% dos candidatos. Em 2018, a presença feminina é bem mais discreta. Apenas uma mulher disputa o cargo de vice, entre outros oito homens, representando 11%.

No total, somando todos os cargos eletivos para Rondônia em 2018, a queda foi de 5%, ou seja, o estado tem 22 candidatas mulheres a menos quando comparado a 2014.

Senado

A maior disparidade está para as duas vagas no Senado. Em 2018, Rondônia conta com 16 candidatos ao cargo de maior duração, que tem mandato de oito anos. Destes, apenas uma mulher entrou na disputa ou 6,25% dos candidatos. Em 2014, o cenário para o cargo no estado ficou mais perto do equilíbrio, havendo uma mulher entre quatro candidatos, representando 25% das candidaturas ao Senado.

O único cargo em que elas conseguiram avanço numérico foi para suplente de senador. Na última eleição, não houve nenhuma participação feminina. Em 2018, dos 32 candidatos, já que cada senador tem direito a dois suplentes, nove são mulheres, ou cerca de 28%.

Deputados Federais

Na corrida ao Congresso Nacional, o aumento foi singelo, com apenas três mulheres a mais em comparação a 2014. Mesmo assim, a proporção entre os gêneros ainda é desigual. Naquele ano, elas chegaram a representar quase um terço do total de candidatos, 32 de 95, ou 33%. Esse ano, dos 107 candidatos, 35 são mulheres, representando 32%.

Deputados Estaduais

Já as chances numéricas para conquistar uma das cadeiras da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO) estarão mais difíceis para as mulheres, isso porque elas chegaram a representar 31,6% dos candidatos a deputados estaduais em 2014. Esse ano, elas são 110 de 419, uma queda de 5,4%.

Como é o atual cenário político para elas?

Segundo a professora adjunta do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (Ipol/UnB), Danusa Marques, a Lei de Cotas de 30%, para as mulheres no meio político, garantida desde 1990, só se refere aos recursos do fundo partidário, do fundo eleitoral e do tempo de propaganda eleitoral gratuita e não para filiação e ocupação de postos de decisão nos partidos.

“As mulheres majoritariamente são marginalizadas dentro dos partidos e não têm muito poder decisório. Não ocupam cargos de direção, têm menos recursos disponíveis”, afirma a cientista política.

Para mudar o atual panorama, Danusa Marques, que também é pesquisadora do Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê), pensa que é preciso ter controle público. Para ela, o problema não está na população em geral, mas nos atores políticos inseridos no jogo competitivo-eleitoral.

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“É fácil falar que “a culpa é do povo que não sabe votar”, quando na verdade quem está disponível para o povo votar? Em quem os partidos investem enquanto candidatos? O povo é o último filtro do regime eleitoral, quando as chances de eleição são pré-organizadas pela classe política. Partidos não recrutam mulheres, quando recrutam não investem em suas candidaturas, quando elas ainda assim são eleitas normalmente ocupam posições periféricas no campo político”, reflete a pesquisadora.

Para aquelas que conseguem ingressar no meio político, há ainda desafios que implicam em suas carreiras eleitorais, como a jornada dupla.

“Muitas vezes elas estão sobrecarregadas com o trabalho doméstico e de cuidado da família. Para mudar esse cenário é preciso enfrentar a divisão sexual do trabalho doméstico e do cuidado, porque ela afeta completamente a vida das mulheres, em todas as suas dimensões – não apenas a carreira política”, descreve a pesquisadora.

Mais mulheres na política?

Para Danusa, mais mulheres na política significa uma tomada de decisão mais justa, inclusiva e democrática, pois a igualdade de gênero na política é uma questão de justiça básica. A ideia defendida pela pesquisadora, é que se as mulheres são mais da metade da população, elas têm que ter igual espaço nos corpos representativos.

“Não se trata de uma igualdade absoluta, mas de peso político. Em uma democracia o peso de cada pessoa deve ser igual, ninguém deve valer mais do que o outro. A negociação política seria diferente, o processo de tomada de decisão seria diferente, a decisão seria diferente. E não basta simplesmente eleger mais mulheres se elas forem todas brancas e ricas. É preciso garantir que mais mulheres ocupem esses espaços considerando sua pluralidade racial, sexual, de classe etc”, complementa Danusa.

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