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Eleições na Síria: o povo reafirma nas urnas a sua soberania


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Realizaram-se, há poucos dias, as eleições presidenciais na Síria dentro das normas constitucionais e no prazo legal, em que concorreram três candidatos habilitados pelo Colégio Eleitoral, conforme a legislação vigente.

P U B L I C I D A D E

Para disputar este pleito, apresentou-se a candidatura de Mahmoud Ahmad Merhe, da oposição interna, que propunha unificar a oposição. Merhe esteve preso, e quando foi solto esteve impedido de sair da Síria. A sua plataforma eleitoral foi crítica a várias questões internas da Síria, como corrupção e política para os refugiados, além de uma proposta de modificação da Constituição, de exclusão da exigência de o candidato ser islâmico, podendo qualquer cidadão sírio se candidatar. O segundo candidato, Abdallah Salloum Abdullah, de um partido nasserista que integra a coalizão de governo, combatia a corrupção e propunha maiores investimentos para a reconstrução da Síria. O terceiro candidato, Presidente Bashar Al Assad, à reeleição, conduziu o país para vencer a luta contra o terrorismo e reintegrou a maior parte do território nacional.

Os candidatos tiveram o mesmo tempo nos horários da mídia local para a sua campanha eleitoral, que foram utilizadas tanto pelo candidato Merhe quanto pelo candidato Salloum. Bashar Al Assad abriu mão do seu direito de exposição do seu programa de governo, dando prioridade aos outros candidatos.

Apoio massivo da população 

A Síria, massivamente apoiada pela população, que aos poucos tomou consciência deste assalto ao povo e à sua nação, em 2018, venceu política e militarmente a guerra contra o terrorismo internacional, magnificamente combatido por seu exército. A segunda fase da guerra apresentou-se travestida de “Lei de César”, de Donald Trump, pela qual fica sujeito a sanções financeiras e restrições de viagens aos EUA quem fizer negócio com o núcleo do governo sírio. Uma perversa retaliação dos EUA e seus aliados contra a Síria para impor sanções comerciais e econômicas ao país e aos seus parceiros comerciais.

A população síria transformou o pleito em uma grande festa nacional, isso dias antes da eleição ocupando as praças e reafirmando a sua escolha para determinar o destino e futuro do seu país. Este pleito foi acompanhado por inúmeros países observadores e 125 jornalistas estrangeiros, além da imprensa árabe que compareceu em massa para cobrir o pleito.

A participação popular foi intensa nestas eleições e foi necessário prorrogar o horário de votação, encerrado à meia noite de 26 de maio. Na noite de 27, Bashar Al Assad foi proclamado reeleito, com 13.500.000 votos, isto é, 95% dos votos válidos. Mahmud Ahmad Merhe conquistou mais de 500 mil votos, já Abdallah Salloum Abdallah alcançou mais de 200 mil votos.

As cidades e suas praças ficaram repletas e a festa seguiu comemorando a reeleição do presidente que soube conduzir a Síria à vitória militar, em cuja postura a população deposita sua esperança de que o país seja reconstruído com novas conquistas e vitórias a serem alcançadas no campo social e econômico depois de dez anos de ataques à soberania da Síria.

Grandes desafios

Logo, a Síria que esperava ser construída a partir de 2019 para receber novos investimentos para a sua reconstrução, começou a viver um inferno no seu cotidiano com o roubo do seu petróleo, do seu algodão e do seu trigo.

No verão de 2019 a Síria vivenciou incêndios criminosos orquestrados e realizados por milicianos que, ao mesmo tempo, incendiaram grandes extensões de terras agrícolas em todo o cinturão verde de Homs, Safita, Mashta, Tartus, Banias e Lataquia, uma região cuja economia consiste na agricultura familiar que abastece a cesta de alimentos da Síria.

Em outubro de 2019 a Síria enfrenta um novo abalo com a quebra do sistema bancário do Líbano e a impossibilidade de muitos empresários sírios terem acesso às suas reservas depositadas nos bancos libaneses. A lira síria sofre um dos seus maiores colapsos e intensifica-se a crise econômica na Síria.

Em 2020, com a vitória de Joe Biden nos Estados Unidos a Síria tenta contornar os efeitos da maléfica “Lei de César”. Isso resultou em um dólar galopante frente à lira síria, agravados pelos problemas sanitários decorrentes da covid-19. A mudança na política americana foi sentida mediante o apoio americano às células terroristas takfiris ainda remanescentes na Síria, retomando os sequestros, roubos e ataques esporádicos de grupos terroristas em zonas ainda não suficientemente pacificadas.

É, por outro lado, neste clima de crise econômica imposta ao povo sírio por seus inimigos externos que ocorrem as eleições na Síria. O povo sírio vem acompanhando todas as tentativas, pelos governos ocidentais, de deslegitimação do processo eleitoral sírio, como Alemanha e Turquia, e o impedimento da coleta de votos nas embaixadas sírias destes países. Somou-se a isso o lamentável episódio de intolerância e agressão a refugiados ou residentes sírios no Líbano que afluíram massivamente para participar do pleito eleitoral. Bashar Al Assad venceu as eleições no exterior antes ainda de vencer dentro do país.

Nas regiões ainda sob o domínio das Forças Democráticas Sírias (FDS) e da milícia Kassad, muitos preferiram evitar confrontos, e formaram caravanas para votar nas cidades mais próximas, outros foram até o parlamento sírio em Damasco.

Discurso de posse de Bashar Al Assad

Eis o discurso ao povo sírio do Presidente legitimamente reeleito Bashar Al Assad:

Os sírios demonstraram alto senso de patriotismo nesta manifestação constitucional e nas anteriores, transmitindo mensagens claras aos inimigos da naçãoEm cada encontro nacional, seja constitucional ou em defesa da pátria com armas, opinião ou trabalho, vocês mostraram elevado sentimento patriótico e transmitiram a amigos e inimigos mensagens determinadas em cada uma das etapas pelas que estamos passando.

Em nenhum momento durante a guerra faltaram em suas mensagens a eloquência, a sabedoria e a flagrante clareza do seu vocabulário, porém, os adversários e inimigos insistiam em ignorá-los como parte de suas políticas baseadas na negação de sua derrota e do fracasso de suas políticas, isso, além de não reconhecer a degradação de seus princípios e sua moral.

A mensagem do povo sírio na manifestação eleitoral teve estilo e forma diferentes. E também terá resultados e repercussões, pois passará por todas as barreiras e escudos que os inimigos colocaram ao redor de suas mentes para passar do estado de letargia voluntária, em que eles viveram por anos, ao estado de meditação obrigatória sobre o que está acontecendo dentro da Síria.

A minha reeleição pelo povo para servi-lo no próximo período constitucional me é muito honrosa, e o que embasa meu entusiasmo e confiança no futuro é o espírito combativo de que este povo é detentor e sem o qual não podem ser enfrentados os grandes desafios nacionais ou a sua superação após 10 anos de guerra.

Vocês devolveram o brilho e a glória à Revolução, e o que aconteceu não foram simples celebrações, mas sim uma revolução em todos os sentidos da palavra. Saúdo cada indivíduo, família e clã que expressou sua pertença absoluta a seu país e ergueu a bandeira, permaneceu firme na guerra e enfrentou o desafio nas eleições.

Espero que com este espírito de luta, possamos ser capazes de derrotar todos os nossos inimigos, não importa quantas lutas e adversidades enfrentemos … Este espírito é o que precisamos para a próxima fase, que é uma fase de trabalho contínuo, resistência e perseverança.

Digo aos que não puderam votar por causa da pressão ou dos atos de chantagem e agressão contra si: seu voto veio com dupla força, não pelas urnas, mas pela postura.

* Claude Fahd Hajjar é psicóloga e psicanalista. Vice-presidente da Federação das Entidades Árabe-Americanas (Fearab América), escritora e editora do site Oriente Mídia.

Tradução para espanhol, por Beatriz Cannabrava, Diálogos del Sur.

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