Conectado por

fatalidade

Defesa Civil de Minas Gerais nega risco de falta de água em Brumadinho; buscas continuam pelo 7º dia


Compartilhe:

Publicado por

em

Militares israelenses deixam os trabalhos de resgate nesta quinta-feira. Até agora, 99 corpos foram encontrados e 257 pessoas seguem desaparecidas. Tragédia foi provocada pelo rompimento de barragem da Vale em Minas Gerais.

P U B L I C I D A D E

No sétimo dia de buscas às vítimas da tragédia provocada pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, a Defesa Civil negou que há risco de falta de água na cidade. Apesar do alerta de que a população não deve entrar em contato com a água do Rio Paraopeba, atingido pelos rejeitos da barragem, as autoridades negaram nesta quinta-feira (31) que há risco de desabastecimento.

“Não há nenhum indicativo de falta de água”, disse o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador-adjunto da Defesa Civil. No início da manhã, o governo de Minas Gerais orientou a população a manter uma distância de 100 metros da margem. A nota não detalha qual é o risco.

A Vale será responsável pela entrega de água, em qualidade potável, para moradores abaixo do Rio Paraopeba, ainda de acordo com a Defesa Civil.

No meio da tarde, as buscas foram interrompidas para segurança dos militares e de pessoas envolvidas nas operações. O motivo foi a previsão de tempestades na região de Brumadinho, o que não chegou a acontecer. Os trabalhos foram reiniciados por volta das 18h.

Números da tragédia

Dos 99 mortos confirmados até agora, 57 foram identificados. No início da tarde, a Defesa Civil atualizou o número de desaparecidos para 257. Até agora, 395 pessoas foram localizadas. O número de pessoas desalojadas é de 175, segundo o governo de Minas Gerais. 

Biólogo do SOS Mata Atlântica testa a qualidade da água do rio Paraopeba após o estouro da barragem em Brumadinho — Foto: André Penner/AP

A barragem de rejeitos, que ficava na mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, se rompeu na sexta-feira (25). O mar de lama varreu a comunidade local e parte do centro administrativo e do refeitório da Vale. Entre as vítimas, estão pessoas que moravam no entorno e funcionários da mineradora. A vegetação e rios foram atingidos.

Desde sábado (26), não são achados sobreviventes. Para os bombeiros, é muito pequena a possibilidade de achar alguém vivo em meio ao mar de lama.

Buscas

Lama fofa dificulta o trabalho de resgate de vítimas em Brumadinho

Lama fofa dificulta o trabalho de resgate de vítimas em Brumadinho

Neste sétimo dia de buscas, os trabalhos foram retomados por volta das 4h. Pelo menos mais cinco corpos foram localizados pela manhã e encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML).

Em entrevista coletiva no início da tarde, o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, tenente Pedro Aihara, afirmou que o raio de buscas deve ir aumentando – a lama se desloca a 1km/h.

O resgate de corpos, segundo o tenente Aihara, deve se tornar mais fácil, porque eles naturalmente afloram à superfície.

Aihara disse ainda que há mais de 360 militares e 15 aeronaves envolvidas nas buscas desta quinta. Além disso, 40 militares de Santa Catarina e 21 cães chegaram na noite desta quarta-feira (30).

Outros 66 voluntários trabalham no local. Eles fizeram cadastro prévio e estão agindo próximo às áreas quentes, na chamada “zona morta”.

As buscas estão concentradas no refeitório da Vale e na área da pousada, segundo informações do Corpo de Bombeiros. Nesta fase das buscas, um balão é usado para ajudar a monitorar a área atingida pela lama.

Por causa da forte chuva que atingiu Brumadinho na quarta, que chegou a interromper pontualmente os trabalhos de resgate, a lama voltou a ficar mole na região. A lama mais fofa dificulta as buscas pelas vítimas.

Sirene não tocou

Presidente da Vale diz que sirene de barragem não tocou porque foi 'engolfada' pela lama

Presidente da Vale diz que sirene de barragem não tocou porque foi ‘engolfada’ pela lama

Em entrevista coletiva nesta quinta em Brasília, o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou que o rompimento da barragem em Brumadinho foi muito rápido, fazendo com que a sirene de alerta que deveria fosse “engolfada” pela lama.

“Aconteceu um fato que não é muito usual: houve um rompimento muito rápido da barragem”, afirmou o presidente da Vale. “A sirene foi engolfada pela queda da barragem antes que ela pudesse tocar.”

Ele deu a declaração depois de se reunir com procuradores na sede da Procuradoria-Geral da República. De acordo com o executivo, a intenção da empresa é acelerar ao máximo o processo de indenização das vítimas por meio de acordos extrajudiciais.

Já o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, disse que a mineradora deve repassar R$ 80 milhões a Brumadinho ao longo de dois anos, como forma de compensar os impostos que deixam de ser arrecadados.

Luciano Siani diz que Vale montou hospital de campanha para resgate de fauna

Luciano Siani diz que Vale montou hospital de campanha para resgate de fauna

Amostras de DNA

Foram coletadas amostras de DNA de 210 pessoas de 108 famílias para ajudar nos trabalhos de identificação das vítimas, segundo a Polícia Civil de Minas Gerais.

Porta-voz da Polícia Civil, o delegado Luis Carlos Ferreiro afirmou que a metodologia de trabalho do IML mudou. A cada dia, a identificação visual e de digitais se torna mais difícil. Agora, é mais fácil identificação odontológica ou por amostra de DNA.

Na entrevista coletiva do início da tarde, o tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil, foi questionado sobre informação do Movimento de Atingidos por Barragens, que afirma que o número de desaparecidos pode estar sendo “maquiado” – as vítimas seriam, na verdade, 600.

Godinho reiterou que há sete postos para captação de informações e pediu a quem tem parentes desaparecidos que vá a esses locais. Lá, deve haver psicólogos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros. Também deve haver atendimento em relação a direitos trabalhistas e questões jurídicas.

Israelenses deixam trabalho de resgate

Israelenses foram homenageados na manhã desta quinta-feira (31) em Brumadinho — Foto: David Atar, embaixada de Israel

Israelenses foram homenageados na manhã desta quinta-feira (31) em Brumadinho — Foto: David Atar, embaixada de Israel

O grupo havia chegado no domingo (27), com 16 toneladas de equipamentos. Reforços de outros estados devem chegar para ajudar nas buscas.

O tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil, afirmou em entrevista coletiva no início da tarde que não há, neste momento, espaço para “fake news” e desinformação. Ele disse que não houve nenhum desacerto entre as tropas locais e as tropas da ajuda oferecida pelo governo israelense: “Eles nos ensinaram novas formas de atuação”.

Para o tenente Pedro Aihara, porta-voz dos bombeiros, a colaboração com as tropas de Israel foi “bastante positiva”.

Também nesta quinta, técnicos da Vale devem terminar a barreira de contenção no rio Paraopeba para evitar o avanço da lama.

Testemunhas ouvidas

Cinco sobreviventes da tragédia de Brumadinho prestaram depoimento à Polícia Civil

Cinco sobreviventes da tragédia de Brumadinho prestaram depoimento à Polícia Civil

A Policia Civil deve ouvir centenas de pessoas nos próximos dias na investigação para apurar as causas do rompimento da barragem.

Nesta quarta, cinco sobreviventes já foram ouvidos, de acordo com o chefe da polícia, delegado Wagner Pinto.

As testemunhas falaram sobre o local em que estavam durante o desastre, o que viram e ouviram. Ele confirmou também que uma perícia técnica deve ser feita na própria barragem e nos documentos da mineradora.

Médicos e psicólogos para os bombeiros

Cansaço é visível no rosto dos soldados do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais — Foto: Reprodução/TV Globo

Cansaço é visível no rosto dos soldados do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais — Foto: Reprodução/TV Globo

O porta-voz da Polícia Militar, major Flávio Santiago, disse em entrevista coletiva nesta quinta que médicos e psicólogos militares estão acompanhando os bombeiros na chamada “área quente” (onde se concentram as buscas).

Na véspera, o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, tenente Pedro Aihara, tinha explicado que os militares estão sendo submetidos a um rodízio para que possam descansar: “Estão numa lógica de rodízio, mas evidente que pelo tipo de operação e pela demanda que a gente tem é um serviço extenuante”.

Ele comentou: “Têm circulado vídeos que mostram o cansaço físico e a exaustão, mas isso é inerente à nossa própria atividade. Ao final de uma operação como essa, nós saímos desgastados física e psicologicamente, mas, para tudo isso, é feito um acompanhamento”.

Mau cheiro

Nesta quarta, os bombeiros passaram a usar máscaras para conseguir suportar o mau cheiro dos corpos em decomposição.

De acordo com a assessoria de comunicação dos bombeiros, as máscaras de proteção têm dupla função: evitar a inalação de resíduos tóxicos e dos equipamentos que os bombeiros usam nas buscas e, também, que os soldados sintam o mau cheiro tão intensamente.

Doação da Vale

As famílias de vítimas da tragédia vão receber R$ 100 mil da Vale, independentemente de eventuais indenizações. O dinheiro deve estar disponível nos próximos três dias.

As famílias que têm direito à doação devem ir a um dos postos de atendimento criados pela Vale, a Estação de Conhecimento e o Centro Comunitário de Feijão, a partir das 14h desta quinta.

Tropas militares

O major Flávio Santiago, porta-voz da Polícia Militar, disse nesta quinta que 950 policiais militares continuam no terreno fazendo “varredura” e proteção ao patrimônio. O objetivo é proteger o perímetro da chamada “área quente” (onde deve estar concentrado o maior número de vítimas) e garantir a segurança da área rural, que tem 400 km quadrados de extensão.

As tropas só deixarão o local “depois que as condições de segurança voltarem à normalidade”, afirmou Santiago ainda nesta quarta. De acordo com ele, um casal já tinha sido preso em uma tentativa mal sucedida de saque. Não houve nenhum outro registro.

Animais resgatados

 Cão resgatado em lama da Vale em Brumadinho recebe cuidados — Foto: Nathália Bueno/TV Globo

Cão resgatado em lama da Vale em Brumadinho recebe cuidados — Foto: Nathália Bueno/TV Globo

Dezenas de animais já foram retirados da lama e de arredores da área atingida pelo rompimento da barragem em Brumadinho. Cachorros, bovinos, gatos, aves e cavalos recebem os primeiros cuidados após o resgate e são levados para uma fazenda.

Até a tarde desta quinta, equipes do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil, voluntários e as equipes de resgate haviam salvado 57 animais. Entre eles, um cachorro recebeu cuidados de veterinários após chegar sujo de lama. Ele foi amparado e escovado pelas profissionais.

Na fazenda, uma ninhada de gatinhos já descansava em uma gaiola, assim como um cão.

 Filhotes de gatos descansam e recem alimentação após serem resgatados na lama da Vale — Foto: Nathália Caldas/TV Globo

Filhotes de gatos descansam e recem alimentação após serem resgatados na lama da Vale — Foto: Nathália Caldas/TV Globo

Dezenas de passarinhos também estavam acomodados em gaiolas. No curral, um boi resgatado na lama descansava tranquilo.

 Boi resgatado em lama, agora descansa tranquilo em curral — Foto: Nathália Bueno/TV Globo

Boi resgatado em lama, agora descansa tranquilo em curral — Foto: Nathália Bueno/TV Globo

Segundo os responsáveis pelos animais, será feito um banco de imagens para tentar localizar os donos, aqueles que ficarem desamparados devem ser encaminhados para adoção. De todos os animais resgatados, três precisaram ser adotados.

Mais de 20 voos de helicóptero por hora

A Força Aérea Brasileira (FAB) registrou, em média, mais de 20 de voos de helicóptero por hora nas ações de resgate em Brumadinho. O número se refere aos voos realizados entre domingo (27), dia em que a FAB começou a operar um controle de tráfego na região, e esta quarta-feira (30).

Na região, operam helicópteros dos bombeiros, da Polícia Militar de Minas Gerais, do Exército, da Marinha e da FAB.

Os helicópteros têm sido usados para missões como resgate de vítimas, transporte de militares e visualização da área afetada pelo mar de lama liberado após o rompimento da barragem de mineração da Vale.

Ao todo, a FAB registrou 2009 voos de domingo a quarta-feira.

Tragédia em Brumadinho: animação mostra ponto a ponto deslocamento do mar de lama

Tragédia em Brumadinho: animação mostra ponto a ponto deslocamento do mar de lama

 Raio-X da cidade de Brumadinho — Foto: Karina Almeida/G1

Raio-X da cidade de Brumadinho — Foto: Karina Almeida/G1

 Detalhes sobre as barragens da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) — Foto: Juliane Souza/G1

Detalhes sobre as barragens da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG) — Foto: Juliane Souza/G1

Caminho da lama: veja por onde passaram os rejeitos da barragem rompida em Brumadinho (MG) — Foto: Betta Jaworski e Alexandre Mauro/G1

Caminho da lama: veja por onde passaram os rejeitos da barragem rompida em Brumadinho (MG) — Foto: Betta Jaworski e Alexandre Mauro/G1

 Como funcionam as barragens de mineração — Foto: Karina Almeida e Alexandre Mauro/G1

Como funcionam as barragens de mineração — Foto: Karina Almeida e Alexandre Mauro/G1

Clique para comentar

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Nossa webrádio parceira: dj90.com.br