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Medicina

Covid-19: Os antivax podem prejudicar a formação de imunidade de rebanho?


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Durante o ano de 2020, a população mundial esperou por uma vacina que pudesse dar fim à pandemia de Covid-19 e permitir que a vida voltasse ao normal. Nas palavras da Organização Mundial de Saúde (OMS), a “ciência entregou”. Porém, ao mesmo tempo, cresce a quantidade de pessoas que diz não querer tomar o imunizante tão esperado.

P U B L I C I D A D E

O movimento anti-vacina não é muito forte no Brasil. Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Juarez Cunha, se estima que entre 3% a 5% da população seja contra imunizações. Esse grupo, considerado negacionista, não está disposto a dialogar e, muito menos, a mudar de ideia a partir de informações científicas.

No entanto, eles não são suficientes para impactar a construção da imunidade de rebanho – estratégia de saúde pública que evita a circulação do vírus e protege pessoas vulneráveis que não podem ser vacinadas -, o que preocupa os especialistas é a quantidade de indecisos que acabam evitando a vacina por causa de fake news.

“O problema é quem hesita, tem dúvida. A desinformação contamina essa parcela da população. Nosso receio é que esse grupo esteja aumentando pela circulação de fake news sobre vacinas, que cresceu 60% desde o inicio da pandemia”, explica.

Segundo levantamento do Datafolha, em agosto, 89% da população queria se vacinar contra a Covid-19. Em novembro, esses valores caíram para 73%. Até a vacina chegar, Cunha teme que o percentual diminua ainda mais. E, apesar dos memes na internet fazerem graça de quem não pretende se imunizar, os indecisos podem sim colocar em risco a imunidade de rebanho.

O presidente da Sbim calcula que será necessário imunizar pelo menos 70% da população para alcançar um patamar seguro. O plano de imunização do Governo Federal prevê vacinação de cerca de 50% dos brasileiros até o final de 2021.

“Vamos precisar de altas coberturas vacinais para diminuir a circulação do vírus e a chance de as pessoas morrerem. Não é uma decisão individual, é coletiva. Essa porcentagem é bem elevada, e quanto menor a adesão, mais difícil será alcancá-la”, explica.

De acordo com Cunha, existe a possibilidade de erradicar a Covid-19, mas é preciso que a população participe da campanha e vá ao posto de saúde se vacinar. “A proteção coletiva sempre foi uma estratégia que deu muito certo para várias outras doenças. As vacinas são exemplo de como a decisão individual impacta no coletivo”, diz.

Obrigar resolve?

Na última quinta-feira (17/12), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, que as pessoas que não tomarem a vacina sofrerão punições e medidas restritivas a serem definidas por estados e municípios.

A imunização será compulsória, mas não forçada: o cidadão pode não se vacinar, mas terá que assumir o custo de restrição de direitos como, por exemplo, o de matricular os filhos na escola ou de receber um benefício social.

De toda forma, os especialistas não são a favor de obrigar a população a se vacinar. O presidente da Sbim conta que a melhor estratégia é mostrar dados e informações sobre a doença, os riscos e os benefícios da imunização e confiar que as pessoas tomarão a decisão embasadas em fatos científicos.

Porém, para isso, é necessário que a população confie na fonte de informação. Com mensagens contraditórias vindas do Governo Federal, dos profissionais de saúde e das entidades científicas, o brasileiro não sabe o que seguir e acaba acreditando nas fake news que chegam na tela do celular.

“Para revertermos esse quadro de diminuição na intenção de se vacinar, precisamos todos falar a mesma língua. Se conseguirmos que todos os atores mandem a mesma mensagem, fica mais fácil. Enquanto isso não acontece, há mais desinformação e o número de indecisos cresce”, lamenta.

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