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Direto de Brasília

Convidados cobram respeito à Declaração dos Direitos Humanos


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Ativistas denunciaram que o Brasil vive tempos difíceis com o fortalecimento do discurso contra a proteção das minorias, dos trabalhadores e dos mais pobres. Eles participaram nesta segunda-feira (10) de uma audiência na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) para marcar os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.

P U B L I C I D A D E

Segundo alguns dos convidados, uma narrativa está sendo construída para desqualificar o ativismo, induzindo as pessoas ao erro.

— Enfrentamos agora o crescimento de setores atrasados e sem compromisso com os direitos do povo. Parece haver o interesse central de se desmontar as defesas dos direitos humanos. Temos que aproveitar a data para lembrar as violações que ainda acontecem aqui. O governo eleito diz que tem direitos humanos demais. Mas, não. O que existe na verdade é a falta de direitos, inclusive os relativos à educação e à saúde — afirmou o professor da Universidade de Brasília, Fábio Félix.

Defensor dos direitos da população LGBT, o professor, que se elegeu deputado distrital pelo Psol-DF, afirmou ainda que teve medo durante a campanha eleitoral.

— Os discursos de ódio e intolerância na política ativam uma série de gatilhos. Durante esse processo eleitoral eu tive medo de andar na rua. E isso não é “mi-mi-mi”, é verdade e é muito grave. Esses discursos de ódio não podem ser propagados com tanta força. Acredito na população brasileira. Essa audiência é importante para reforçar a necessidade de politicas de Estado que estimulem o respeito.

A presidente da CDH, senadora Regina Souza (PT-PI), concordou. Segundo ela, esse discurso equivocado é também o responsável por espalhar a falsa ideia de que direitos humanos existem para defender bandidos.

— Ainda precisamos ler e reler a declaração para que as pessoas fiquem informadas. E deveria ser tema de estudo na educação básica. Neste meu mandato à frente da CDH, tentamos esclarecer muitas visões errôneas. Demos voz aos invisíveis da sociedade e emudecidos pelos poderosos.

Generais

O jornalista e ativista dos direitos humanos Luiz Claudio Cunha fez duras críticas ao futuro governo Bolsonaro. Segundo ele, nem no regime militar instaurado a partir de 1964, houve tantos generais nomeados pelos presidentes.

— Naquela época, os generais tomaram o poder pela força, agora pelo voto popular. Esse é o paradoxo. Nenhuma grande democracia no mundo dá tantos poderes aos generais. Nem os cinco presidentes militares pós-64. O novo governo terá nove militares em postos-chave dos ministérios.

Declaração

Proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos surgiu no período pós-Segunda Guerra, num mundo ainda abalado pela violência do conflito. O documento tem 30 artigos que  balizam legislações internas dos países e constituições, inclusive a brasileira. O artigo primeiro diz, por exemplo, que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.

Desde sua proclamação, o texto já foi traduzido em mais de 500 idiomas, sendo considerado o documento mais traduzido no mundo.

Religiões

A pastora Romi Márcia Bencke, secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, alertou que o Brasil atravessa um período de “fundamentalismo religioso”. Ela disse que as religiões precisam se atualizar para garantir a promoção dos direitos humanos.

— É necessário repensar nossas doutrinas e nossos dogmas. Não é possível aceitar que pessoas sejam mortas, excluídas e violentadas em nome da fé. A autocrítica é fundamental e essencial para recuperar o real sentido da nossa função. As tradições de fé foram muito importantes no processo de redemocratização do Brasil. Temos um papel histórico e um compromisso inalienável e indiscutível de atualizar a pauta dos direitos humanos. A agenda moral não pode se impor ao nosso compromisso essencial, que é o fortalecimento de uma cultura de paz e de ações não violentas.

A presidente da CDH, senadora Regina Souza (PT-PI), dedicou a audiência pública ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba (PR). O senador Paulo Paim (RS-PT) lamentou que a Justiça tenha negado nesta segunda-feira a visita de 13 parlamentares da comissão ao ex-presidente, que ele classificou como preso político.

— O que tem de mais uma comissão visitar o presidente? Já fizemos isso há um tempo atrás. Qual o problema de, no encerramento da legislatura, fazermos uma visita? É um gesto truculento que não dá para medir. Mesmo na época do apartheid, saímos daqui e fomos visitar o Nelson Mandela. Mas, aqui no Brasil, é proibido que um grupo de senadores visite um preso político.

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