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Contra a economia verde: Amazônia não se vende


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Caciques e lideranças indígenas do estado do Acre e Sul do estado do Amazonas denunciam mais uma vez o mal uso dos recursos provenientes do governo da Alemanha e do estado da Califôrnia, Estados Unidos, por meio de contratos entre estes governos e o governo do estado do Acre. Há muito as lideranças vem denunciando que, apesar desses recursos serem obtidos em nome dos povos indígenas, os mesmos não tem chegado às comunidades e que apenas algumas pessoas e ONGs tem se beneficiado.

P U B L I C I D A D E

Desta vez, os indígenas exigem que os convênios sejam imediatamente suspensos. A carta foi enviada diretamente para os governos da Alemanha e do estado da Califórnia.

Recentemente houve na Colômbia, departamento de Caquetá, cidade de Florencia,  a reunião da  Força-Tarefa GCF 2019 dos governadores. Evento que reuniu defensores da mercantilização e financeirização da natureza. Os que se beneficiam com os convênios naturalmente também se fizeram presentes em franco desrespeito às vontades e decisões dos caciques e lideranças indígenas. A carta, portanto, é a um só tempo, uma carta de denúncia do mau uso dos recursos e do uso indevido dos nomes dos povos indígenas. 

Carta dos Povos Indígenas do Acre e Sul do Amazonas sem Terra Demarcada Para os governos que apoiam projetos de mercantilização da natureza no estado do Acre e Sul do Amazonas.

Nós caciques e lideranças dos povos: Apurinã, Apolima-Arara, Jamamadi, Jaminawa, Huni Kui, Madihá, Manshineri e Nukini, reunidos no segundo encontro dos povos sem terra demarcada, vimos informar que o Governo do Acre vem recebendo milhões em nome dos Povos Indígenas pelo Programa REDD e Pagamento por Serviços Ambientais através de Contratos entre os governos da Alemanha e Califórnia/EUA, sendo que poucos Povos tem se beneficiado. A política implementada com estes recursos chegou a algumas comunidades através de terceiros contemplando uma minoria da população gerando conflitos entre os povos e o Movimento Indígena.

Diante do exposto solicitamos que os governos da Alemanha e Califórnia de imediato suspenda estes contratos e agende uma reunião com as lideranças abaixo assinado e outros povos não representados no momento, com a finalidade de sermos ouvidos e esclarecidos sobre os investimentos dos recursos repassados ao estado do Acre destinado aos Povos Indígenas.

Assinaturas em anexo: 

Ilson Silvestre Souza Nukini; Francisco Saldanha Jaminawa; Ocirlene Batista de Araújo; Francisco Siqueira Arara; José Souza da Silva Jamamadi; Lauro N. S Jaminawa; Antônio Aurora J.; Alan Resibeiro Jorge; Jacinto Eridio da Silva; José Kulina; Francisco da Silva Apurinã; José Pequeno da Silva; Marina Martins; Maria Estefânia Rodrigues de Souza Kaxinawá; Valcenir Mateus Kaxinawá; Rociclei Souza da Silva Apurinã; Rosângela Conceição dos Santos; Arimar Correia da Silva; Ninawá Inu Txupani Nunes Huni Kui; Letícia L. Yawanawa

Também na Colômbia, indígenas e defensores da Amazônia se manifestaram contra a mercantilização e financeirização da natureza numa clara demonstração de que a natureza não se vende. Veja o documento final.

Contra a economia verde: Amazônia não se vende

Comunidades, cidades e defensores da Amazon nos encontramos em Florença, Caqueta, os dias 30 abril e 1 de maio, em “Mambeando e tecendo através da Amazon” um espaço conduzido pelo Fórum Social Pan-Amazônico. Convocada pela convicção de que a Amazon é a vida não está à venda, e que todos são responsáveis ??por proteger a soberania com, autonomia e identidade de nossos povos, podemos confirmar que:

A Amazônia é uma integral ser dependente de muitas formas de vida. É selva, não o conceito Floresta simplificado imposta pela colonização européia que começou sua objetivação com que as ondas levaram à exploração: borracha, como, ciclos de petróleo e agora a vida para a vida, como tem sido o caso com água e oxigénio. Este tem historicamente significou a destruição e empobrecimento dos povos indígenas e comunidades locais.

Atualmente, a mercantilização da vida se aprofunda sob as premissas da economia e programas verde como Redução de Emissões por Desmatamento Evitado e Degradação REED +, esquemas de pagamento para PSA serviços ambiental e chamada compensação ambiental; conduzido na agenda de Clima e Florestas dos Governadores Cúpula do Grupo de Trabalho Mundial (GCF Task Force-por sua sigla em Inglês). Estes esquemas têm as funções de natureza como serviços, Eles procuram facilitar a compra e venda, acumulação de geração em mãos humanas, já que a natureza nunca recebem um pagamento monetário.

Ao aplicar esses mecanismos das transferências do Estado colombiano para entidades privadas e / ou terceiros a sua responsabilidade de proteger a Amazônia e ignorando os direitos da natureza; enquanto que viola os direitos dos povos e comunidades, como tem acontecido com consulta prévia ou exercer próprias autoridades ambientais em territórios indígenas. Estas intervenções que o manifesto caráter multiétnico e multicultural é desconhecida na Constituição, mesmo que eles põem em perigo as comunidades que decidiram estar em isolamento voluntário.

Estas falsas soluções para a crise climática são caracterizadas por múltiplas contradições: Eles são apresentados como benefícios para as pessoas, mas sem a sua participação plena e legítima, como está acontecendo no contexto desta cimeira. Muito do seu financiamento vem de indústrias, tais como mineração e petróleo, responsáveis ??pela mudança climática, que pretendem limpar sua imagem, Eles mantêm um determinado espaço enquanto destrói vastas áreas em outros lugares. A Amazônia colombiana auxilia seus mais altos níveis de desmatamento em anos, enquanto o governo e outros agentes recebem milhares de milhões para programas como o Amazon Visão- buscando inicialmente reduzido a desmatamento zero nesta área.

Por todas estas razões que apelar para as pessoas comprometidas com a Amazon para promover a reconciliação entre os seres humanos ea natureza, não se envolver e rejeitar as propostas da economia verde como REED, PSA o compensação ambiental. Hoje estamos testemunhando como outros modelos de conservação estrangeira, tais como áreas protegidas, resultando na expulsão forçada dos seus habitantes.

Convidamos Unit, mobilizar e fortalecer os laços espirituais que temos com a mãe floresta e construir coletivamente propostas para a governação em território amazônico, repensar o sistema de lógica, educação e própria economia, permitindo que a paz, existência digna e boa vida.

Pela vida, Defendemos a Amazônia!

Florencia, Caqueta
Primeiro de maio de 2019

AUTOR:  Lideranças indígenas do Acre e Sul do Amazonas

FONTE: Blog do Lindomar Padilha

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